31 de agosto de 2021

Práticas de ESG e Lobby Digital: mobilizando a opinião pública para as causas relevantes

Tema foi debatido por especialistas referência nas áreas de ESG, Lobby e Influência

Tema foi debatido por especialistas referência nas áreas de ESG, Lobby e Influência

Especialistas referências em ESG, Lobby e Influência debateram, no dia 25 de agosto, o tema Práticas de ESG e Lobby Digital: mobilizando a opinião pública para as causas relevantes, durante encontro online gratuito promovido pela Aberje.

A abertura ficou por conta do diretor-geral da Aberje Hamilton dos Santos e o debate contou com a participação da especialista em Sustentabilidade, conselheira de Administração, colunista do Valor Investe e SDG Pioneer pelo Pacto Global das Nações Unidas, Sonia Consiglio Favaretto; do consultor, autor e palestrante Renard Aron, autor do livro Lobby Digital Como o cidadão conectado influencia as decisões do governo e das empresas, lançado pela Aberje Editorial; do CEO da consultoria Ideia Sustentável e da Plataforma Liderança com Valores, Ricardo Voltolini; e do diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA/USP, Paulo Nassar.

Para mediar o debate foi convidado o diretor da Midfield Consulting, consultoria especializada em relações institucionais e governamentais (RIG), advocacy e comunicação empresarial, Carlos Parente, autor do livro Lobby e Comunicação – A integração da narrativa como via de transformação, também pela Aberje Editorial, juntamente com Paulo Nassar.

Ao abrir o encontro, Hamilton dos Santos frisou que discutir um tema como esse é um privilégio. “Temos a oportunidade de desmistificar e deixar de endemonizar ainda mais a palavra ‘lobby’. Juntar essa palavra à ‘digital’ em épocas de milícias digitais é, no mínimo, interessante”. Por sua vez, Carlos Parente fez questão de enfatizar que um tema tão relevante quanto este circunda o presente e o futuro do mundo corporativo. “As organizações vêm se desafiando a aprender a se educar e a conhecer com mais profundidade até para poder construir estratégias de advocacy, de defesa de interesses legítimos”, ressaltou.

Carlos Parente

Na visão de Sonia Consiglio Favaretto, o ambiente corporativo ainda está construindo esse novo modelo ESG. “Estamos trazendo o ambiental e o social para dentro do econômico e é um modelo que não dá pra fazer sozinho e o ambiente digital, com sua lógica, é um instrumento fenomenal. E acho que já temos o mapa muito claro: um mundo com profundas desigualdades que foram intensificadas com a pandemia; o aquecimento global como uma ameaça concreta ao meio ambiente, às pessoas e aos negócios; fenômenos de migração em massa e temos e riscos ambientais e sociais se materializando, de reputação, de imagem, temos padrões de comportamento mudando, ou seja, não vamos enfrentar tudo isso em voo solo, precisamos ir juntos, pois crescemos com as divergências e nos olhares diversos”, refletiu a executiva. 

Ao comentar a implementação de uma ‘filosofia’ ESG nas empresas sem correr o risco de greenwashing, Sônia ponderou que o mais importante é entender a verdade da organização para atuar em ESG. “Vejo que há dois desafios para introduzir a cultura e a lógica do ESG: conhecimento e liderança. As pessoas precisam entender do que estamos falando, e ter uma liderança participativa. É preciso, antes de tudo, se preocupar em posicionamento, em narrativa e contar a verdade; instrumentos dependem do momento da empresa, mas é importante que seja bastante quantitativo”, recomendou.

Sônia Favaretto

Sobre o tema, Ricardo Voltolini salientou a importância de as organizações pensarem sustentabilidade associada ao negócio e considera que o ESG não é uma sigla nova para uma ideia antiga. “O ESG traz uma lógica bastante diferente que, de alguma maneira, está envolvendo todas as companhias do mundo. No tempo da Sustentabilidade, há um ano e meio atrás, era um tema de escolha e agora ganhou urgência, tendo caráter mandatório; era um tema claramente de uma área de negócio, agora é um tema do CEO e do conselho de administração; era um tema tático, que se resumia a algumas iniciativas ou projetos pontuais e agora é um tema estratégico; e os investidores eram extremamente desatentos aos temas ambientais e sociais e agora passaram a ser ativistas”, analisou.

Em sua visão, este é um tema que deve ser tratado de forma transversal, pois quanto mais estratégico o tema se torna, mais importante se torna a participação multidisciplinar ou multiárea. “A comunicação não pode ser chamada a comunicar quando o pacote está pronto. Quando não se sabe o que comunicar, você acaba falando de práticas, iniciativas e ações e não da estratégia. E o que vai mudar a percepção dos públicos em relação ao posicionamento ESG de uma empresa é a estratégia, é como ela pensa em fazer negócios no futuro e a comunicação tem papel fundamental”.

Ricardo Voltolini

Essa mudança de lógica também foi analisada por Renard Aron ao comentar o tema ESG e lobby digital. “Hoje estamos num novo ambiente, que viabilizou tanto a agenda ESG quanto o lobby digital e as empresas devem entender esse ambiente distinto daquele de cinco a 10 anos atrás, quando a lógica era outra. As mídias sociais viabilizaram o debate público de políticas públicas, que não havia antes delas; além disso, essas mídias trouxeram um novo ator para esse debate: o cidadão, que nunca foi visto como um stakeholder pelas organizações”, refletiu. 

 Para além do debate público no ambiente digital, Renard entende que a questão da polarização nas redes sociais veio para ficar. “As empresas estão sendo demandadas a se posicionar. Não tem mais como uma organização ser tudo para todos como em anos atrás, pois na hora em que se tem uma sociedade em que o cidadão está consumindo os valores de uma marca, além dos produtos e serviços, não tem como a empresa encampar todos os valores. Não tem como ser tudo para todos”, ressaltou.

Renard Aron

Por sua vez, Paulo Nassar acentuou que a discussão sobre o tema traz uma dimensão society at large. “Todos os problemas que a pandemia trouxe de certa forma, podem ser espelhadas na sigla ESG, que traz uma dimensão de utopia, porque mesmo na comunicação empresarial, a gente ficou distópico com muitos números e resultados, mas o dinheiro não pode estar estampado como a coisa mais importante do mundo”, argumentou.

Assista a live na íntegra: 

https://www.youtube.com/watch?v=z0pmuss_BlU

 

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