17 de maio de 2016

A importância do trabalho que (quase) não se vê

Deixo aqui minha confissão: meus pais sempre expressaram orgulho da carreira que escolhi, mas nunca entenderam realmente o que faço. Meu atestado de incapacidade era carimbado cada vez que voltava de uma entrevista e escutava a pergunta: dessa vez você vai aparecer? Sempre encontrei consolo nos demais comunicadores, principalmente assessores de imprensa e relações-públicas, que também passavam pela mesma situação. Esse conforto foi renovado ao assistir a nova temporada do TED. Mary Norris é copy editor da New Yorker e o crescimento e a reputação da revista também são fruto do seu trabalho, completamente invisível para os leitores e público em geral.

Há outras similaridades entre o trabalho dela e o nosso:

  1. Nosso negócio está nos detalhes. É aquele olhar de raio-x para filtrar os ruídos e excessos e trabalhar os elementos que sensibilizarão o público-alvo da forma mais apropriada, no tom certo.  É enxergar, no olho do furacão, os pontos sensíveis de uma situação e seus possíveis desdobramentos em várias esferas.
  2. Bom policial, mau policial. Contrariando a convenção, santo de casa faz, sim, milagre. Sem diplomacia nós não avançamos, não desviamos ou preservamos egos e reputações, muito menos garantimos a compreensão da mensagem.
  3. Trabalho invisível, mas nem tanto. Assim como o de Mary, nosso trabalho e nossos aprendizados geram repercussão.  Nossos budgets e fees continuam suados, nem sempre há tempo para celebrar as conquistas e estamos sempre preparados para críticas. Afinal, cabe aqui a adaptação a mais um ditado popular: “De comunicador e de louco todo mundo tem um pouco”.
  4. Nosso propósito é fazer o autor se sobressair. Não é um exercício de vaidade ou um simples trabalho a ser feito. Há uma razão de ser por trás: assegurar o bom uso da língua, alavancar a performance de um porta-voz, valorizar o público interno, resguardar a marca e a reputação.

 

Para quem não é deste mundo ou está ingressando nele, garanto: na Comunicação nem tudo é o que parece – e parte da graça está aí. Maior do que o esforço em cada trabalho-fantasma é a paixão e o comprometimento para realizar sonhos e objetivos de negócios de pessoas e organizações.

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