10 de março de 2022

A Mulher na Comunicação, sua força, seus desafios: veja resultados da pesquisa e debate sobre carreira com executivas

Encontro online contou com a participação de mulheres no Dia internacional da Mulher
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No Dia Internacional da Mulher, a Aberje promoveu uma live para divulgar o estudo  “A Mulher na Comunicação – Sua força, seus desafios”. O evento contou com a participação de Carla Caroline, analista de comunicação sênior no pilar de Mobility da 99/DiDi Chuxing; Rejane Braz, gerente de Comunicação da BS2 Hub; Luciana Coen, diretora de Comunicação Integrada e Responsabilidade Social Corporativa da SAP. A mediação foi feita por Viviane Mansi, diretora de comunicação na Toyota da América Latina e presidente da Fundação Toyota do Brasil.

A partir de uma amostragem de aproximadamente 500 mulheres que atuam nas áreas de comunicação de diversas empresas, a pesquisa – no ar até o dia 14 de março – vai compilar dados capazes de apresentar um perfil geral das mulheres da área, bem como mostrar suas opiniões sobre diversos assuntos diretamente ligados à carreira e conceitos importantes para a sociedade, como diversidade, equidade salarial, formação educacional e maternidade.

“A Mulher na Comunicação – Sua força, seus desafios”

De acordo com a pesquisa, todas as comunicadoras participantes têm formação superior, 51% delas são graduadas em Jornalismo, 19% em Relações Públicas e 15% em Publicidade e Propaganda e 53% das respondentes ocupam cargos de liderança.  

Para a grande maioria (67%) das participantes, a questão mais importante enfrentada pela mulher no ambiente de trabalho é o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, demonstrando ainda a presença da forte cultura na qual a mulher é a responsável pela administração das questões do núcleo familiar.

As estratégias ou mudanças que teriam maior impacto para a equidade de gêneros nas organizações, na visão das mulheres, são: mudanças na cultura do local de trabalho (50%), estratégias afirmativas de igualdade (48%) e promover mudanças nas práticas e políticas de recrutamento e seleção (44%).

Quanto à equidade de condições, 43% das respondentes consideram que as remunerações e oportunidades de promoção nas suas empresas são iguais para homens e mulheres. Já 24% consideram que mulheres têm salários menores, enquanto 35% apontam que homens têm mais oportunidades. Por outro lado, 64% das respondentes identificam um maior número de homens em cargos de liderança nas suas organizações; isso causa desconforto para 70% delas.

Sobre assédio no ambiente de trabalho, 73% das mulheres já sofreram assédio e 78% já presenciaram algum tipo de assédio. Para coibir o assédio, 54% das respondentes acreditam em medidas punitivas mais enérgicas, 41% destacam mecanismos mais eficazes para reportar reclamações e 36% salientaram a importância da sensibilização dos homens.

Carreiras e diversidade

Há um ano e meio na 99, Carla Caroline contou que começou sua carreira em Ourinhos (SP), cidade natal. Atuou em rádio e jornal impresso no interior e depois de seis anos decidiu tentar a vida em São Paulo. “Foi aqui que eu realmente comecei a planejar a minha carreira, a compreender os espaços que eu queria e principalmente entender a importância e as diferenças que existem quando você é mulher, quando você vem de uma criação da periferia e quando você é negra”, disse. “Quanto mais degraus vão aparecendo, subir fica um pouco mais desafiador e aí você começa a traçar algumas estratégias de como analisar a sua carreira, quais lugares, espaços, com quem e para quem você precisa estar. Foi assim que eu cheguei à 99”, complementou.

Natural de São Paulo, Luciana Coen contou que foi jornalista durante 15 anos trabalhando em veículos da Editora Abril até que num dado momento de sua carreira decidiu atuar no mercado corporativo. “Tive todos os privilégios de uma mulher da cidade de São Paulo, branca, de origem e religião judaicas e enfrentei questões sendo uma mulher divorciada e com filhos, precisando gerenciar vida pessoal e família”, disse Luciana, que trabalha há 10 anos na SAP. “Para mim é forte o tema de como a gente se divide entre casa, trabalho e como fazemos para gerenciar tudo isso. E por uma série de questões eu levanto a bandeira do tema de saúde mental no mundo corporativo; precisamos trabalhar nisso para que esse mundo corporativo seja livre de estigmas. Esse é um tema importante quando falamos de populações minorizadas.

Filha de um casamento interracial, a goiana Rejane Braz se autodeclara negra e acredita que isso traz uma diferença no sentido de como vai lidando com as questões ao longo do tempo. “A primeira questão que eu enfrentei foi a do etarismo. me formei com 21 anos e antes de me formar eu já atuava como subeditora de Economia e quando eu fazia entrevistas me perguntaram se eu já tinha me formado ou se era estagiária. Cresci numa vila operária em Minas Gerais, meus pais eram universitários e isso mudou completamente a direção da minha vida”, contou. “Resolvi vir pra São Paulo quando a Gazeta Mercantil faliu. Com a cara e a coragem, comecei do zero até receber um convite para atuar no Itaú Unibanco e hoje estou no Banco digital BS2”.

Qual o papel da área de comunicação para criar um ambiente seguro?

Na ocasião, Viviane Mansi lembra que a área da Comunicação nas organizações costuma ser mais feminina do que masculina. “Como vocês vêem, a nossa responsabilidade e o nosso campo até de oportunidade para criar um caminho seguro para outras mulheres?

Para Rejane, o primeiro passo para abrir esse caminho é se reconhecer nesse papel. “Se você não toma essa consciência, as ações não vêm. Um outro caminho muito importante é que a gente faça esse papel de pressionar para cima, para os lados…Para abrir os olhos mesmo. Nessa estrada da reputação, podemos usar isso como um meio de fazer essa pressão, além de liderarmos pelo exemplo”, salientou.

“Quando a gente fala em liderança, eu tive o privilégio de, por muitos anos, ter sido liderada por mulheres e hoje a minha diretora é também mulher. Então você olha pra cima e diz: é possível”, refletiu Carla. “Eu gosto de cores e acessórios e tento que meu visual não apareça mais do que o meu trabalho, mas eu não me vejo usando um cinza. A gente não precisa se colocar numa caixinha”, comentou.

“Tenho bastante orgulho de uma construção que foi feita na SAP na região inteira da América Latina, que foi: pela primeira vez na história da empresa, temos uma presidente mulher e outras quatro presidentes regionais da América Latina também são mulheres e diziam: então para ser promovido tem que ser mulher? Mas nos últimos 25 anos sempre foram homens e essa pergunta nunca foi feita ao contrário”, contou Luciana.

Assista à live na íntegra:

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