Paulo Nassar e Francisco Viana abordam a ilusão que envolve a sociedade brasileira

Diante dos atuais acontecimentos na política brasileira, é difícil desviar a atenção de tais fatos. Em artigo publicado pelo Correio Braziliense ontem (5), Paulo Nassar, professor livre-docente da ECA-USP e Diretor-Presidente da Aberje, e Francisco Viana, consultor de empresas e Doutor em Filosofia Política (PUC-SP), procuram outra abordagem, de maior importância, para pensar o momento atual: a ilusão que envolve a sociedade brasileira.

De acordo com Nassar e Viana, a ilusão brasileira já estava na expectativa de que “a sociedade parecia caminhar para um duradouro ciclo de desenvolvimento” pós ditadura militar. Mas logo nos primeiros anos de volta as eleições diretas para a presidência da República, houve um impeachment, junto com a inflação da moeda e a famigerada Lei de Imprensa. Mas também há heranças positivas. Os autores citam “a legalização das esquerdas, a organização e mobilização pelas 'Diretas Já' e, posteriormente, nos protestos de junho de 2013 – e, acima de tudo, a percepção de que o País precisa de uma nova narrativa política, voltada para o cidadão comum, que não mais aceita ser tratado como artigo de manipulação de marqueteiros e políticos inescrupulosos”.

Assim, eles refletem que as peças de ilusão estão se liquefazendo, já que a sociedade está manifestando o direito de participar, aparentemente de forma passiva “mas na realidade observa, transmitindo a sensação de que amadureceu enquanto seus representantes permanecem no passado”.

"O que é real e o que é ilusório se tornou visível na prática. O fio de saída do labirinto está em retomar os sonhos inconclusos da sociedade e escolher por não mais repetir o conteúdo ilusório do passado. Caso contrário, cedo ou tarde, a sociedade irá se manifestar. E os mercadores de ilusões serão defenestrados do poder. Que disso não exista dúvida", completam os autores.

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