Conferência Anual da Page Society aborda adaptação digital; confira insights

Evento aconteceu entre os dias 2 e 4 de dezembro e contou com a participação de Hamilton dos Santos, diretor Geral da Aberje

A Conferência Anual da Page é um evento exclusivo a convidados e reúne, todo ano, cerca de 100 membros da Page Society (principal associação de líderes em comunicação e relações públicas estadunidense) por três dias. O evento, que ocorre desde 2013, é considerado o mais importante de comunicação empresarial dos Estados Unidos. Em 2020, a conferência aconteceu entre os dias 2 e 4 de dezembro, excepcionalmente em formato online. Hamilton dos Santos, diretor-geral da Aberje e membro da Page Up (grupo de comunicadores sêniores da entidade), esteve presente na conferência.

Com recorde de participantes em 2020, o evento teve como um dos temas abordados a adaptação à vida digital que o ano impôs a todos. Veja os principais insights da conferência:

Dia 1

• Dados e contexto juntos são a resposta para eliminar o ruído de uma paisagem de mídia polarizada.
• O público tem um apetite aumentado para consumir dados, olhando para gráficos e tabelas em vez de longos artigos; as pessoas querem aplicar seus próprios filtros para receber resultados significativos para elas.
• Ainda no tema dados e filtros: mais organizações vêm postando rastreadores para diferentes tópicos, desde a eleição nos Estados Unidos até as estatísticas da Covid-19, que permitem aos leitores classificar em uma variedade de pontos.
• Porém, os dados por si só não são suficientes: os líderes que comunicam tendências baseadas em dados precisam ser capazes de explicar facilmente a razão por trás da pesquisa e fornecer transparência quanto a quem a está financiando.
• Os comunicadores também devem pressionar suas organizações a abordar questões sociais, usando dados para conduzir discussões com o público.
• Rastrear a confiança e a desconfiança permitirá que você conheça toda a história.
• Os membros da Page Up devem aconselhar suas organizações sobre como distinguir entre “produtores de notícias” (organizações de notícias tradicionais) e “portadores de notícias” (feeds de mídia social).
• Os profissionais de comunicação e PR devem estar atentos ao fato de que as redações foram duramente atingidas pela Covid-19 com a queda nas receitas, colocando ainda mais pressão sobre a equipe e os produtos finais (Amy Mitchell, Diretora Sênior de Pesquisa em Jornalismo do Pew Research Center).
• A desinformação vem em todas as formas.
• As redes sociais têm feito um bom trabalho ao colocar câmeras em lugares onde antes não seria possível, capacitando todos a relatar as “notícias”.
• O público precisa ter uma abordagem de “perigo: estranho” para as notícias, sabendo o que está sendo apresentado – e por quem – e se é ou não uma fonte confiável.

Dia 2

• Gina Judge, da PepsiCo, e Gabrielle Poshadlo, da Bedrock, ganharam o Page Up Innovation Award deste ano por ir além dos limites e impulsionar o progresso em resposta aos desafios da Covid-19 em suas respectivas organizações e em nossa profissão.
• Algumas lições de 2020 para levar até 2021:
• devemos colocar as pessoas em primeiro lugar, e tudo o mais, incluindo lucros, virá em seguida;
• terminar o ano com gentileza e competência e levar essa mentalidade para 2021;
• tenha um coração puro, mas uma casca grossa; lidere com sua cabeça e coração;
• viva uma vida de gratidão.
• Há muitas oportunidades nos desafios de uma crise se você mantiver sua perspectiva (Frank X. Shaw, vice-presidente de comunicações corporativas da Microsoft)
• Os desafios podem realmente gerar melhores resultados. Trocar eventos de grande porte por virtuais significa que uma conexão mais humana pode ser feita. As pessoas no palco não são necessariamente acessíveis, mas quando você está na casa de alguém, tem um acesso incrível a essa pessoa.
• Nossa mentalidade deve ser “aqui está o que aprendi e aqui está o que faço de maneira diferente agora”.
• A escala está se tornando um desafio. A proliferação de canais de comunicação cria, inversamente, o desafio de alcançar escala em uma paisagem fragmentada.
• Também há oportunidades com os profissionais de comunicação sendo trazidos para diferentes partes da organização e as responsabilidades crescendo enquanto o cargo permanece o mesmo.
• Não é a sua opinião que vale, é a sua perspectiva (Shaw).
• A cultura do cancelamento, sofrendo com um vácuo de contexto, tem potencial para prejudicar pessoas, empresas, marcas etc., quando aqueles que não estão bem informados, mesmo que suas intenções sejam boas, cobram acusações e decretam a pena de uma só vez.
• Os membros da Page Up podem aprender que a especificidade é o caminho para a iluminação; ou seja, faça argumentos específicos para ações específicas (menos chavões, mais comentários direcionados a um momento / ação específica) para combater a cultura do cancelamento.
• Sem nunca esquecer que não é possível ter contexto com a velocidade/tempo que impulsiona a conjectura. A necessidade de responder rapidamente precisa ser equilibrada com a necessidade de responder com reflexão.
• Business Meeting Anual da Page Up: A Page Up começou a compartilhar as principais lições acionáveis de nossas ligações do Think Thursday com toda a nossa comunidade para que possamos aprender uns com os outros, mesmo que não tenhamos conseguido comparecer às ligações.
• Novos membros do Comitê Operacional foram confirmados e convocados para uma votação virtual em que todos os indicados foram aprovados. São eles:
  • Sarah Campbell Donia, Royal Philips
  • Hamilton dos Santos, Aberje
  • Rita Men, University of Florida
  • Yanique Woodall, The Home Depot

Dia 3

• Covid-19: o que não era esperado? Que as legislaturas se moveriam tão rapidamente.
• Embora as leis e regulamentos geralmente “se movam na velocidade de uma geleira com tranquilizante”, os governos estaduais (dos EUA) colocaram de lado as diferenças partidárias para mudar rapidamente as leis e requisitos de certificação para permitir que mais pessoas ingressem no sistema de saúde.
• Os membros precisam orientar suas organizações sobre como trabalhar com pessoas com as quais fundamentalmente não concordam, em vez de apenas alcançar aqueles com pontos de vista comuns. Talvez uma mudança geracional esteja ocorrendo: mais da metade dos novos voluntários da Cruz Vermelha são millennials e da Geração Z, um público para o qual a agência de ajuda global mudou sua estratégia.
• A equipe de comunicação não é um escudo que protege uma empresa de não fazer a coisa certa.
• Portanto, a sociedade deve estar atenta ao impacto psicológico quando dezenas de milhões de pessoas perdem seus empregos de uma vez.
• O modelo da lucratividade do acionista como primeira prioridade está sendo desafiado e o capitalismo das partes interessadas (stakeholder capitalism) está em ascensão. A conversa pública está mudando o foco e perguntando como os sistemas podem funcionar para todos os negócios, grandes e pequenos, em vez de apenas para Wall Street.
• PR não significa apenas relações públicas, mas também priorização de relacionamentos.
• As equipes integradas são mais adequadas para tratar de problemas importantes, agilizar rapidamente e operar com prazos apertados. Os membros devem aproveitar o papel de liderança que conquistaram e continuar esse impulso em 2021. Se 2019 foi o ano do propósito, 2020 foi o ano de viver isso.
• Nosso público continuará a abraçar as narrativas (storytelling), pois é assim que as pessoas querem se conectar: é menos uma questão sobre o que você vende, e mais sobre quem você é, com palavras e ações que têm consequências para sua marca.

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