07 de agosto de 2023

Para fazer uma transição energética justa, precisamos de otimismo, inovação e mais velocidade nas ações

Este 2 de agosto para mim foi um dia de grandes reflexões, como costumam ser os dias de eventos no Museu do Amanhã. Coincidentemente era o Dia de Sobrecarga da Terra, o que significa que já consumimos para este ano os recursos do planeta que deveríamos usar no ano inteiro. Anyway, lá estava eu num dos locais mais lindos do Rio de Janeiro. Durante o Engie Day sobre “Transição Energética e suas múltiplas faces”, pude aprender algumas coisas e confirmar outras tantas. Acima de tudo, constatei que comunicação é o grande desafio da sustentabilidade – e de sobrevivência da raça humana, pois o planeta vai continuar por aí, no Sistema Solar, mesmo se ficar inabitável para nós. A grande questão: será que estamos sendo claros o suficiente para convencer as pessoas de que estamos praticamente num momento de inflexão, num ponto sem volta? 2030 está logo ali e os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU são metas mínimas a atingir. Como diz o Sergio Besserman, “nós todos vamos viver dias que nunca vivemos”.  Eu, que tenho uma filha adolescente, fiquei apreensiva e pensando em como agir e colaborar nesta jornada pró-sustentabilidade.

Alarde é pouco, meus caros… Não cabe mais discutir se o aumento da temperatura global será de 1,5 ou de 2 graus Celsius. Fatalmente teremos (e já estamos vivenciando) extremos de chuvas, de enchentes e ciclones, alternando com extremos de secas, falta d´água e de energia, e picos de calor, que podem levar a aumentos de casos de enfarte, de AVC e até mesmo de homicídios, decorrentes da “insustentável dureza do clima”, com o aquecimento dos ânimos.

Nós, comunicadores, devemos buscar o extremo da simplicidade nas mensagens sobre aquecimento global e mudanças climáticas para mostrar ou relembrar às pessoas que temos que nos responsabilizar por nossas ações de consumo (in)consciente, por menores que sejam nossas contribuições. E precisamos também estimular – para não dizer pressionar – representantes do poder político e do poder econômico (empresários e executivos) a assumirem sua relevância neste tabuleiro da sustentabilidade.  Como disse a professora Suzana Kahn, diretora da COPPE/UFRJ, o modelo tripartite precisa funcionar aqui como ocorreu nos Estados Unidos e em outros países, com academia, governo e iniciativa privada unindo forças. Colaboração foi valorizada também na fala do animado Edgard Gouveia Junior, bioarquiteto e cofundador da ONG LiveLab, lembrando que nem os super heróis trabalham mais sozinhos para salvar o mundo, mas reúnem-se como “Vingadores” ou “Liga da Justiça”.

Nosso grande mantra, como profissionais de comunicação, e principal KPI – “Keep People Informed” deve conter mensagens claras e nada complexas, se quisermos preservar este planeta Terra para nossos filhos ou descendentes em geral. E se nossas empresas e organizações quiserem buscar sua continuidade operacional e perenidade no mercado, valorizando sua reputação e preservando seus negócios.

Fiquei contente de ver mulheres presentes em todos os paineis do evento, sendo únicas palestrantes em dois blocos e liderando conversas sobre transição energética justa e sobre a relevância da Diversidade, Equidade & Inclusão (DE&I) para a sustentabilidade do planeta. E fiquei feliz – embora um pouco tensa, pensando na minha filha adolescente – ao conhecer a iniciativa do Museu do Amanhã com o projeto Meninas de 10 Anos, baseado na importância de garotas com idades entre 10 e 16 anos no cenário de emergências climáticas.

Além disso, “last, but not least”, precisamos ter flexibilidade para aceitar e promover inovação, em paralelo à maturidade para entender desafios e oportunidades trazidos pela Inteligência Artificial, independente da ansiedade ou do medo que ela possa nos causar, como provocou o palestrante Arthur Igreja. Enfim, lembrando o poeta amazonense Thiago de Mello, citado pelo presidente da APEX Jorge Viana, nem sempre temos que achar um novo caminho, mas às vezes temos que encontrar um novo jeito de caminhar. Então, sigamos com bússola, resiliência, coragem e otimismo.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Marcia Cavallieri

Marcia Cavallieri é gestora de projetos em comunicação corporativa e reputação, sendo atualmente consultora associada da Caliber (www.groupcaliber.com.br). Possui ampla experiência "dos dois lados do balcão" e teve a oportunidade de atuar na Rio´92 e na Rio+20. Trabalhou em agências como FSB, Burson Marsteller, SPS e Hill & Knowlton, conduziu projetos para Approach, InPress, Thymus e Makemake, e atuou em empresas de diversos segmentos como Petrobras, Oracle, Energisa, IBP e Vieira Rezende Advogados. Publicitária, tem pós-graduação em Marketing pela PUC-RJ e MBA em Marketing Digital pela FGV.

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