Falta de comunicação clara no agro faz país perder em competitividade, diz ministro no Lab de Comunicação para o Agronegócio
Para Alexandre Peña Ghisleni, Ministro do Departamento de Promoção do Agronegócio do Itamaraty, somente o esforço em conjunto para divulgação de fatos pode reduzir informações enganosas e melhorar imagem do agronegócio
Ter uma comunicação clara e com esforço conjunto, que inclua os setores público e privado, pode melhorar a imagem do agronegócio brasileiro no exterior, além de permitir que o país seja mais competitivo e consiga comercializar seus produtos com maior nível de igualdade. Essa foi uma das análises apresentadas pelo diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do Itamaraty, Alexandre Peña Ghisleni, durante participação no 2º Lab de Comunicação para Agronegócio, que aconteceu no dia 04 de novembro, em São Paulo, promovido pela Aberje em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), com patrocínio da Bayer.
Com o objetivo principal em debater a comunicação e promover as melhores práticas no setor, o evento contou com a presença de lideranças, jornalistas, executivos e empresários do segmento do agronegócio, que escutaram do representante do Itamaraty que o Brasil ainda perde em imagem e credibilidade, e precisa muito da comunicação para mudar esse quadro.
De acordo com Luiz Cornacchioni, diretor executivo da Abag, existe a necessidade de ações contínuas no setor que envolvem a comunicação. Segundo o ministro Ghisleni, há problemas no debate público entre os quais algumas coisas passam a ser consideradas verdades, baseados em dados e documentos que não condizem com a realidade. Ele conta que há, inclusive, uma grande preocupação com artigos publicados em revistas científicas, porque ainda que eles possam ser questionados, tornam-se referência e passam a ser vistos como verdade.
“Nós temos uma responsabilidade de estar juntos no sentido de restabelecer os fatos, trazer a verdade, eliminar informação enganosa para que ocorra competição justa e o produtor brasileiro poder estar presente no mercado internacional e poder vender o seu produto em igualdade de condições com seus parceiros”, afirmou.
Ainda sobre a questão da imagem do Brasil no exterior, o ministro explica que grupos protecionistas acabam usando informações, mesmo desencontradas, para reduzir a competitividade do país. Para ele, hoje o Brasil é considerado “a China” do agronegócio. “O que a China representa em relação aos bens industriais, nós representamos no agronegócio.” No entanto, segundo o ministro, a imagem do país tem sido mutante, com altos e baixos, de acordo com o que se é noticiado a respeito do país. Para Ghisleni, que está no ministério há 25 anos, não há país perfeito, mas o Brasil tem ficado em desvantagem por ser um país que prega a transparência e libera mais facilmente o acesso à muitas informações, mas que acabam sendo divulgadas de uma maneira fragmentada ou enviesada.
“Precisamos de uma elucidação dos fatos, para mostrar ao mundo que fazer comércio com o Brasil não apenas é bom, como também não gera prejuízos à natureza e aos direitos humanos”.
Cases e debates
O Lab de Comunicação para Agronegócio ainda contou com outros dois momentos de discussão: a apresentação de quatro cases de boa comunicação no setor agro, e um debate com jornalistas e profissionais de comunicação que atuam na área.
O primeiro exemplo de comunicação apresentado foi o da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que vem tratando de um debate importante do país que envolve o aumento da produção e a redução do desmatamento. O idealizador do projeto Alexandre Mansur e a coordenadora de conteúdo da Coalizão, Fernanda Macedo, foram os responsáveis pela apresentação.
Ibiapaba Neto, diretor-executivo da CitrusBR falou sobre a comunicação como ferramenta de relações governamentais. A head de comunicação externa da Syngenta, Nêmora Reche, abordou o uso das redes sociais para aproximar o agronegócio de grupos urbanos. O último exemplo de comunicação eficiente no setor agro foi apresentado por Guilherme Sierra, gerente de comunicação corporativa da John Deer na América Latina. Com o tema “Human to Human”, ele destacou a importância da humanização do conteúdo no agronegócio.
O debate entre os jornalistas foi mediado por Nicholas Vital, head de conteúdo da Aberje, e contou com a presença de Alessandra Mello (diretora de jornalismo do Canal Rural), Vera Ondei (Coordenadora de Comunicação Digital da DBO), e Mariana Maciel (líder de comunicação digital da Bayer).
Histórico
Em setembro, foi lançado o Lab de Comunicação para o Agronegócio, em auditório lotado na Unibes Cultural, em São Paulo. Realizado em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o Lab tem como objetivo debater a comunicação deste setor que é fundamental para a economia brasileira, realizando pesquisas, divulgando melhores práticas e promovendo o debate sobre as narrativas do agronegócio.
Na ocasião, a Aberje apresentou a pesquisa “A Comunicação do Agronegócio no Brasil”, que mapeou a estrutura de comunicação das principais empresas do setor no país. O evento teve participação do Deputado Alceu Moreira (Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária) e do Deputado Zé Silva (Presidente da Frente Parlamentar de Assistência Técnica e Extensão Rural).
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