Copa do Mundo Feminina: a virada do jogo nas empresas
Giovanna Chencci e André Nakasone
A participação brasileira na Copa do Mundo de Futebol Feminino se encerrou nas oitavas de final, no dia 23 de junho. Mas durante toda a atuação das jogadoras do Brasil na competição, algumas empresas realizaram ações para que seus funcionários não perdessem os principais lances das partidas.
Em geral, as companhias que se engajaram adotaram as mesmas ações internas da Copa masculina de 2018. É uma virada de chave. Se até pouco tempo atrás grande parte das pessoas sequer sabia que havia uma Copa do Mundo feminina acontecendo, a oitava edição mostrou-se diferente. Um dos motivos foi a transmissão inédita dos jogos na TV Globo, pelo potencial de visibilidade da maior emissora do país. Estima-se que, no domingo, dia 23, mais de 30 milhões de telespectadores assistiram à derrota da seleção brasileira para as anfitriãs francesas.
Tal mudança tem a ver com as próprias transformações da sociedade. O debate sobre direitos das mulheres e desigualdades de gênero, inclusive no esporte, nunca foi tão grande. As empresas estão atentas a esse movimento e começaram a entender a importância de incluir as mulheres nos esportes. Assim, durante a Copa feminina, além de desenvolver com seus funcionários ações de engajamento com os jogos da seleção, as empresas tiveram a chance de discutir questões relacionadas à equidade de gênero.
Na Bayer, por exemplo, salas e auditórios das unidades da empresa em todo o Brasil foram reservados para que os jogos pudessem ser exibidos aos seus funcionários, que tiveram ainda comidas e bebidas à disposição. Antes das partidas, houve encontros para falar sobre visibilidade no esporte para mulheres, com participação das jogadoras do time de futebol da empresa. Essa foi uma iniciativa da equipe de Recursos Humanos, das jogadoras do time de futebol da Bayer e do All In, grupo responsável por ações de equidade de gênero e que integra o Comitê da Diversidade na empresa.
A diretora de Farmacovigilância da Bayer, Cibele Rudge, líder do All In, diz que esse foi um passo muito importante em prol da diversidade na empresa: “Sempre que tivermos a oportunidade de mudar um comportamento em busca da equidade de gênero, vamos discutir e trazer para a realidade da Bayer. Nós queremos estimular os questionamentos sociais e pôr em prática algumas ações que podem fazer a diferença na mudança de comportamentos culturais”.
Além da transmissão dos jogos da Seleção Brasileira, algumas empresas ainda investiram em ações de comunicação para envolver todos os funcionários em torno da competição. Esse foi o caso da SAP, que criou uma campanha com e-mails, convites na agenda e vinhetas na TV interna para incentivar a participação dos profissionais da empresa em torno das partidas das brasileiras.
Luciana Coen, diretora de Comunicação Integrada e Responsabilidade Social da SAP Brasil, afirma que “a ação é exatamente igual à realizada em jogos do Brasil que caíram em dias úteis, na Copa do Mundo do ano passado”. Para os momentos dos jogos, o escritório da empresa, em São Paulo, recebeu uma decoração especial e todos os funcionários puderam torcer utilizando acessórios e bandeiras. Assim como na Bayer, também foram servidas comidas e bebidas a todos os que acompanharam os jogos.
A Avon, que está sempre envolvida com o movimento global de empoderamento feminino, além de disponibilizar TVs com a transmissão dos jogos em pontos estratégicos da empresa, também liberou os profissionais que quisessem assistir em casa. Como resultado, a empresa teve um feedback muito positivo dos funcionários, que se engajaram na ação e passaram a decorar os espaços de trabalho e a se vestir de verde e amarelo nos dias das partidas. “Esta é a primeira vez que demos este destaque à Copa do Mundo Feminina, mas a Avon já patrocinou, no Brasil e na Inglaterra, times femininos de futebol, porque entendemos que o esporte é um dos espaços em que devemos entrar em campo ao lado das mulheres”, afirma Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon.
Já o Grupo Boticário criou a campanha #ComVocêEuJogoMelhor, um movimento que reuniu 150 empresas para falar sobre a diversidade, usando como gancho a competição feminina de futebol. Essa foi uma forma de dar também mais visibilidade às jogadoras brasileiras, a partir de iniciativas que incentivaram o público a acompanhar os jogos. A ideia foi criar uma plataforma online para que atuasse como um ambiente de aprendizado para as mais de 140 mil pessoas envolvidas, além de atrair um maior apoio de patrocinadores para a equipe. Empresas como Unilever, Roche, Merck e Sicredi, e agências como CDI Comunicação, Ação Integrada e Supera Comunicação, todas associadas à Aberje, aderiram à campanha.
Outras empresas também desenvolveram ações durante os jogos do Brasil na Copa do Mundo de Futebol Feminino, como Unisys, Souza Cruz, Netlife, Votorantim Cimentos, Henkel, Suzano, BRK Ambiental, Textual, BR Distribuidora, Enel, Sodexo e White Martins.
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