28 de maio de 2019
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Construção civil e energia: unificando setores para democratizar a eletricidade sustentável

 

(Imagem: Andreas Gücklhorn/Unsplash)

Quando o Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, propôs o Pacto Global para o setor empresarial no ano 2000, o panorama da produção de energia solar fotovoltaica no país ainda era praticamente inexistente. Passados quase vinte anos o avanço no setor já é considerável e possui ótimas perspectivas de melhora, apesar de ainda representar pouco em relação a toda matriz energética do Brasil.Segundo dados de abril de 2019 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a produção de energia solar representa pouco mais de 1% de todo o montante nacional, que ainda é predominantemente liderado por fontes hídricas, representando 60% do total.

Esta marca foi praticamente alcançada nos últimos dois anos, de acordo com os dados do “Caderno ODS 7 – O que mostra o retrato do Brasil?”, publicado nesta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Segundo o estudo, a participação da energia solar na matriz energética nacional passou de 0,1% para 1,4% somente entre 2016 e 2018. Com o avanço destes números a publicação mostra que o país está caminhando para cumprir a agenda 2030 proposta pelo ODS 7, de investir em fontes limpas e renováveis.

Em outra recente projeção realizada pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), é possível que o país tenha um avanço significativo durante o ano de 2019 alcançando a marca de 3,3 gigawatts (GW) da fonte em operação.

A expectativa de aumento de produção é vista com bons olhos pelo consumidor, que vem se aproximando desta tecnologia por meio da redução dos custos de instalação dos sistemas de geração distribuída, como os painéis instalados em telhados residenciais, comerciais e industriais para produção autossuficiente.

O consumidor se beneficia diretamente pela redução de sua conta de energia mensal e este parece ser o grande mote para o investimento nas células fotovoltaicas no âmbito residencial.

Mas é preciso entender que a difusão da tecnologia também é um grande avanço para o desenvolvimento sustentável do planeta que clama por ações efetivas que contenham o aumento do clima.

A energia fotovoltaica é limpa, mas ainda não é tão acessível assim. Seja pelo preço ainda decrescente ou pela baixa capacidade instalada é preciso estimular e unificar setores como alternativa para promover o sol como importante fonte limpa de energia elétrica.

A construção civil é um setor que já vem promovendo esta junção de serviços. Novos empreendimentos econômicos já contam com placas solares fotovoltaicas que geram energia para unidades habitacionais ou mesmo para áreas comuns dos condomínios residenciais de casas ou apartamentos.

Ao incluir a energia fotovoltaica em seu produto, a construção civil está contribuindo para que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) sejam cumpridos, colocando o Brasil em um caminho mais sustentável até 2030.

Desta forma, no mínimo três dos 17 ODS estão englobados diretamente nesta junção de ações sustentáveis: “Cidades e Comunidades Sustentáveis”, “Energia Acessível e Limpa” e “Ação Contra a Mudança Global do Clima”, que correspondem aos ODS 7, 11 e 13, respectivamente.

A cadeia de produção que inclui a construção civil e a energia fotovoltaica pode se estender de uma maneira ampla por possuírem grandes potenciais para apresentar soluções sustentáveis e de baixo custo.

Com a industrialização da construção através da indústria 4.0, por exemplo, é possível diminuir o volume de resíduos em canteiros de obras, reduzindo o volume de lixo e aumentando a eficiência e velocidade da produção.

Já o mercado da energia elétrica através das células fotovoltaicas tem potencial para gerar 25 a 30 empregos diretos para cada megawatt instalado em várias áreas do setor, segundo a ABSOLAR. Ainda segundo a entidade, a energia solar fotovoltaica é a maior geradora de empregos renováveis do mundo.

É preciso destacar ainda que o déficit habitacional brasileiro já atinge recorde no país. De acordo com matéria publicada pelo Estadão, um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que o déficit de moradias cresceu 7% em apenas dez anos, de 2007 a 2017, tendo atingido 7,78 milhões de unidades habitacionais em 2017.

Com a necessidade de mais moradias, maior será a necessidade de energia elétrica para abastecer as novas residências que irão surgir de acordo com a demanda e uma grande oportunidade também surge para estimular o acesso às fontes limpas de eletricidade.

A construção civil está se colocando como um setor estratégico para promover o uso de energia limpa em larga escala no país. Outros negócios também têm muito a contribuir para que a Agenda 2030 possa continuar fluindo e estimulando alternativas sustentáveis de desenvolvimento social e econômico.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Rodrigo Gomes

Rodrigo Gomes é analista de Comunicação na Assessoria de Imprensa da MRV Engenharia, jornalista formado pela universidade federal de São João del Rei UFSJ e MBA em Comunicação Corporativa pela Universidade Estácio de Sá.

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