25 de novembro de 2022

Especialistas apresentam Tendências Macroeconômicas para 2023 a líderes da comunicação corporativa

Encontro do LiderCom contou com participação do economista chefe da XP para falar sobre projeções econômicas do Brasil e do mundo

As “Tendências Macroeconômicas para 2023” foram apresentadas durante mais uma reunião do LiderCom, grupo da Aberje para as lideranças de Comunicação Corporativa brasileiras. Caio Megale, economista chefe da XP Inc, associada da Aberje, e Francisco Nobre, economista do banco, trouxeram um panorama atual do cenário externo e de como o Brasil está inserido nesse contexto.

Na ocasião também foram apresentados dados da pesquisa “Orçamento da Comunicação Empresarial no Brasil”, produzido pela Aberje. A pesquisa calcula o valor total dos orçamentos destinados às atividades de comunicação empresarial das organizações no Brasil, com faturamento anual bruto acima de R$ 300 milhões.

O diretor-executivo da Aberje, Hamilton dos Santos, frisou que a pesquisa, realizada anualmente, revela como as empresas vêm investindo e realocando recursos na área de comunicação. “A partir dessa investigação, nós procuramos dimensionar o tamanho do mercado de comunicação empresarial no Brasil, que em 2021 era de R$ 28,5 bilhões e em 2022 movimentou R$ 30,2 bilhões”, revelou Hamilton. “Nós acreditamos que esses dados, esse novo indicador serão úteis para os comunicadores, para os nossos associados”, complementou.

Economia mundial

Ao falar sobre o cenário externo, Francisco Nobre comentou sobre a dinâmica da política monetária dos Estados Unidos, da Europa e da China. “Ao longo do ano, a inflação nos Estados Unidos esteve muito pressionada, mais do que era esperado inicialmente, e o Banco Central americano teve que correr atrás do prejuízo, adotando uma conduta de política monetária muito mais agressiva do que haviam feito em ciclos anteriores”, destacou. “Isso deve provocar uma desaceleração mais forte na economia dos Estados Unidos, principalmente em 2023”, completou.

Na Europa, a situação para a atividade econômica é mais preocupante, avaliou Nobre. “Eles também estão tendo que acelerar o ritmo apertando a política monetária, pois a inflação continua bem pressionada, com tendência de alta e se espalhando para os outros setores da economia; a inflação é muito concentrada em energia pois sofreram muito com a guerra na Ucrânia”, disse.

Francisco Nobre

Quanto à China, uma das principais economias do mundo, vem crescendo e vai continuar crescendo, mas menos do que era esperado inicialmente. “Na China, a situação é diferente do resto do mundo, a inflação vem sendo controlada; eles continuam importando energia barata da Rússia, permitindo que o governo mantenha as políticas públicas expansionistas com juros baixos e política fiscal também expansionista, com o governo gastando para impulsionar os setores da economia”, explicou. “Isso tem sido um pé no acelerador mas, por outro lado, a China manteve, ao longo do ano, políticas bastante restritivas contra a Covid-19, com vários fechamentos em várias cidades, o que acabou prejudicando a economia. Para o ano que vem, se conseguirem flexibilizar essas medidas, é muito provável que a economia vai ter um crescimento mais sólido”.

Tendências para o Brasil

O mundo se reequilibra, vai desacelerando da arrancada muito forte pós-Covid, mas ainda é um mundo com muita incerteza geopolítica, um mundo de crescimento baixo e de juros altos. Esta é a visão do economista Caio Megale. “Para o Brasil não é necessariamente negativo, porque inflação mais baixa e a busca por investimentos alternativos acabam nos beneficiando. O Brasil tem se destacado, se comparado à China, Rússia, Turquia e Colômbia, que estão com incertezas muito maiores do que a nossa. O Brasil está positivo no cenário global”, analisou. 

“Commodities em alta e crise em alguns emergentes longe do Brasil, fez com que o país performasse bem este ano. A taxa de câmbio do real foi uma das únicas que se valorizou, enquanto todas as outras moedas se desvalorizaram com o movimento de fortalecimento do dólar. Isso tem a ver com a percepção de que o Brasil pode ser um vencedor no próximo ciclo de crescimento global, pois somos um país mais aberto à negócios do que a China, Rússia ou Turquia”, destacou Megale.

Caio Megale

Para que o Brasil aproveite esse ciclo de oportunidades, é preciso analisar dois aspectos importantes, de acordo com o economista. “É preciso entender qual é o ciclo de reformas que ainda vêm pela frente; há poucos sinais de qual será de fato o direcionamento da política econômica, qual será a estratégia de retomada de investimento em educação, tudo isso é importante para pensar a economia brasileira da próxima década, mas tem um fator-chave que é a PEC da transição. O que está sendo discutido agora é uma mudança mais permanente”, acentuou. “Dependendo do resultado dessa discussão, é possível vislumbrar uma dívida pública sustentável ao longo do tempo ou uma dívida pública crescente com o tempo”, arrematou.

Tendências para os setores

O economista Caio Megale ainda analisou quais setores têm tendência positiva e quais terão mais dificuldade nos próximos anos. O setor de Educação, por exemplo, está performando bem, em sua opinião, porque há possibilidades da volta de programas como FIES, PROUNE, abrindo espaço para as empresas se desenvolverem. “Já as estatais foram mal na bolsa, o governo vai usar as estatais com fins mais políticos do que econômicos, o que prejudica naturalmente o pagamento de dividendos, por exemplo. Ainda é muito incerto qual vai ser, de fato, a forma como o governo vai lidar com as estatais”, avaliou.

Quanto ao consumo, Megale considera que, se houver mais transferência de renda, haverá inflação e juros mais altos. “Crédito, automóvel, linha branca, linha amarela, esses segmentos ficam mais incertos; serviços e bens não duráveis já promovem mais disponibilidade de renda para a compra e commodities é positivo, o mundo vai precisar de energia, de grãos, de energia limpa. Seremos um dos grandes players no fornecimento de commodities no mundo nos próximos anos”, exemplificou. “A economia deixa de ser mais horizontal para ser uma economia com mais interferência governamental, então, dependendo como isso se dá, pode ser mais positivo ou negativo para o setor”, destacou.

 

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