17 de abril de 2023

Diretor da Aberje entrevista professor escocês sobre legado de Adam Smith para jornal O Globo

“Smith defende o mercado na medida em que serve para melhorar a situação do pobre, não do rico”, afirma Craig Smith, curador das festividades que celebram 300 anos de nascimento do autor de “A riqueza das nações”
Adam Smith

Este ano são comemorados os 300 anos de nascimento do filósofo Adam Smith (1723 – 1790), autor do clássico “A Riqueza das Nações”. O assunto foi tema de entrevista publicada no jornal O Globo no dia 15 de abril, feita pelo diretor-executivo da Aberje e doutor em filosofia, Hamilton dos Santos, com o professor Craig Smith, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade de Glasgow, responsável pelas celebrações oficiais marcadas para ocorrerem de 5 a 10 de junho em diversos países.

Na entrevista, o professor comenta sobre a deturpação histórica em torno do filósofo que o associaram a um capitalismo selvagem. Ao contrário dessa caricatura, o “verdadeiro Smith” reflete sobre moral, arte e linguagem e argumenta que o “comércio não pode ser pensado unicamente na base do interesse particular, assim como a moralidade não pode ser pensada somente com base na empatia. O que Smith tenta fazer nesses seus dois grandes livros [“Teoria dos sentimentos morais” e “A riqueza das nações”] é nos mostrar como e quando as fronteiras entre essas duas atividades podem entrar em conflito”.

“Smith defende o mercado na medida em que serve para melhorar a situação do pobre, não do rico. Os heróis de seu livro não são diretores de grandes empresas — ele não acredita que as corporações sejam uma boa maneira de organizar as atividades econômicas. Por isso, acredito que oferece ferramentas para interpretar e criticar as formas sociais sob as quais vivemos hoje”, afirma Craig Smith.

“Como um importante estudioso brasileiro de David Hume e de outros empiristas do século XVIII, Hamilton dos Santos, por meio da entrevista com Craig Smith, ressalta a importância dos estudos de Adam Smith, no campo do comércio como vetor do diálogo e comunicação entre pares e ímpares, em contextos culturais diversos. Além de iluminar, nas comemorações globais dos 300 anos de Adam Smith, a importância desse autor para a Filosofia e as Artes”, destaca o diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP, Paulo Nassar.

Celebrações visam resgatar obras sobre moral e arte no Brasil

No Brasil, a celebração dos 300 anos de Adam Smith será promovida pela Universidade de São Paulo (USP), entre os dias 16 e 18 de agosto. O ciclo de palestras – organizado por Pedro Paulo Pimenta e Maurício Coutinho – vai contar com filósofos e intelectuais como o inglês Paul Sagar, professor e pesquisador do King’s College de Londres e autor do polêmico “Adam Smith Reconsidered: History, Liberty, and the Foundations of Modern Politics” – livro em que mostra como Adam Smith, em sua posição de filósofo moral, tanto elogiava quanto criticava os mercados.

O ciclo contará também com Glory M. Liu (Harvard), Maria Pia Paganelli (Trinity College e Presidente da International Adam Smith Society), Jimena Hurtado (Universidade de Los Andes) e Laurie Bréban (Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne), além dos brasileiros Maurício Coutinho (Unicamp), Isabel Limongi (UFPR), e os especialistas da USP Laura Valadão, da FEA e Pedro Paulo Pimenta e Rolf Kunz, da FFLCH. 

O professor Pedro Paulo Pimenta foi curador das duas primeiras temporadas do podcast da Aberje Na Ordem do Dia, sobre “Paixões e Emoções” (temporada 1, de 2021) e “As formas do diálogo” (temporada 2, de 2022).

 

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