Pesquisa conduzida pela Aberje trata de fake news e a relação com o mundo corporativo
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De que modo as fake news vêm impactando o dia a dia dos comunicadores e os negócios de um modo geral? Essa e outras questões são respondidas na segunda edição da pesquisa Fake News: Desafios das Organizações, conduzida pela Aberje e apresentada durante live promovida pela associação no dia 10 de outubro. A pesquisa – que teve como principal objetivo conhecer a dimensão do problema e os mecanismos que podem contribuir para mitigar a propagação das fake news – está alinhada às contribuições realizadas pela Aliança Aberje de Combate às Fake News, movimento empresarial contra a desinformação.
Ao iniciar a explanação dos resultados da pesquisa, Luiz Chinan, professor da Escola Aberje de Comunicação e curador da Aliança Aberje, sinalizou alguns pontos que foram debatidos por Sérgio Fausto, diretor-geral da Fundação FHC; Felipe Grandin, editor do portal g1, responsável pelo projeto Fato ou Fake; e Pâmela Vaiano, superintendente de Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco.
De acordo com Chinan, a pesquisa mostra três aparentes paradoxos: o primeiro é que 51% das empresas responderam que foram afetadas economicamente por questões envolvendo fake news, mas somente 29% já contam com um plano de contingência para combater a desinformação em seus ambientes de negócio.
O segundo paradoxo apontado pelo executivo é que 75% das empresas sentem que podem sofrer alguma ameaça de uma campanha de desinformação no mercado em que atuam; em contrapartida, apenas 26% das organizações já realizaram um plano de treinamento com suas lideranças, por exemplo. O último paradoxo tem a ver com uma questão comportamental: 61% dos diretores respondentes afirmaram que costumam recorrer às redes sociais para obterem informações sobre o seu negócio e mercado em que atuam; e 81% deles responderam que não confiam nas redes sociais como fontes de informação.
“É aí que entra a questão X das fake news, que tem muito a ver com comportamento e não com a nossa racionalidade. Essa é a grande dificuldade de se combater o compartilhamento de notícias falsas. E isso se reflete na pesquisa ao apontar que somente 2% dos respondentes disseram que costumam consultar as redes de checagens”, comentou Chinan. “A pesquisa deixa claro que há uma consciência sobre o problema, mas as empresas ainda não partiram para o segundo passo, de um enfrentamento próprio desse problema, com sistemas específicos de treinamento de lideranças para lidar com notícias falsas”, complementou.
E como as empresas podem combater esse problema? Para as empresas respondentes, a melhor solução seria o bloqueio e a desmonetização de redes sociais que produzam ou compartilhem fake news.
As fake news no universo empresarial
As fake news prejudicam a sociedade como um todo. As redes sociais democratizaram o debate público, mas a espera do debate público está contaminada. Essa é a visão de Pâmela Vaiano: “hoje o domínio informacional – que é baseado no medo, no terror, na mentira – pesa diante da persuasão. As fake news desvirtuaram a capacidade da sociedade de conversar e discutir, e isso afeta as organizações em um momento em que o consumidor tem um poder muito mais forte e estão mais próximos às empresas”, disse, explicando que fake news é necessariamente diferente da desinformação porque um organismo orquestrado, intencional e que se utiliza de mecanismos para a sua disseminação.
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Sérgio Fausto concorda com Pâmela ao ressaltar que é importante diferenciar fake news de informação ou imprecisa. “Há informações imprecisas sobre as empresas, há outras incorretas e há informações verídicas, porém desagradáveis para as empresas”, avaliou. “A imprensa tem uma delegação implícita da sociedade para atuar como numa espécie de vigia de várias esferas de poder e o mundo corporativo é um deles. Não há nada de errado nisso. O problema começa quando a informação errônea deixa de ser errônea para ser maliciosa que tem a intenção de destruir imagens e reputações”, explicou.
O executivo ressaltou que a tecnologia permite que isso aconteça em maior grau do que no passado, porém não é a única ‘culpada’ pela desinformação. “Há uma mudança mais importante na sociedade que é uma espécie de mudança de regime na construção de uma realidade paralela, na qual os fatos mais elementares não são respeitados”, analisou Fausto.
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“Os fatos são passíveis de interpretação. O mundo é relativamente caótico e você organiza o mundo através de um recorte que você faz da realidade e uma interpretação que você faz dos fatos, e isso é passível de discussão. O que estamos vivendo é uma coisa diferente: é da construção de fatos que não existiram ou é uma distorção de tal ordem da interpretação que foge a qualquer parâmetro racional de compreensão da realidade”, salientou. “A fake news não é um fato isolado, ela faz parte de uma orquestração para mudar a forma pela qual as pessoas compreendem a realidade”, frisou Fausto.
Organização e sofisticação
Na ocasião, Felipe Grandin, da Fato ou Fake, comentou que os grupos que produzem fake news estão cada vez mais organizados e sofisticados. “São basicamente três os principais motivadores para a produção das notícias falsas: 1) os ‘trolls’, que criam a mentira por diversão; 2) grupos que querem alcançar as suas ideologias políticas, religiosas e de costumes, construindo uma ideia, seja atacando alguém, seja criando medo; e 3) o que tem crescido mais recentemente, grupos que viram uma oportunidade de ganhar dinheiro a partir da monetização das fake news nas plataformas”, elencou.
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De acordo com Grandin, os pesquisadores identificaram essas motivações, porém esses grupos não agem isoladamente. “Tem uma caraterística muito comum que, nas redes sociais, existem temas que viralizam e que todo mundo quer entrar para aproveitar o engajamento. Você pode aproveitar de forma positiva e de forma negativa. Os produtores de fake news estão sempre de olho no que está viralizando para sequestrar e ‘pegar carona’ nesse tema e acabam agindo de forma conjunta, tornando todos os atores mais vulneráveis”, explicou.
Assista à live na íntegra:
https://www.youtube.com/watch?v=30l9nMy0Ijk
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