27 de fevereiro de 2023
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Sustentabilidade e ESG: Transversais e multidisciplinares

 

A sustentabilidade é um termo que começou a ser usado a partir do conceito de desenvolvimento sustentável que, segundo o Relatório Brundtland, Nosso Futuro Comum (1987), é o “desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem às suas próprias necessidades”. Já o termo ESG surgiu oficialmente em 2004, na publicação “Who Cares Wins”, que trouxe uma série de recomendações com intuito de melhorar a integração dos aspectos ambientais, sociais e de governança nas análises financeiras, na gestão de ativos e de seguros.

Desde 2020 vivemos uma alta no mercado desses dois termos, sustentabilidade e ESG, muitas notícias foram veiculadas sobre investidores cobrando empresas, dizendo que subiriam a régua de critérios para investimentos. As empresas começaram a buscar profissionais especialistas para suprir essa necessidade e, apesar desses profissionais existirem, não eram em número suficiente para atender a toda a demanda que estava sendo criada. Alguns profissionais, percebendo que sempre gostaram de sustentabilidade e ESG, mas nunca tiveram a chance ou a coragem de se dedicar ao tema, iniciaram uma busca por conhecimento e, principalmente, capacitação. As instituições de ensino, percebendo esse movimento, começaram a estruturar e lançar cursos sobre sustentabilidade e ESG, sob as mais diversas óticas empresariais e com diferentes níveis de qualidade.

Essa pequena linha de raciocínio nos leva a pensar que, com a oportunidade surgindo, muitos profissionais de diferentes áreas migraram para a sustentabilidade e o ESG. Isso realmente aconteceu, mas essas áreas sempre foram ou deveriam ser compostas por profissionais multidisciplinares. Como os temas trabalhados envolvem diversas questões, por exemplo uma gestão ambiental eficiente, o desenvolvimento de ações de responsabilidade social, gerenciamento de indicadores de desempenho dos mais variados, estruturação de comitês e políticas, além de reporte ao mercado de todo esse arcabouço de informações diferentes, o envolvimento destes profissionais diversos é visto com bons olhos.

Em pesquisa da ABRAPS (2017), os profissionais de sustentabilidade foram questionados sobre suas formações e o resultado mostrou que Gestão Ambiental (14%), Engenharia (13%), Administração (12%), Ciências Biológicas (11%) e Propaganda/Marketing (8%) foram as principais encontradas, porém, existe uma gama ainda maior de outras formações. Isso reforça o perfil multidisciplinar da sustentabilidade. Nessa mesma pesquisa, nas empresas que possuem uma área de sustentabilidade, essa área está alocada no RH (15%), Marketing (13%), Relações Institucionais (11%) e Comunicação (9%). Porém, com os movimentos de mercado, fica cada vez mais clara a necessidade de posicionar a área de forma estratégica e independente das demais para conferir autonomia e caráter transversal de atuação. Quanto mais próxima do CEO a área estiver no organograma, mais estes objetivos serão atingidos.

Os dados apresentados pela pesquisa nos mostram que a sustentabilidade e o ESG podem ser trabalhados por perspectivas diferentes e, como tratam de assuntos diversos, devem efetivamente ser trabalhados dessa forma. São agendas coletivas, não competitivas, e de responsabilidade de todos dentro de uma organização, mas, que se trabalhadas de forma isolada, não trarão todos os benefícios potenciais esperados.

Dessa forma, os profissionais envolvidos podem até ser especialistas em alguns temas, mas precisam desenvolver uma visão generalista para realizar suas atividades de forma completa. Além disso, precisam ter ou buscar conhecimento sobre o modelo de negócio que estão inseridos, para que consigam ser efetivos em suas atuações e maximizar a geração de valor compartilhado para as organizações.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Eduardo Galeskas

Graduado em Ciências Biológicas pela USC, Especialista em Gestão Pública e de Pessoas pela Fundación Botín, Especialista em Gestão Ambiental pela UFSCar e Pós-graduado em Estratégia Empresarial pela Saint Paul Escola de Negócios. Trabalha há mais de 12 anos com sustentabilidade, atuando em desenvolvimento de estratégia, alinhamento aos ODS, responsabilidade social corporativa, mensuração de impacto social e ambiental, reporte à instrumentos de mercado (CDP, ISE, entre outros), engajamento de stakeholders e estudos de materialidade, definição e estruturação de indicadores e desenvolvimento de relatórios de sustentabilidade. Atualmente é gerente ESG na Mitre Realty, construtora e incorporadora atuante na cidade de São Paulo.

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