30 de janeiro de 2024

Fazer barulho ou ser relevante? O que vale mais a pena?

Era 1996 quando Bill Gates foi convidado a escrever um artigo no site da Microsoft e, dentre suas principais observações, uma frase se destacou: “o conteúdo é rei”. Ele apostou que ao longo dos próximos anos, o dinheiro estaria nas mãos dos produtores de conteúdo – em especial dos fornecedores de informação e entretenimento, em uma alusão à revolução causada pela televisão décadas antes¹.

Errado ele não estava. Afinal, gerar e consumir conteúdo é a força motriz de sites, portais, redes sociais, branding. O surgimento dos smartphones e dos apps potencializaram isso. O caminho é sem volta: o conteúdo está, literalmente, na palma da mão, a informação está a poucos cliques ou passadas de dedo sobre a tela.

Mas a Internet é um campo de disputa constante e conquistar a atenção do outro lado da tela é um desafio. Diante deste cenário, confiança e empatia tornaram-se commodities. Em especial se pensarmos que o conteúdo está em tudo – nos sites de compras, no review e descrição dos produtos, na abertura do joguinho, na reportagem como a conhecemos.

Com essa (já não tão nova) perspectiva, diversas redes sociais deram espaço para os creators, gerando uma nova economia e profissão. E surgiu também o grande dilema do que é mais importante no mundo virtual: fazer barulho, ou seja, viralizar um conteúdo, ou ter relevância e credibilidade.  O mundo ideal é ter as duas coisas: alcance e relevância, mas acredito que um pode puxar o outro e vice-versa.

O barulho pode ser alto e acontecer apenas uma vez e isso me lembra uma frase que li na pesquisa Linkedin Art&Science of Brand, que questiona “se uma árvore cai na floresta e ninguém está perto para ouvir, ela de fato fez algum barulho?”. Não adianta nada ter buzz e não atingir quem realmente importa, concorda?

O viral, sem estratégia, cai no esquecimento ou até mesmo na dúvida, como tem acontecido com Mr.Beast, o YouTuber mais famoso do mundo, com mais de 150 milhões de seguidores e que demonstra, na prática, que alcance nem sempre é sinônimo de relevância².

Relevância é perene e uma construção. Não se ganha credibilidade de uma hora para a outra. É uma jornada e, por isso, é duradoura.

O caso do Mr.Beast

James Donaldson é o nome do YouTuber norte-americano que se tornou a pessoa com mais seguidores até hoje da história do canal.

Sua trajetória impressiona: ele iniciou na plataforma com transmissões de games e, aos poucos passou a estudar como funcionava a rede social e a investir tempo para produzir seus conteúdos. Ok que um dos seus primeiros virais não tem nada de destaque: é apenas ele contando de 1 a 100 mil na frente do computador e, de alguma forma, isso teve muito alcance e ele se tornou popular com o que se chama de “junk lord”, vídeos bobos, engraçados, com grandes feitos e/ou com distribuição de dinheiro.

Em um de seus vídeos mais famosos, ele paga a cirurgia de catarata de mais de mil pessoas. O que seria um ato altruísta passou a ser contestado por seguidores e pela mídia, com a dúvida se ele realmente queria fazer uma ação social ou se este seria mais um caso de “vale tudo” pela audiência.

O que era para ser um exemplo incrível – divulgar uma causa legal a ser abraçada e compartilhada – se tornou uma armadilha que manchou a sua credibilidade. Daí a importância de um planejamento estratégico bem-feito e bem estruturado para poder construir a relevância do perfil e da persona. Caso contrário, é barulho em sala vazia.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Adriana Toledo

Especialista em Relações Públicas e Comunicação Corporativa. Em mais de 20 anos de experiência, ajudou a desenvolver reputação de grandes empresas nacionais e multinacionais. Jornalista inquieta como o mercado e sócia da WEDOPR. Transforma imagem pessoal em branding e executivos em influenciadores. Atua em planejamento e estratégia no ambiente digital para construir posicionamentos que geram resultados. Ajuda empresas a se comunicarem melhor com seus consumidores, com a imprensa, colaboradores e qualquer outro público de interesse.

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