Exposição da Casa Fiat de Cultura refaz caminhos de italianos que imigraram para América do Sul
Celebrar as possibilidades do presente é, em grande medida, reconhecer a paixão, o afeto, a coragem e a inovação daqueles que nos precederam. Impossível contar a formação da persona brasileira – e, também, argentina – nos últimos 120 anos sem falar dos imigrantes italianos que, repletos de sonhos, aportaram em massa na América Latina, para ressignificar o próprio sentido de identidade, além de contribuir com a formação de comunidades em seus novos países.
Em tal cenário, a criação dos transportes auxiliou não apenas o deslocamento dessas pessoas, como lhes permitiu dar forma ao desafio que traziam nas mãos e no coração. Aviões, navios, trens, ônibus e automóveis carregaram famílias inteiras, com suas esperanças e seus desejos de recomeço. A Fabbrica Italiana Automobili Torino, fundada em 1899, foi essencial em tal processo, ao se consolidar como importante representante do setor de transportes nas inovações industriais dos séculos XIX e XX. A forma como se deram os fluxos de migração da Itália, bem como sua influência na vida cotidiana de brasileiros e argentinos, são tema da exposição “Percorsi Italiani – 120 anos de história na Casa Fiat de Cultura”, em cartaz até 1º de março de 2020, em Belo Horizonte (MG). A entrada é gratuita. A FCA é associada da Aberje.
Ao todo, são exibidas mais de 100 imagens e fotografias históricas provenientes de acervos do Museu da Imigração (Arquivo Público de São Paulo), do Museu Histórico Abílio Barreto, do Arquivo Público Mineiro, do Centro Storico FIAT e da FCA Group Argentina. Como numa viagem pelo tempo, cada cena permite que sejam revividos importantes marcos, costumes, objetos, instituições, eventos, estéticas e estilos, referentes às mais diversas épocas. De modo único, a exposição propõe, afinal, que os visitantes experimentem o forte entrelaçamento entre as tradições italianas, a Fiat e a vida de uma cidade – de sua fundação aos primeiros vestígios de modernização.
Que o digam os destaques da mostra, como a bola do Palestra Italia (Cruzeiro) – time fundado por imigrantes italianos, datada de 1921; o livro de registro de entrada de imigrantes em Belo Horizonte; as reproduções de pôsteres publicitários da Fiat, produzidos por renomados artistas; um desenho original de Raffaello Berti – que fez mais de 500 projetos arquitetônicos em BH –; um passaporte italiano original, datado de 1909; um dos últimos quadros pintados por Amadeo Luciano Lorenzato (em 1990); um exemplar histórico do Fiat 147, lançado em 1979; uma foto de Minas Horizontina, primeira menina nascida na capital mineira, e descendente de italianos.
Com curadoria da jornalista e historiadora Cinthia Reis, a mostra destaca momentos que marcaram a travessia dos italianos para o Brasil e para a Argentina, e tem importante caráter histórico, ao trazer à tona o legado deixado por esse povo em nossa cultura e os desafios enfrentados no percurso. “Convidamos o visitante a se perguntar como seria mudar-se para um país totalmente desconhecido, em uma época sem as facilidades de comunicação e informação da atualidade”, propõe a curadora. “Nessa exposição, contamos a história da Fiat e de milhares de italianos que resolveram deixar sua terra natal em busca de uma nova vida nas Américas. Tomamos a liberdade de usar um termo italiano – ‘Percorsi Italiani’ – para descrever esse percurso repleto de idas e vindas que nos fazem reviver a mistura das culturas brasileira, argentina e italiana e as muitas paixões comuns que nós temos – como a arte, a culinária, o futebol e automóveis”, destaca o presidente da Casa Fiat de Cultura, Fernão Silveira.
A exposição “Percorsi Italiani – 120 anos de história na Casa Fiat de Cultura” é uma realização da Casa Fiat de Cultura, da Secretaria Especial de Cultura e do Ministério da Cidadania, em parceria com o Centro Storico FIAT, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e o Museu Histórico Abílio Barreto, com o apoio do Consulado da Itália em Belo Horizonte, do Circuito Liberdade, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha) e do Governo de Minas Gerais. O patrocínio é da Fiat Chrysler Automóveis (FCA), da FCA Fiat Chrysler Participações e do Banco Safra.
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