Seminário internacional promovido pelo Instituto Ayrton Senna discute o desenvolvimento de criatividade
Para desenvolver plenamente crianças e jovens, preparando-os para enfrentar os desafios do século 21 e desenhar seus próprios projetos, professores e escolas devem criar oportunidades eficazes para o desenvolvimento das competências de criatividade e pensamento crítico dos estudantes tanto quanto promover o conteúdo dos componentes curriculares. Esse foi o tema do Seminário Internacional Criatividade e Pensamento Crítico na Escola, realizado pelo Instituto Ayrton Senna – instituição associada da Aberje – com apoio da Unesco, que reuniu cerca de 600 pessoas, entre elas educadores, especialistas, acadêmicos, gestores e órgãos governamentais para debater o tema no último dia 5.
O evento contou com palestrantes nacionais e internacionais e faz parte da iniciativa do Instituto Ayrton Senna de disseminar conhecimento com base em evidências e contribuir com o debate sobre o desenvolvimento e avaliação dessas duas competências em sala de aula.“O Instituto Ayrton Senna é um centro de inovação que traz o melhor da ciência para a educação e vice-versa, produzindo e mapeando o conhecimento já produzido e assessorando redes públicas no desenho tanto das políticas públicas como práticas de ensino lastreadas em evidências”, disse Viviane Senna, presidente do Instituto.
Destacando como a organização vem atuando em relação ao tema do seminário, Tatiana Filgueiras, vice-presidente de Educação, valorizou estudos que indicam que o desenvolvimento de criatividade e pensamento crítico na escola é muito promissor. “Há 5 anos estamos estudando esse tema e queremos compartilhar o aprendizado, que está só começando. O momento é muito especial, pois temos o desafio de implementar a BNCC e colocar essas competências em prática”. Rebeca Otero, coordenadora de Educação da Unesco, ressaltou a participação das diversas organizações presentes no evento para levar a agenda da educação adiante. “A educação é um papel de toda a sociedade, incluindo as organizações sociais e mecanismos internacionais; é importante reunir todos que desenvolvem estudos e promovem esses debates”, disse.
Para desmitificar o senso comum sobre o pensamento crítico e a criatividade, Viviane iniciou o dia falando sobre os mitos e verdades acerca destas competências, ressaltando que não são talentos natos e para poucos, e sim algo que pode ser desenvolvido na escola para todos os estudantes. “Criar não é magia, é trabalho intelectual e socioemocional”, disse. A presidente também valorizou como as atividades escolares podem contribuir com esse processo, sendo fundamentais para esta aprendizagem. “Criatividade é um potencial humano, tanto quanto ler ou escrever, e, como todo potencial, ele precisa e deve ser desenvolvido”, afirmou.
Falando da importância dessas competências para o século 21, Andreas Schleicher, diretor de Educação da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), ressaltou que em um mundo em constante mudança, as escolas também precisarão se adaptar. “Nessa nova sociedade, quem não for criativo será substituído por robôs ou computadores no seu trabalho”, refletiu. O diretor compartilhou algumas das experiências da OCDE com o projeto “Desenvolvendo e avaliando criatividade e pensamento crítico em educação”, que teve como objetivo identificar consensos e propor uma linguagem comum entre a comunidade internacional de educação sobre o que significaria desenvolver e avaliar essas competências em sala de aula. O projeto envolveu 11 países, incluindo o Brasil, que participou por meio de atuação do Instituto Ayrton Senna, e serviu como uma das fontes de inspiração para o seminário.
Ao falar sobre os desafios da educação para o futuro, ressaltou o seu papel no desenvolvimento de competências essencialmente humanas. “Precisamos ensinar os estudantes a pensar mais nas perguntas que fazem, e não nas respostas; é uma mudança de pensamento”, defendeu. Andreas também falou sobre o PISA 2021, que passará a avaliar o pensamento criativo dos estudantes. “Essa edição é uma experiência inicial, que vai confrontar os alunos com questões relacionadas à sua vida real”, adiantou.
APRENDIZADOS – Reunindo as reflexões e aprendizados do dia, Tatiana Filgueiras falou sobre como as discussões propostas poderiam gerar novos debates e inspirar gestores e educadores a levarem o desenvolvimento de pensamento crítico e criatividade aos seus estudantes. A vice-presidente de Educação do Instituto falou sobre o tema sob o viés do desenho e implementação de políticas públicas com base em ciência, refletindo ainda sobre a forma como as habilidades chegam à sala de aula. “Essas duas competências morrem se entendermos que a educação é a mera transmissão de conhecimentos socialmente estabelecidos”, disse.
O evento também contou com o lançamento do guia digital “Criatividade e Pensamento Crítico – um guia para pensar o agora e criar futuros”, no site do Instituto Ayrton Senna, e também da versão em português do relatório da OCDE, “Desenvolvimento da Criatividade e do Pensamento Crítico dos Estudantes – o que significa na escola”, publicada em parceria entre o Instituto Ayrton Senna e a Fundação Santillana, disponível aqui. O estudo reúne os aprendizados dos 11 países participantes do projeto de desenvolvimento de tais competências promovidos pela OCDE, além de materiais de apoio para professores, como um portfólio de planos de aulas e metodologias favoráveis ao estímulo da criatividade e do pensamento crítico, além de um conjunto de definições bastante acessíveis e claras sobre como essas duas competências podem ser demonstradas em sala de aula, apoiando ações de planejamento e acompanhamento dos professores na interação com os estudantes com este foco.
Em breve, novos conteúdos serão incorporados ao hotsite criado para a divulgação do evento, como vídeos e apresentações dos palestrantes que autorizarem esse compartilhamento.
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