O legado do investimento social privado durante a pandemia

“Respostas do investimento social em tempos de crise: desenvolvimento com envolvimento” foi tema de live promovida pela Aberje e Animus Consultoria e Gestão
O ano de 2020 ressaltou a relevância de ações ligadas à Investimento Social Privado – ISP quando, diante de um cenário inimaginável, empresas, fundações e institutos tiveram papel fundamental no combate à pandemia mobilizando recursos e doações para iniciativas emergenciais em vários cantos do Brasil. A fim de abordar de que forma o investimento social contribui para impulsionar as ações de Responsabilidade Social das organizações, a Aberje em parceria com a Animus Consultoria e Gestão, promoveu a live Respostas do investimento social em tempos de crise: desenvolvimento com envolvimento. O encontro online foi realizado no dia 24 de novembro e transmitido via Youtube da Aberje.
Para contribuir com essa discussão, foram convidados José Fernando do Valle, diretor de Operações a Clientes na 3M do Brasil e presidente voluntário no Instituto 3M; Talita André, gerente de Inovação e Desenvolvimento Institucional no Instituto Votorantim; e Thatiana Zukas, gerente de Diversidade e Investimento Social no Grupo Pão de Açúcar e responsável pelo Instituto GPA. A live também contou com a participação de José Maurício Fitipaldi, sócio fundador na Animus Consultoria e Gestão, e da diretora criativa da consultoria Marina Mattaraia, que atuou como mediadora durante o encontro.

Instituto 3M: ferramenta de engajamento social
O diretor de Operações a Clientes na 3M do Brasil, José Fernando do Valle assumiu, há dois anos, a liderança voluntária como presidente do Instituto 3M, criado em 2006 a fim de contribuir para a transformação social, promovendo o empreendedorismo das futuras gerações. Na ocasião, o executivo contou como é a atuação da companhia em relação a investimentos sociais, quais seus principais pilares e como é o envolvimento com o core do seu negócio.
A instituição trabalha alicerçada nos pilares de Ciência e Tecnologia, Tecnologia Social, Educação e Desenvolvimento Social. “O Instituto 3M é uma ferramenta de engajamento e de investimento sustentado em responsabilidade social. “Nosso foco no engajamento social é um fator de atração e retenção dos melhores talentos”, disse Valle. “O voluntariado é muito incentivado na companhia que desenvolve projetos específicos voltados às comunidades locais, por meio do engajamento voluntário”, contou.

Entre os programas citados pelo executivo estão a Mostra de Ciências e Tecnologia, que anualmente interage com a comunidade na descoberta de jovens talentos; a Escola Formare, que em parceria com a Fundação Iochpe do Paraná, transforma os colaboradores da 3M em educadores voluntários para trazer jovens carentes para dentro das unidades fabris. Além das ações estratégias baseadas em suas diretrizes, a companhia também reforçou suas ações de assistência através de campanhas de arrecadação de alimentos com a participação voluntária dos colaboradores e do instituto, a fim de atender às necessidades básicas das comunidades em que atua.
Instituto GPA: agente de transformação da sociedade
Presente em todas as regiões do Brasil, o Grupo Pão de Açúcar é o maior empregador privado do país no seu setor de atuação com mais de 109 mil colaboradores. Seu braço social, o Instituto GPA vem, há mais de duas décadas oferecendo oportunidades para despertar o trabalho por vocação e fomentando ações específicas de mobilização social, convidando colaboradores e fornecedores a participarem de doações.
Ao compartilhar as ações da companhia em relação a investimentos social privado, a gerente de Diversidade e Investimento Social no GPA Thatiana Zukas contou que em 2013, houve uma redefinição de alguns dos pilares da estratégia de sustentabilidade. “Um deles foi o engajamento com a sociedade, cujo objetivo é fortalecimento das nossas relações com os clientes, colaboradores, fornecedores e todas as organizações sociais para desenvolver ações nos entornos de nossas lojas para que possamos ser agentes da transformação da sociedade”, comentou a executiva que também é responsável pelo Instituto GPA.

“Priorizamos nossos esforços para a demanda das comunidades onde estamos presentes em relação ao que acontecia no momento”, revelou. Entre as ações, o instituto focou em campanhas de alimentação, com doação de marmitas para moradores de ruas, doação emergencial de cestas básicas beneficiando cerca de 550 mil famílias em em todo o Brasil, mobilização de clientes para doações online, apoio financeiro para alguns fundos focados em microempreendedores como, por exemplo, o programa Empreendedoras Periféricas, mulheres negras que empregam outras mulheres, através da capacitação financeira e de Comunicação.
Instituto Votorantim: negócios sustentáveis
Antes mesmo da pandemia, a Votorantim passou por um grande processo de reposicionamento buscando um olhar integrado a ação dos negócios para definir sua visão de que “Negócios sustentáveis são os que geram valor para o mundo”. Na ocasião, a gerente de Inovação e Desenvolvimento Institucional no Instituto Votorantim Talita André, ressaltou que “Nossa atuação é cooperar e impulsionar para que os negócios sejam cada vez mais sustentáveis, saindo do paradigma de que ‘os negócios não têm essa responsabilidade’ para a ‘corresponsabilidade de que todos têm que fazer a sua parte’”.
O Instituto Votorantim, criado em 2002, se traduz como um centro de inteligência aplicada e um hub de inovações, projetos e boas práticas no campo socioambiental. “Entendemos que os desafios são complexos e sistêmicos por isso atuamos em várias frentes como desigualdade social, saúde, saneamento básico, educação, democracia e equidade de gênero, emprego e renda, entre outros. Nos colocamos como parceiros e aliados nessa construção de soluções junto às empresas”, frisou.

Com relação à pandemia, Talita destacou que desde o início a preocupação do instituto foi não atuar de forma pontual a fim de chegar em municípios localizados no interior do país, com um olhar que vai desde a assistência social até o legado. “Tivemos um grande papel na articulação dos recursos levantados, que totalizaram R$ 150 milhões, e uma atuação em 264 municípios em todo o Brasil” aplicados em programas de gestão pública, educação e cidadania e em ações específicas e de alto impacto nas áreas da Saúde, Assistência Social e Inovação”.
Pandemia fomenta terceiro setor e traz desafio de governança para as empresas
O terceiro setor no Brasil é constituído por um universo de cerca de 780 mil ONGs que geram diretamente cerca de 2 milhões de empregos e movimentam quase 4% do PIB. De acordo com uma pesquisa do Observatório do Terceiro Setor, 70% delas tiveram uma queda em suas receitas de mais de 50% e 83% delas preveem risco de encerrar suas atividades, pelo menos temporariamente. Ao comentar esse ‘cenário emergencial e desolador de crise’, Maurício Fitipaldi CEO da Animus Consultoria e Gestão, empresa especializada em investimento social privado, trouxe alguns dados sobre como as empresas responderam a esse desafio.
“Houve um aumento exponencial do número de doações, que em 2020 chegou a cerca de R$ 7 bilhões. Em 2018, foram 3,5 bi. O investimento foi maciço. O setor privado entendeu o tamanho do desafio e deu a sua contribuição. Notamos ainda um processo de diversificação da qualidade da forma como o investimento é feito”, disse Fitipaldi, citando exemplos como a Ambev e a Ypê que passaram a produzir álcool gel; a Netflix que lançou um programa para preservar renda dos trabalhadores do setor audiovisual; a Natura que fez o mesmo na cadeia de valor das revendedoras; o Airbnb com os proprietários de imóveis, o Uber com os motoristas… “São legados que ficarão. Todos esses efeitos e impactos na forma de as empresas enxergarem o investimento social vão ficar”, complementou.

Fitipaldi mencionou sobre o resgate do papel social da iniciativa privada como promotor de mudança social e sobre a importância do posicionamento institucional em relação à investimentos social privado. “Ao mesmo tempo em que aprendemos muito nesse processo, também enfrentamos riscos, como a dicotomia entre oportunidade e oportunismo, que evidenciou a importância de um posicionamento claro, de uma linha de ação das empresas, que se reinventaram e definiram novas formas de atuar, ampliando ou redirecionando seus focos”.
Passada a fase aguda da crise, qual o legado para 2021? Quais serão os temas que irão dominar o debate daqui pra frente? Na análise da equipe da Animus, o ISP entrou no centro da agenda das empresas. “As empresas perceberam a importância das estratégias, de políticas, de estarem bem estruturadas, de ferramentas para trabalhar de forma sustentável. Não é à toa que os grandes fundos globais falam da importância do negócio com propósito e de conjugação entre lucros e responsabilidade social. Isso não vai mudar”, avaliou o executivo.
Assista a live na íntegra:
https://www.youtube.com/watch?v=VDbVO1nKxTE
Destaques
- Curso da Escola Aberje com patrocínio da Petrobras aborda governança em patrocínios
- Hamilton dos Santos fala sobre oportunidades e desafios da comunicação corporativa na Semana de Integração da FGV
- Governança em cultura é tema de curso da Escola Aberje com patrocínio da Petrobras
- Revista CE celebra as 50 edições do Prêmio Aberje na edição 112
- Conheça a página “Comunicação para a Transição”
ARTIGOS E COLUNAS
Carlos Parente O veículo por aplicativo e a urgência da comunicação para alertar o mundoPablo Assolini A essência da comunicação integrada está no conteúdoPablo Lopes Tendências de social media para 2025Marcos Santos Ainda Estamos Aqui – Romper Fronteiras através da ArteNelson Silveira É no silêncio de um Chevrolet