Na ordem do dia: para entender o liberalismo (parte 1)
Em setembro, a Escola Aberje de Comunicação inaugurou a série “Na Ordem do Dia”, cursos com temas voltados para os profissionais de comunicação compreenderem contextos sociais, políticos, econômicos e tecnológicos que impactam a sociedade, as organizações e os negócios. O primeiro tema da série foi Liberalismo, dividido em três encontros.
A aula inaugural discutiu as “Origens do Liberalismo: Sociedade e Indivíduo”, ministrada por Pedro Paulo Pimenta, professor de Filosofia da Universidade de São Paulo, que abordou o pensamento de Adam Smith, filósofo escocês do século XVIII, considerado o pai da economia moderna. Veja a seguir 10 pontos de suas ideias.
Leia a parte 2.
Leia a parte 3.
1. Adam Smith (1723 – 1790) foi um filósofo moral que buscava compreender a natureza humana em seu habitat social e que buscava o que há de regular perante a variabilidade das circunstâncias nas quais nos encontramos.
2. Para ele, a espécie humana é marcada pelas paixões. As paixões estão diretamente associadas ao prazer e à dor, e podem ser entendidas como a intensidade com que percebemos ou sentimos algo. As paixões variam de acordo com as circunstâncias, o que torna nosso comportamento inconstante e volúvel.
3. Apesar disso, a história mostra que a natureza humana é passível de normatização, isto é, de controle através de regras gerais. Regras são o que torna a vida em sociedade possível.
4. A partir da história é possível constatar a singularidade dos tempos modernos, diretamente associada ao crescimento da importância do comércio.
5. A produção de riquezas não apenas cresceu, como sua natureza se modificou: a riqueza moderna é conversível e circula. Ocorreu uma intensificação e aprofundamento do intercâmbio entre campo e cidade, entre agricultura e manufaturas, um alimentando o outro.
6. Há um tipo específico de riqueza que se destaca: o luxo. O que é um artefato de luxo? Por um lado, é um bem que exige mão de obra qualificada para produzi-lo. Por outro, ele só existe porque há uma ordem hierárquica que se diferencia a partir de seu consumo.
7. Ao contrário do homem antigo, marcado por uma paixão pela igualdade, o homem moderno busca se diferenciar e se destacar dos demais. O mundo moderno se caracteriza pela distinção social e por um fascínio pelo que é frívolo.
8. O comércio é o local mais adequado para o extravasamento dessas paixões modernas. Nele que o ciclo de geração de riquezas tem maior chance de prosperar, mantendo as pessoas ocupadas nessa busca por distinção.
9. Na ausência do comércio, as paixões tendem a se extravasar no campo da política, o que perturba a ordem social. Com o comércio, ao contrário, a preservação da ordem é silenciosa.
10. Sem comércio não há indivíduo: o indivíduo é um efeito, não o princípio, dessa sociedade comercial.
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