ESG é prioridade para 95% das agendas corporativas das organizações
Pesquisa da Aberje sobre ESG e sua comunicação nas organizações no Brasil aponta que Governança Corporativa é o fator ESG mais importante para as organizações participantes
A pauta ESG vem, cada vez mais, ganhando força nos mercados financeiros em todo o globo. Não foi diferente no Brasil. Com o intuito de explorar as múltiplas interfaces dos três pilares com a comunicação das organizações e as complexas interações entre os diversos agentes envolvidos no tema, a Aberje realizou a pesquisa “ESG e sua Comunicação nas Organizações no Brasil”.
O estudo, realizado com o patrocínio da Arcos Dorados (McDonald’s), foi apresentado e debatido de forma online, no dia 13 de outubro, durante o terceiro e último de uma série de eventos sobre as questões ESG e Comunicação. Na ocasião, participaram do debate a diretora de Comunicação e Sustentabilidade da Localiza, Rozália Del Gáudio; o diretor de Comunicação Corporativa e PR da Nissan Brasil, Rogério Louro; a superintendente de Comunicação da SulAmérica Seguros, Thaís Arruda; e Carlos Alberto Ramello, responsável pela pesquisa “ESG e sua Comunicação nas Organizações no Brasil” realizada pela Aberje. Para mediar o evento, a diretora de comunicação da Divisão Brasil da Arcos Dorados, Mariana Scalzo.
ESG e sua Comunicação nas Organizações no Brasil
Fundamentada a partir do tema do ano da Aberje “Comunicação e o Capital Ético”, a pesquisa “ESG e sua Comunicação nas Organizações no Brasil”, realizada em setembro com a participação de 79 grandes empresas localizadas no estado de São Paulo, buscou identificar as ações de ESG dentro das agendas das organizações e o que vem sendo feito para a comunicação sobre ESG. O estudo conta com o patrocínio da Arcos Dorados.
O tema ESG está presente como prioridade na maioria (95%) das agendas corporativas das organizações participantes da pesquisa, sendo: entre as três principais prioridades em 38% delas, entre as cinco principais prioridades em 35% delas e como prioridade máxima em 22% delas. “Isso é traduzido em programas; 91% das empresas possuem programas voltados à questão de sustentabilidade dentro dos pilares ESG e as que não tem estão trabalhando a sua implantação”, pontua Carlos Ramello, da Aberje.
De acordo com o estudo, os principais objetivos para se trabalhar os fatores ESG são o de causar impacto positivo tangível para a sociedade, declarado por 62% dos respondentes e alinhar-se aos objetivos, missão e valores da organização (61%). Outros objetivos que também podem ser destacados são: atender as expectativas dos clientes/consumidores e atender as expectativas dos investidores. Entre as principais barreiras/obstáculos para a implementação de projetos de ESG estão a limitação de fundos para sua implementação (35%).
Governança Corporativa é o fator ESG mais importante
A pesquisa da Aberje aponta que a governança é o fator ESG que os comunicadores avaliam como o mais relevante atualmente para as empresas. Mas como comunicar as políticas internas de governança para fora? Quanto à meta prioritária para melhorar suas práticas de governança corporativa, as empresas entendem que em primeiro lugar está reduzir os riscos do negócio; em segundo, melhorar a reputação da organização e em terceiro, assegurar o cumprimento da legislação (compliance).
Na visão de Rozália Del Gáudio, a governança robusta leva à tomada de decisões mais adequadas. “Comunicar a governança é um grande desafio. Penso que é contar com transparência como a empresa funciona, mostrar como é composto o conselho, quais são as políticas e diretrizes, como são feitas as tomadas de decisão na organização”, comenta.
“Essa comunicação deve conversar com os diferentes perfis. Uma base importante é começar dentro de casa, mostrar quais são as formas de agir aceitas dentro da organização, muitas vezes para além do compliance, estabelecendo o elo entre a questão de governança e cultura e qual a forma correta de agir para gerar esse impacto positivo e a mobilidade inteligente. Acredito que uma chave importante passa pelo engajamento com o público interno e depois entender que diferentes públicos têm necessidades de informação diferentes sobre governança”, completa.
Rogério Louro, da Nissan, analisa que cada empresa, evoluindo e trabalhando melhor a sua governança, automaticamente conecta as outras empresas de sua cadeia. “Através de uma operação mais consciente, dentro do compliance com todas as regras. Se a preocupação é evidente e uma só para todas as empresas, todas acabam convergindo, então governança também serve para alinhar as empresas”, complementa.
Diversidade e inclusão
Quanto ao tema Diversidade & Inclusão, a pesquisa aponta que 83% das organizações têm programa de D&I. Na SulAmérica, o tema é uma das pautas mais importantes e que faz parte da estratégia da companhia. Quem conta é Thaís Arruda, da SulAmérica Seguros: “temos um programa que envolve a empresa inteira, um time multidisciplinar com pessoas de todas as áreas da companhia que discutem diversos assuntos para entendermos como podemos atuar melhor, como podemos acolher melhor essas pessoas que entram para a empresa”, conta. “Ainda temos um caminho longo a percorrer e estamos dispostos a isso”, complementa.
Impacto Ambiental
Em sua maioria, as empresas têm programas para a redução do impacto ambiental, como: minimização e reciclagem de resíduos (92%), uso e conservação da água (86%), conservação de energia (84%), entre outros.
A maioria das organizações respondentes (68%) participam do Pacto Global da ONU, como signatária, participante, membro ou patrono temático. A maioria delas (63%), já utiliza os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para definir suas metas de desempenho corporativo. As campanhas internas são a forma que as organizações estão utilizando ou pretendem utilizar os ODS.
“Estamos convivendo com secas, chuvas, queimadas no Brasil e no mundo, um alerta mais importante do que esse mostrar que as empresas devem trabalhar o ciclo de vida em toda a composição do seu negócio, com seus parceiros e com a comunidade urgentemente trabalhando na questão de repensar o que nós queremos para um futuro do nosso planeta”, comenta Louro, da Nissan. “Também temos que trabalhar a inovação nos processos para impulsionar a mudança em todo o ciclo de um produto ou de um serviço e mais do que nunca, olhar a sua volta para identificar o que está acontecendo e incentivar o debate”, completa o executivo.
Métricas relacionadas ao ESG
Os dashboards de avaliação e de medição são fundamentais para medir a reputação e a sustentabilidade de uma empresa. A métrica relacionada ao ESG mais utilizada pelas empresas é a redução nas emissões de gases de efeito estufa. São utilizadas ainda, as mudanças na eficiência energética da organização (39%), o uso geral da água (30%), a medição do progresso em relação aos ODS (28%) e resultados de pesquisas de marca e reputação (27%).
As métricas relacionadas ao ESG são utilizadas, principalmente, na comunicação do desempenho sustentável aos clientes e à sociedade. 15% das empresas participantes não utilizam métricas relacionadas ao ESG. “O que não é medido não é levado à sério. A gente não chega em nenhum lugar se não soubermos para onde estamos indo”, enfatiza Mariana Scalzo, da Arcos Dorados.
Para Rogério Louro, trata-se de um tema complexo e difícil ainda e ao mesmo tempo. “Existem algumas opções externas que podem te dar uma base, mas eu consigo determinar algumas métricas internas e acompanhar essa evolução, cruzando os dados que você tem hoje com dados que você quer ter daqui a algum tempo, com padronização. Mais importante do que divulgar para fora é a realidade, é conseguir melhorar e evoluir em todos os aspectos, os rankings vêm naturalmente”.
A jornada ESG nas empresas
Reconhecida por sua governança robusta, a Localiza vem acelerando a sua agenda social e ambiental principalmente nos últimos anos. Rozália conta que, de 2017 pra cá, começou uma estruturação mais bem desenhada das ações envolvendo iniciativas ambientais, sociais e de governança e que a empresa se tornou signatária do Pacto Global da ONU. “A empresa vem organizando seus projetos relacionados à energias renováveis, emissão de gases do efeito estufa e vem incorporando iniciativas com projetos transversais na companhia. Este ano atualizamos a nossa matriz de mobilidade e a partir de discussões sobre a importância desse tema para o negócio e para o futuro da companhia atualizamos o nosso propósito corporativo: ‘Com você construindo o futuro da mobilidade sustentável’”, conta.
Na Nissan, o tema também tem sido acelerado nos últimos anos, desde a matriz e muitos pilares são trabalhados em nível global, seguindo estrutura própria com processos bem alinhados. Quem conta é Rogério Louro. “Hoje, a Nissan na América do Sul trabalha a questão da Diversidade & Inclusão e outros temas sociais como uma região, respeitando especificidades e características locais. A tendência é não haver mais grupos de afinidades e sim um único grupo juntando todos. Na questão de Meio Ambiente, temos o Nissan Green Program que lida com questões climáticas, escassez de água, qualidade do ar e a redução no consumo de recursos naturais. Sendo uma empresa de mobilidade, atuamos fortemente na área de veículos 100% elétricos e hoje impulsionamos a inovação de produtos e serviços para enriquecer a vida das pessoas rumo a uma mobilidade inteligente”, salienta.
A SulAmérica Seguros atua com ESG há mais de dez anos e também é signatária do Pacto Global e dos princípios dos investimentos responsáveis e dos princípios da sustentabilidade em seguros há mais de uma década. De acordo com Thaís Arruda, a sustentabilidade permeia o negócio e a cultura organizacional da companhia e o ESG faz parte de forma transversal na empresa. “Posso destacar que a companhia investe na digitalização há alguns anos e isso, sem dúvida, ajuda o meio ambiente. Conseguimos uma redução na impressão de papel muito considerável no último ano: de janeiro de 2020 a maio de 2021, 13,4 milhões de folhas de papel foram economizadas, sem contar a economia em água”, revela.
Assista à live completa no canal do Youtube da Aberje:
https://www.youtube.com/watch?v=eAVlwF62HmY
Leia também a cobertura dos eventos anteriores da série sobre ESG e Comunicação, com patrocínio da Arcos Dorados:
1º encontro: A comunicação e o capital ético nas pautas ambientais
2º encontro: A comunicação e o capital ético nas questões sociais
Destaques
- 28% das empresas observa transparência como principal desafio comunicacional, aponta pesquisa sobre comunicação no mercado financeiro
- Aberje Academia de Marcas: Latam compartilha case de diversidade e inclusão
- Lançamento do Livro “Brand Publishing na Prática” reúne especialistas em Comunicação
- Pesquisa apresenta novos insights sobre ESG nas organizações
- Websérie destaca os protagonistas da comunicação com stakeholders
ARTIGOS E COLUNAS
Lucas Bosco Tecnologias humanasCarlos Parente Comunicação, tecnologia e comportamento: um desenho rasurado na prancheta do artistaLuis Alcubierre O perigo do charme eleitoral e a urgente necessidade do senso crítico nas urnasGiovanni Nobile Dias “Em tempos de disseminação de desinformação, o papel do comunicador responsável e transparente nunca foi tão importante”Paulo Nassar A Importância do Associativismo: 57 Anos de Compromisso da Aberje com a Comunicação Empresarial