28 de outubro de 2021

Pesquisa inédita: estratégia de sustentabilidade não existe em 60% das empresas grandes e médias

Estudo realizado pelo Instituto FSB Pesquisa para a Beon, consultoria de ESG do Grupo FSB, mostra que boas práticas são minoria entre companhias brasileiras

Apesar do tema ESG ter ganhado importante visibilidade a partir de uma crescente preocupação do mercado com práticas ambientais, sociais e de governança, 60% das grandes e médias empresas do Brasil ainda não possuem uma estratégia de sustentabilidade. Esse é um dos principais achados de um estudo inédito realizado pelo Instituto FSB Pesquisa para a Beon, consultoria de ESG do Grupo FSB.

A pesquisa foi realizada com mais de 400 empresários e CEOs de todos os setores econômicos e regiões do País, em amostra representativa das empresas de médio e grande porte. O objetivo foi avaliar a maturidade dessas organizações na gestão da sustentabilidade, usando como indicador a adoção de boas práticas no tema.

Além da existência de uma estratégia de sustentabilidade, o estudo buscou entender como as organizações consideram o contexto socioambiental em suas estratégias e avaliações de riscos e oportunidades. Apesar de 79% afirmarem que questões sociais relevantes estão presentes na estratégia de negócios, apenas 22% realizam gestão e acompanhamento dos seus temas ESG relevantes.

Para Danilo Maeda, diretor da Beon, consultoria de ESG que contratou a pesquisa, a combinação do lucro com benefícios socioambientais vale a pena. “Ter boas práticas de sustentabilidade é mais que um diferencial competitivo. É um requisito mínimo para qualquer negócio no século 21. O conceito de geração de valor compartilhado protege a organização no longo prazo e é uma premissa para investidores, consumidores e sociedade em geral. Vivemos a emergência da economia regenerativa, em que empresas são vistas como parte do problema e da solução”, explica.

Além de avaliar a existência de estratégias ESG, o estudo mostra que há desafios de implementação. As metas socioambientais, por exemplo, estão presentes em 31% das empresas pesquisadas. Em 50% destes casos (15,5% da amostra total), as metas estão relacionadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). “As metas indicam comprometimento. Com transparência e boa governança, aceleram as mudanças, com benefícios para a empresa e seus públicos. A relação com os ODS conecta isso a um compromisso global do qual todos fazemos parte”, analisa Maeda.

 

Utilização de ferramentas para gestão sustentável também é baixa

A matriz de materialidade, que avalia os impactos mais importantes de uma empresa sob a ótica da gestão e de seus públicos estratégicos, está presente em apenas 19% das organizações. Destas, 42% contaram com participação dos stakeholders no processo (8% da amostra total). Outros números também indicam baixa adesão às melhores práticas ESG: apenas 29% possuem estrutura formal para governança da sustentabilidade e só 43% têm mapas de risco socioambiental, por exemplo.

“A primeira coisa que as empresas podem fazer para mudar esse cenário é investir em engajamento com stakeholders para identificar as questões sociais e ambientais mais relevantes em seu negócio e cadeia de valor. A partir daí, é preciso traçar uma agenda estratégica que estabeleça um senso de direção claro, integrar sustentabilidade ao negócio, revisar práticas e implantar novos processos e ferramentas. É uma jornada contínua e muitas vezes difícil, mas que vale a pena. Vimos na pesquisa que o mais importante para as empresas do Brasil hoje é começar”, ressalta Maeda.

 

Alguns destaques da pesquisa:

– Enquanto 37% possuem uma estratégia de sustentabilidade (60% não possuem e 3% não responderam), 43% têm mapas de risco socioambiental. Dessas, 42% (18% da amostra total) consideram toda a cadeia de valor (incluindo pós-consumo).

– As metas socioambientais estão presentes em 31% das empresas. Dessas, 50% as relacionam com os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável). Nesse grupo, 19% ligam as metas à remuneração das lideranças. Ou seja: na amostra total, 3% das empresas atrelam remuneração dos executivos a metas socioambientais.

– 29% das empresas possuem estrutura formal para governança da sustentabilidade.

– Apenas 19% das empresas possuem matriz de materialidade. Destas, 42% contaram com participação de stakeholders na análise de temas materiais (8% da amostra total) e 46% refazem o processo regularmente.

– 22% fazem gestão e acompanhamento dos temas ESG relevantes.

– Por outro lado, 79% afirmam que questões sociais relevantes estão presentes na estratégia de negócios.

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