Tecnologia estará mais presente no dia a dia de cidadãos e empresas após a pandemia 10 de setembro de 2021
Estudo da EY mostra que poder público deve aumentar oferta de serviços nos meios digitais
Serviços de delivery por meio de aplicativos, reuniões por teleconferência e agendamento de consultas médicas on-line. Em poucos meses, a Covid-19 obrigou a população a ampliar o uso da tecnologia no seu dia a dia. Para o poder público, foi colocado o desafio de acelerar os serviços públicos digitalizados e promover a inclusão digital dos cidadãos, em especial nas classes sociais menos favorecidas.
Estudo realizado pela EY, uma das principais empresas de consultorias do mundo, procura analisar e entender como a vida das pessoas está se transformando em um mundo conectado e suas expectativas sobre o papel do governo e dos serviços públicos no ambiente digital, após a pandemia.
“A pandemia de Covid-19 provou ser o maior rompimento global para a vida das pessoas desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em poucos meses, a crise alterou nossas expectativas e comportamentos, catalisando mudanças na maneira como trabalhamos, brincamos, compramos e interagimos”, diz trecho do relatório, que destaca o impacto das mudanças no setor público: “O impacto sobre os governos foi profundo. Muito poucos estavam bem preparados para lidar com os desafios criados por este tipo de emergência”, completa o estudo “Os governos vão voltar ao passado ou alimentar um futuro digital?”, que serve como base aos governos que lidam com o aumento da digitalização de serviços públicos, em decorrência da Covid-19.
No total, foram ouvidas mais de 12,1 mil pessoas, em 12 países, incluindo o Brasil. O estudo mostra que a maior parte dos entrevistados prevê grande uso da tecnologia em suas vidas e espera que isso traga benefícios em um ou mais aspectos de sua vida no pós-pandemia. Um deles é a prestação de serviços públicos, em que a população vai exigir do poder público maior presença dos serviços e ações oferecidos nos meios digitais.
“A pandemia nos colocou diante de um cenário em que os governos tiveram de acelerar a adoção de novas tecnologias para continuar dialogando e provendo serviços aos seus cidadãos”, explica Luis Pontes, líder da consultoria EY para governos e setor público.
Segundo Pontes, entre os grandes desafios, tanto dos governos como da iniciativa privada, está a forma de lidar com os mais diversos tipos de público, desde os mais jovens acostumados com os meios digitais até o cidadão que não tem nenhum tipo de acesso à tecnologia, em especial nas camadas sociais abaixo da linha de pobreza. “Como promover inclusão tecnológica se a pessoa não tem nem energia elétrica em casa?”, indaga Pontes.
De acordo com o estudo da EY, os desafios são grandes e devem ser trabalhados por todas as esferas de governo: federal, estaduais e municipais. Os governos deverão ser capazes de criar um ambiente favorável para que a economia digital seja próspera e acessível para toda a população, por meio de investimentos em infraestrutura tecnológica, regulamentações, plataformas, comunicação eficiente com os mais diversos públicos e programas de inclusão digital.
Para viabilizar a implementação dos programas, que sempre esbarram na escassez de recursos, cabe aos governantes desenvolverem estratégias para atrair a iniciativa privada, por meios de parcerias público-privadas (PPPs), concessões e programas de retorno institucional às empresas, entre outras formas de captação de recursos.
“É necessário destacar que os serviços digitais são muito mais econômicos para o estado do que os presenciais. Logo, a adoção da tecnologia também é uma maneira de economizar recursos públicos”, acrescenta Pontes. Ele lembra, porém, que a transformação digital promovida pelo poder público deve ser feita de tal maneira que inclua todos os cidadãos, principalmente aqueles que não têm qualquer acesso à tecnologia. “É preciso tomar muito cuidado para que as pessoas que já são menos favorecidas no atendimento analógico não sejam ainda mais excluídas no atendimento digital”, conclui o consultor.