Web Summit Rio, dias 2 e 3: mais IA, chatGPT, diversidade e liderança
Leia sobre o primeiro dia do evento aqui.
Dia 2: O chatGPT vai matar o jornalismo?
O segundo dia do Web Summit Rio, maior congresso de inovação do mundo, que pela primeira vez foi sediada no Brasil, no Rio de Janeiro, mostrou menos problemas técnicos que a noite de abertura, apesar de que as críticas em relação às filas e demora no transporte e na alimentação foram constantes até o fim do evento.
Lições de personal brand com ex-executivo do TikTok: No palco principal, o Center Stage, Sean Kim, presidente da Kajabi e ex-chefe de produto do fenômeno TikTok nos Estados Unidos, foi entrevistado pela jornalista Elaine Reyes. Kim comentou a importância da construção de uma marca pessoal para criadores de conteúdo. Embora o foco da conversa fosse marca pessoal, alguns insights valiosos valem a atenção das organizações: “O desenvolvimento de marca cria muitas oportunidades. Acredito que o melhor jeito de construir um negócio é fora das redes, mas criadores de conteúdo devem focar em levar a audiência da rede social para seu negócio”, afirmou o CEO da Kajabi. Uma empresa ativa nas redes sociais, utiliza-se das plataformas para posicionar sua marca, aumentar público e engajamento, gerir reputação, não muito diferente de um influenciador construindo uma marca pessoal.
“O ChatGPT vai matar o jornalismo?”. É o que foi discutido por três jornalistas em um dos palcos mais provocativos do dia: Laura Bonilla, da Agence France-Presse; Greg Williams, da Wired; e Paula Mageste, da Globo Condé Nast; o debate foi mediado pelo também jornalista Steve Clemons, da Semafor. Ao entrar no palco, o mediador perguntou primeiro ao próprio ChatGPT se a tecnologia mataria o jornalismo. “Não tenho capacidade de matar nada. Acredito que o jornalismo seja fundamental para sociedade”, respondeu a IA – “bastante chato”, resumiu o jornalista sobre a maioria das respostas que a IA elabora.
Segundo Laura Bonilla, “vejo o ChatGPT como um assistente, podemos delegar algumas tarefas. O trabalho do editor vai mudar, o papel dos jornalistas pode mudar, mas os humanos precisam ter a última palavra. Precisamos de pensamento crítico, é o que nos faz humanos e é para isso que serve o jornalismo”. Para Greg Williams, “O ChatGPT pode ser classificado como uma bullshit machine, não têm compromisso com a verdade, apenas reproduz as informações que já estão na internet. O jornalismo pode utilizar IA em certos cenários como manchetes ou brainstorm, mas ainda têm muitas imprecisões. Todavia, ela vai evoluir”. Já para Paula Mageste, “o que não te mata te deixa melhor. Se resolvermos que tarefas básicas serão feitas por IA, temos que ter humanos checando o que ela provê. Acredito que todo esse avanço fará diferença, temos que estar no mais alto nível de performance daqui pra frente. Não há como negar que o mercado ficará mais difícil, mas no final a tecnologia pode falhar também.”
Futuro da Diversidade e Inclusão: Um aspecto interessante do Web Summit é a variedade de formatos acontecendo ao mesmo tempo: são palestras, masterclasses, entrevistas, mesas redondas, coletivas. Um desses formatos não convencionais são as roundtables, roda enxuta entre palestrante e público, em que a proposta é, sobretudo, de bate-papo e troca entre os integrantes. Uma dessas roundtables abordou “IA para DEI”, a inteligência artificial para os temas de diversidade nas empresas. O que ficou claro é a necessidade crescente do uso de dados e métricas para trabalhar com DEI. Isso suscita temas importantes de serem debatidos, como os vieses dos bancos de dados e a necessidade de “algoritmos afirmativos”, IAs que ativamente atuem para não discriminar; padronização de metodologias de pesquisa e censos, que falta no Brasil; e formação e capacitação em tecnologia para pessoas de grupos minorizados.
Dia 3: O que faz um bom líder?
Temas como storytelling, criatividade, design e, claro, mais IA, deram o tom do último dia do Web Summit Rio.
Storytelling: No Center Stage, durante a palestra “How to Fix your Pitch”, os convidados, investidores em Venture Capital, indicaram os principais pontos que fazem suas empresas investirem em empreendedores, dando algumas dicas valiosas para comunicadores: “Costumo investir em startups nos primeiros estágios, para decidir em quais, valorizo muito a equipe, além de ambição e storytelling, como o pitch é passado para os investidores. A habilidade de montar equipes faz um bom líder”, afirmou Izabel Gallera, sócia da Canary. Silvina Moschini, fundadora e presidente da Unicoin, também citou a importância do storytelling: “Sem um bom storytelling, você está atrás da concorrência. Se não for bom em passar o pitch da empresa em frente a investidores, é preciso ter alguém na equipe que possa representar e apresentar sua empresa.”
Criatividade e o fator humano: o painel reuniu Carolina Kia, CEO da bud; Jean Philippe Rosier, sócio da Perestroika; e o ator e apresentador Otaviano Costa. A mediação ficou por conta de Lia Rizzo, co-fundadora do Tempo de Mulher. Otaviano comentou sobre a necessidade da adaptação às novas tecnologias: “A tecnologia muda o comportamento? Ou o comportamento muda a tecnologia? Cada plataforma tem seu padrão, cabe a nós entender como funcionam e a melhor maneira de comunicar através delas com quem nos acompanha. Se não conhece seu público, não conhece a si mesmo”.
Saúde mental: depois da mediadora Lia Rizzo direcionar a discussão para a questão de saúde mental nas organizações, Carolina Kia opinou sobre o tema. “Da perspectiva de grandes empresas, acredito que precisamos estar com a mente saudável para sermos produtivos e criativos. Não adianta adotar práticas organizacionais que pressionam muito as pessoas e exigir delas sua melhor versão. Como ser criativo com medo de errar? A cultura precisa ser fértil para as pessoas estarem bem e, consequentemente, darem seu melhor.”
Liderança: “fundadores tornam-se bons CEOs?”, foi a pergunta discutida entre Thibaud Lecuyer, CEO da Loggi; Edith Harbaugh, co-fundadora e chair da LaunchDarkly; e Robson Privado, co-fundador e Chief Growth Officer da MadeiraMadeira, mediada pela jornalista Sandra Boccia, diretora da Editora Globo. Em geral, fundadores e empreendedores possuem skills fundamentais para o desenvolvimento do negócio, como paixão, trabalho árduo e visão estratégica. Porém, quando a empresa cresce, outras habilidades são necessárias, principalmente em gestão de pessoas. “Após vender a primeira empresa que eu fundei, depois de cinco anos como fundador e CEO, eu percebi que precisava desenvolver outras habilidades para começar uma empresa nova. Para isso, entrei no mundo corporativo, principalmente para aprender sobre como gerenciar pessoas. Uma coisa é gerenciar 10, 100 pessoas. Outra completamente diferente é gerenciar 1000, 10 mil pessoas.”, afirma Robson Privado.
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