08 de agosto de 2022

Diretor-Executivo da Aberje fala sobre estratégias da comunicação corporativa em âmbito ESG

Em entrevista para Integridade ESG, Hamilton dos Santos comentou sobre as práticas ESG e o papel da Comunicação em sua adoção

Em entrevista para Integridade ESG, Hamilton dos Santos comentou sobre as práticas ESG e o papel da Comunicação em sua adoção

Integridade ESG é uma plataforma que reúne conteúdos relacionados às práticas ESG, buscando ajudar leitores a acompanhar, entender e lidar com seus protocolos. O portal inclui conteúdos de três publicações da editora Insight Comunicação, as revistas eletrônicas Bioma, Nós e Case Studies, que tratam respectivamente dos temas Sustentabilidade, Responsabilidade sociocorporativa e Gestão e Governança.

No último dia 03, o portal publicou uma entrevista realizada com Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje, abordando o papel da comunicação na agenda ESG nas empresas. O tema ESG é prioridade de muitas organizações associadas da Aberje, estando assim presente no dia a dia da associação seja em eventos, artigos, publicações ou pesquisas como “ESG e sua Comunicação nas Organizações do Brasil”, onde a Aberje ouviu 79 empresas e mostrou que a agenda ESG tem se expandido no Brasil.

Confira a entrevista na íntegra:

Portal Integridade ESG  Sabemos que a comunicação é um aspecto estratégico para o âmbito ESG. Mas como deve ser o conteúdo da comunicação das empresas que realmente cumprem as metas ESG?

Hamilton dos Santos – A sociedade, de um modo geral, tem rechaçado as empresas que não cumprem a cartilha do ESG. Nos dias de hoje, as organizações que queiram ter boa reputação no mercado têm de levar em consideração as melhores práticas e indicadores de ESG. O retorno de uma empresa, até recentemente, era descolado da questão social, ambiental e de governança. Não é mais. Essa é a grande mudança. Hoje, investidores e consumidores olham para uma grande companhia e questionam se o impacto dessa empresa é positivo ou negativo para o meio ambiente e para a sociedade. Quanto mais negativo o impacto ambiental, menos atraente se torna a empresa.

Portal Integridade ESG – Quais são os desafios enfrentados pelas empresas para implementar a agenda ESG, de acordo com a pesquisa da Aberje?

Hamilton dos Santos – Entre os principais obstáculos, estão a limitação de fundos para sua implementação (35%), a falta de uniformidade de compreensão dos termos de sustentabilidade entre as partes interessadas (28%) e a dificuldade em mensurar o desempenho e quantificar os benefícios dos projetos (27%). A falta de mecanismos de monitoramento (20%) e de profissionais especializados em implementação de projetos de sustentabilidade também se constituem em obstáculos/barreiras. É possível perceber o quanto as empresas estão engajadas dentro do ESG. Enquanto para 62% dos entrevistados o objetivo é causar um impacto positivo tangível para a sociedade, apenas 24% querem atrair a expectativa dos investidores. Ou seja, querem realmente mais atuar na prática do que viver de narrativas.

Portal Integridade ESG – Como os profissionais da comunicação devem se orientar?

Hamilton dos Santos – A comunicação precisa responder perguntas como “Como o impacto ambiental se traduz em números?”, “O que isso representa e agrega de valor para a empresa no futuro?” e “Como vai impactar as ações da empresa?”. Enquanto responde a essas questões, a comunicação precisa estar alinhada com todos os stakeholders. São eles funcionários, consumidores, investidores, formadores de opinião e demais interlocutores daquela organização. Esse profissional precisa fazer alianças internas para conseguir, cada vez mais, reportar melhor os resultados da organização para os mercados e a sociedade.

Portal Integridade ESG – Quais devem ser os meios preferenciais usados pelas empresas na hora de informar sobre suas ações e resultados ESG junto aos stakeholders?

Hamilton dos Santos –  A questão do ESG expõe de forma mais radical essa condição do comunicador como um mero divulgador. Na Aberje, nós advogamos que o comunicador deve responder diretamente ao CEO. Tem que estar na mesa de decisão para participar, de fato, da concepção sobretudo das políticas da organização. Quanto mais transparente e autêntica for a empresa, melhor para comunicar para a sociedade, entretanto não é só a companhia que deve levantar a “bandeira’ nos canais digitais ou internos. Líderes devem se tornar protagonistas e ter uma voz ativa junto à sociedade.

Portal Integridade ESG – O LinkedIn é a rede social mais indicada do que o Instagram, por exemplo, para se comunicar com suas partes interessadas em âmbito ESG? 

Hamilton dos Santos – Sim, é a rede mais indicada para stakeholders, mas não é uma regra.  É necessário ter um equilíbrio em todas as redes sociais que forem ativas. Os formadores de opinião devem ter posicionamentos sociais e claros em suas redes. Ou seja, se o Instagram, que é uma rede que é mais informal, o stakeholder deve saber como se posicionar nela. Alguns preferem mais o lado família, enquanto outros influenciam com conteúdos de viagem. Isso, em determinados momentos, pode ir contra a imagem e reputação.

Falar de boas práticas, de modo geral, são sempre bem-vindos nas redes. Mas o mais importante é aprofundar o tema. Levantar bandeiras e se transformar em protagonistas.

Portal Integridade ESG – Quais dicas fundamentais você daria às empresas, sobretudo pequenas e médias, que desejam fortalecer sua comunicação ESG no mercado brasileiro? 
Hamilton dos Santos
 – O ESG não é produto. Deve ser um processo de ESG bem estruturado, qual a organização vive sua capacidade de desenvolvimento e crescimento para atingir os melhores padrões do mercado. Mesmo se pensarmos em um conjunto de indicadores para o mercado financeiro, isso não se vende por meio da imprensa. A comunicação em ESG não deve ser confundida com greenwashing, pois nessa prática, são divulgados discursos vazios e narrativas pouco palpáveis a respeito de ações e produtos supostamente sustentáveis, sem dados ou processos consistentes.

Portal Integridade ESG – Os profissionais de comunicação que atuam nas empresas atualmente necessitam de uma formação específica e mais adequada para desenvolver a comunicação ESG corporativa?
Hamilton dos Santos
 – Defendemos uma especialização no tema, pois como toda disciplina é necessário ter referências teóricas e fundamentos. Na Escola Aberje de Comunicação, temos em nossa grade, o Programa Avançado em Comunicação para a Sustentabilidade/ESG que é aplicado 1 vez por ano. A cada ano, aumenta o número de profissionais interessados em nosso PA.

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