28 de janeiro de 2020

2020 já começou e precisamos agir

Por Sandro Rego

Todo início de ano é assim. Seguimos a tradição e fazemos resoluções de tudo aquilo que pretendemos alcançar no novo ano. Muitas das vezes abandonamos ou esquecemos, ainda no primeiro trimestre, da lista de atividades e mudanças que nos comprometemos. Geralmente isso acontece por falta de planejamento adequado, porque as metas que projetamos são absurdas e quase impossíveis de serem cumpridas, ou porque relaxamos e procrastinamos mesmo. Esse é o tempo também de ficarmos ligados nas tendências do mercado. São várias as listas. Muitas baseadas em achismos do mercado, sem qualquer embasamento, ou aquelas que realmente iluminam o caminho que vamos percorrer. A intenção é apresentar, sob meu ponto de vista do mercado de comunicação português, o que podemos esperar para o ano que começa.

Como não é novidade para ninguém, a área de comunicação continuará passando por profunda transformação. Em Portugal esse movimento é cada vez mais intenso. Caso queiram fortalecer sua imagem, fidelizar os atuais clientes e conquistar novos, as empresas precisarão, cada vez mais, antecipar-se aos fatos. O foco do novo ano estará nas marcas, seja de produto ou institucionais.

Para o novo ano, listo três pontos fundamentais que terão ainda mais relevância em 2020 por aqui: 1) A necessidade de empresas e seus executivos assumirem uma posição relativa aos temas sociais; 2) A adoção de causas coerentes com o negócio para a construção e fortalecimento de marca e, por fim, 3) Redobrar a atenção com as fake news.

“Efeito Greta” – As empresas e seus principais executivos deverão assumir uma posição relacionada às questões sociais e tornarem-se ativistas, de fato. As marcas deverão definir qual a sua visão e qual o comprometimento sobre as questões relacionadas com o meio ambiente e a sustentabilidade mais intensamente. O discurso precisa ser coerente com a prática e medidas concretas – da mudança de embalagens até a adoção de novos modais logísticos – precisarão ser apresentadas para a sociedade. E não só de sua operação, mas de toda cadeia relacionada à produção. Os consumidores ficarão ainda mais atentos aos que as empresas estão, de fato, realizando e comunicando sobre o assunto. A neutralidade de posicionamento não vai contribuir para o negócio.

Impacto social – As empresas precisam identificar, assumir e praticar o seu propósito. Aquelas que ainda não fizeram esse exercício ou ainda não o identificaram, ficarão pelo caminho. Os profissionais de comunicação devem desempenhar um papel de liderança nessa questão. É importante que as empresas tenham ações coerentes e alinhadas com sua estratégia e propósito e que apresentem a contribuição que a organização faz para a sociedade. Vale destacar que marcas com o engajamento social legítimo são mais valorizadas do que aquelas que não têm. Pesquisas mostram que consumidores da geração Y e millennials estão dispostos a gastar mais em um produto se for de uma marca sustentável e que façam declarações públicas de suas ações de cidadania corporativa. Além da alta direção e principais executivos, as áreas de Recursos Humanos podem ser grandes aliadas nesse processo tendo em vista que o movimento beneficiará toda a organização e seus stakeholders.

Deepfakes – Os profissionais de comunicação devem ter uma atitude mais vigilante em relação ao aumento das notícias falsas e outras formas de desinformação este ano. A tendência é que cada vez mais organizações sejam afetadas pelas fake news em 2020. Então é a hora de desenvolver ou fortalecer sistemas ou ferramentas para identificar e responder às notícias falsas com o menor tempo possível. O objetivo aqui é minimizar as situações de crise. E em 2020 os vídeos de deepfake representam as novas ameaças à reputação corporativa. As ferramentas de edição de vídeo gratuitas ou de baixo custo para produzir as falsificações estão se tornando amplamente disponíveis. Vale destacar que a proliferação de fakenews e deepfakes não afetam somente o debate político, social e cultural. Este ano a tendência é que aumente também a incidência de casos que podem afetar as reputações de organizações, dos seus executivos e das marcas.

Lembre-se de que as tendências não significam nada se você não as usar para melhorar o que você faz e, consequentemente, a sociedade e o mundo em que vivemos. Portanto, reflita sobre essas tendências, leve-as para suas equipas, compartilhe, discuta e conspire, sempre. Mas acima de tudo é hora de agir. Que 2020 seja um ano sensacional para todos e que a área de comunicação ganhe ainda mais relevância no mercado português.

Sandro Rego é CEO da Priori, agência de comunicação em Portugal dedicada a causas e projetos de impacto social. Foi general manager da FleishmanHillard e executivo de Comunicação do Banco Safra, Grupo Boticário, Bunge e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Foi eleito Comunicador do Ano no Prêmio Aberje 2014. Atualmente vive em Portugal e é o editor da seção “Also in Portuguese” da BRpr.

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