02 de setembro de 2022

Cresce número de vagas na área de Sustentabilidade das empresas

Profissionais devem ser capazes de pesquisar, implementar e defender práticas sustentáveis

De importância estratégica para o desenvolvimento dos negócios, a sustentabilidade é prioridade de CEOs e Conselhos Administrativos das organizações que assumem a causa como compromisso corporativo. O número de companhias com áreas de sustentabilidade e que estão adotando práticas sustentáveis está em expansão, o que aumenta o número de vagas, ou seja, cresce a demanda por profissionais capazes de pesquisar, implementar e defender práticas sustentáveis. 

Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), ações para promover uma economia mais verde têm potencial de gerar 24 milhões de empregos no mundo até 2030. De acordo com dados da consultoria Michael Page, parte do Page Group, a procura por profissionais com experiência nas práticas ambientais, sociais e de governança para atuar em empresas do agronegócio cresceu 50% entre janeiro e maio deste ano.

A pesquisa “ESG e sua Comunicação nas Organizações no Brasil”, realizada pela Aberje, em 2021, mostra que a governança é o fator ESG que os comunicadores avaliam como o mais relevante atualmente para as empresas. Quanto à meta prioritária para melhorar suas práticas de governança corporativa, as empresas entendem que em primeiro lugar está reduzir os riscos do negócio; em segundo, melhorar a reputação da organização e em terceiro, assegurar o cumprimento da legislação (compliance).

O estudo também aponta que a maior parte das empresas possui programas para a redução do impacto ambiental, como: minimização e reciclagem de resíduos (92%), uso e conservação da água (86%), conservação de energia (84%), entre outros. As métricas relacionadas ao ESG são utilizadas, principalmente, na comunicação do desempenho sustentável aos clientes e à sociedade; a métrica relacionada ao ESG mais utilizada pelas empresas é a redução nas emissões de gases de efeito estufa.

Movimento natural

Na visão da especialista em Sustentabilidade, Sonia Consiglio, SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU, a sustentabilidade é uma das áreas que mais cresce no mercado de trabalho por se tratar de um movimento natural de uma agenda que ganhou importância e relevância estratégica nas empresas. “Esta não é uma agenda nova, mas de três, quatro anos para cá, o ESG ganhou muita visibilidade e essa agenda passou a ser vista pelas lideranças, passou a ser mais conectada com o negócio, tornando-se de fato mais estratégica e quando algo ganha relevância o mercado de trabalho reage, abrem-se posições e surgem áreas novas”, comenta.

Sonia Consiglio

Simone Tcherniakovsky, diretora Sênior de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da Novo Nordisk entende que há uma série de razões para o aumento dessa área no mercado de trabalho: um histórico sólido de muitas organizações que trabalham neste sentido há muitos anos, o agravamento da crise climática e outros problemas sociais, a inclusão da sustentabilidade (ou ESG) na agenda de grandes fundos de investimento e profissionais do mercado de capital. “Uma tempestade perfeita para que riscos e oportunidades ligados às esferas social, ambiental e econômica da empresa se tornassem, de vez, protagonistas nas decisões das empresas ao redor do mundo”, acentua. “Com isso, vagas para gerir estes processos surgem, buscando profissionais especializados e abertos a trabalhar de forma integrada com as demais áreas da organização, buscando que a sustentabilidade não seja vista como algo à parte, mas sim como verdadeira parte do negócio”.

Pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial e Accenture (2020), com mais de 20 mil pessoas no mundo, identificou um conjunto de cinco competências comuns a um líder responsável para um mundo sustentável e equitativo: inclusão de stakeholders, ou seja, um profissional que estimula o diálogo com todos os públicos; emoção e intuição, despertando o compromisso e a criatividade; missão e propósito, avançando em objetivos comuns; tecnologia e inovação, criando novos valores e novas soluções e intelecto e percepção, entendendo o aprendizado contínuo e troca de conhecimentos.

Mariana Spignardi

Mariana Spignardi, fundadora da Urbanidade, consultoria de soluções em sustentabilidade, ressalta que é preciso agir de forma eficaz para enfrentar os desafios sociais e ambientais da atualidade. “Me parece que um número crescente de pessoas está mobilizado em relação a estas questões. Além disso, aspectos econômicos e de mercado colocam empresas e governos mais próximos dessa agenda. Um exemplo são os relatórios do Fórum Econômico Mundial dos últimos cinco anos, apontando o clima extremo, que é decorrente da crise climática, como maior risco global em termos de probabilidade. Neste sentido, a busca por profissionais que possam apoiar organizações e empresas na Agenda socioambiental cresceu em uma velocidade acima do que vinha crescendo”.

Existem vagas para diferentes níveis de maturidade. Algumas empresas procuram profissionais para fazer a gestão da agenda socioambiental, outros buscam profissionais para contribuir com os gestores responsáveis. “Estamos vivenciando um momento único, onde a demanda por profissionais que atuam na área social e/ou ambiental é maior do que o número de candidatos. Isso faz com que muitos profissionais busquem se aprofundar nos temas ESG. O Programa Avançado em Comunicação para a Sustentabilidade e ESG, da Escola Aberje de Comunicação, foi desenhado para atender a esta demanda crescente de profissionais que assumiram a agenda de Sustentabilidade nos últimos anos e buscam apoio conceitual e técnico para atuar”, ressalta Marianas, que é curadora do curso.

Ela afirma que a procura pelo curso na Escola Aberje dobrou do ano passado para cá. “Há três anos, quando criamos o programa, sentimos uma adesão maior do que os cursos de 16 horas. A gente entende que há uma demanda crescente por um conhecimento um pouco mais profundo com relação a essa agenda por parte das empresas; inclusive por parte das pessoas que acumulam agenda de sustentabilidade junto com as agendas que já eram tocadas”, revela.

 

 

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