21 de setembro de 2022

III Fórum de Comunicação Corporativa debate os conflitos na era da desinformação

Primeiro dia do evento promovido pela Aberje e Valor Econômico reúne profissionais de comunicação para debater tema atual, próximos encontros acontecem nos dias 23 e 28 de setembro

O primeiro dia do III Fórum de Comunicação Corporativa Aberje/Valor, realizado no dia 21 de setembro, contou com a participação de profissionais de vários segmentos do mercado para debater o tema Como lidar com os conflitos na era da desinformação. O fórum, que também será realizado nos dias 23 e 28 de setembro, tem como tema geral “A Comunicação na construção de pontes para impulsionar os negócios: como se preparar para o conflito, promover o diálogo e trabalhar o consenso”. O evento é transmitido ao vivo no canal do YouTube do Valor Econômico.

Participaram Ana Laura Sivieri, diretora Global de Marketing & Comunicação Corporativa da Braskem; Leandro Conti, diretor Sênior de Comunicação e Marketing & Relações Externas na Hotmart; Pâmela Vaiano, sócia e superintendente de Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco; e Thyago Mathias, diretor-geral LLYC Brasil. 

Thyago Mathias

Ao iniciar, Thyago Mathias falou sobre o papel das empresas no debate público. “Não existe vácuo em comunicação. Se você não se comunica, alguém vai ocupar esse espaço e pode acabar falando de você. As empresas não têm como se ausentar disso”, disse. “Em relação a como ocupar esse espaço, é identificar quais são as causas que fazem sentido para o negócio e como é possível alimentar e participar delas, sem querer estar no centro. Esse é um desafio que a gente precisa fazer como empresa”

A questão ambiental é um desses temas que permeiam o debate público. Para Ana Laura Sivieri, o papel das empresas é o compromisso em ajudar a sociedade a fazer movimentos evolutivos, através de causas e posicionamentos. “Nós, como produtores de química e plástico, entendemos que temos um grande compromisso no território de economia circular e na questão da diversidade”, acentua. “Para isso levamos informação do consumo consciente, do descarte correto; de como a sociedade pode ter um papel importante nessa economia circular”.

Ana Laura Sivieri

Pâmela Vaiano complementa dizendo que grande parte dos setores produtivos, de alguma forma, tem uma imagem que precisa ser resgatada com a população. “Ao longo da história, as empresas se mantiveram muito apartadas da discussão social, muito mais próximas dos agentes reguladores e dos clientes do que com a sociedade como um todo. Nosso papel é conectar a empresa com a sociedade e com os stakeholders de uma forma transparente e construtiva”, diz.

Na oportunidade, Leandro Conti comenta sobre os principais erros que os empreendedores cometem ao se exporem nas redes e na comunicação com o consumidor. “Estamos vivendo um momento privilegiado, em que cada pessoa é um emissor de opinião e de informação. O que os criadores de conteúdo às vezes não entendem são as consequências daquilo que falam na internet, que não é um mundo paralelo, e se acham protegidas pela tela, pelo aparelho que usa para se comunicar. Todas as leis que se aplicam ao ambiente da internet e a expectativa das pessoas em relação às relações de consumo são as mesmas”, salienta. “Acredito que cada vez mais as pessoas devem se beneficiar do que a internet e o poder das redes trazem, mas também ter, cada vez mais, consciência que isso é o mundo real”, completa.

Leandro Conti

 

“Realmente o espaço digital vive uma dicotomia, é um espaço de mediação ou é uma arena de conflitos? Existe uma preocupação de que as empresas se expõem demais e sejam lançadas nessa arena da opinião pública e o público quer ver o circo pegar fogo mesmo”, comenta Mathias. “A melhor maneira de lidar com esses conflitos é justamente criarmos novos espaços de mediação, tirar algumas discussões dessa arena, o que não quer dizer que não temos que nos manifestar, deve se manifestar sim, mas com muito cuidado”.

Talvez uma ação preventiva seja necessária. O que as empresas têm feito para lidar com as críticas e dialogar com o consumidor? Para Pâmela, a melhor prevenção é a construção de reputação. “Porque, no momento da crise, é esse colchão de confiança que vai ser acionado na crítica que você vai receber do seu cliente, de um stakeholder ou de um regulador. A gente mantém um monitoramento muito certeiro de redes sociais e de imprensa”, diz a executiva, acrescentando que é preciso assumir quando há uma situação e que ela está sendo tratada.

Pâmela Vaiano

“A imprensa é um grande aliado e tem papel fundamental na luta contra a fake news, de trazer a informação ouvindo todos os lados. O primeiro recurso para contornar uma situação conflituosa será sempre atuar junto à imprensa”, complementa a executiva.

Na Braskem, os mecanismos usados para lidar com longas crises, por exemplo, é fazer um monitoramento constante de todas as mídias sociais e identificar as pessoas. “São aqueles hackers constantes, que por mais que você tenha gerado informação, eles não mudam de opinião e continuam a fazer o mesmo tipo de questionamento, a gente não estimula essas respostas porque cresce algo que não é um diálogo. Para as pessoas que buscam informação sobre uma situação ou determinado produto, a gente estabelece o diálogo”, explica Ana Laura.

Leandro entende que, no final das contas, as empresas buscam a formação de uma comunidade com os seus públicos. “Essa relação tem que ser constante e perene. Deve partir de mídias proprietárias, como veículos, blog ou nas redes sociais para interagir com esses públicos. Penso que as empresas precisam fazer isso de forma humanizada, com pessoas, e ter ferramentas de escuta do debate público, de sensibilização interna e de ação”, disse “As críticas vão continuar existindo, isso faz parte da democracia e nem todas serão revertidas ou alteradas. Aceitar um ambiente no qual o diálogo existe e a crítica construtiva faz parte desse diálogo, é o futuro, talvez o presente, da comunicação”.

Assista na íntegra ao primeiro encontro do III Fórum de Comunicação Corporativa:

 

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