O Brasil desafia os comunicadores
Paulo Nassar
A dois meses do início dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, o Brasil enfrenta a maior crise de sua história. Uma crise econômica, social, política, ética. E, também, uma grave crise da comunicação, com impactos na identidade, imagem e reputação do país, dos brasileiros e de suas instituições. Por isso, o momento atual é um desafio para nós, profissionais de comunicação, que atuamos no Brasil sob o olhar atento da comunidade global.
A superação dessa crise passa, assim, pela capacidade de comunicarmos ao mundo o que os brasileiros estão fazendo para reestruturar e modernizar o Estado, com mudanças significativas em sua governança administrativa, política e ética. Além disso, precisamos dar maior visibilidade ao que fazemos em nossas relações com a sociedade, seus cidadãos e seus empreendedores. No campo da comunicação empresarial global, poucos sabem da excelência na formação dos comunicadores brasileiros, com um esforço de instituições como a Aberje para ampliar o diálogo entre Academia e Mercado, para não só formarmos profissionais mais completos e capacitados como também para promover uma agenda de interesse público.
Mostrar, a partir do presente, o possível Brasil do futuro é a maior contribuição que a comunicação pode dar para o país neste momento de crise. A mudança de perspectiva deverá atrair investimentos em inovação e infraestrutura, além de promover o desenvolvimento de tecnologias do futuro, como o setor de biotecnologia, beneficiado pela biodiversidade brasileira, e de transporte urbano, que facilita a mobilidade e cria uma cidade inclusiva para as pessoas.
A exposição das entranhas da corrupção no Brasil revela ao mundo apenas uma parte do país que, apesar de real, não contempla o Brasil pujante e dinâmico que somos. Não é fácil tentar expurgar a corrupção e modificar a estrutura da política de um país. O Brasil tem se mostrado uma democracia sólida, apesar de suas instituições ainda imperfeitas, e que trabalha para impor novos padrões de transparência e ética nos negócios do país.
Tudo isso só será possível com uma comunicação forte e estruturada em nossas empresas e instituições que, como parte de um diálogo público, tem papel central no fortalecimento da narrativa do país e no resgate da credibilidade internacional e da confiança no Brasil.
Por tudo isso, repito, o momento atual é um enorme desafio para nós, profissionais de comunicação, afinal, em tese, ninguém melhor do que nós para gerir crises e construir reputação.
Paulo Nassar é diretor-presidente da Aberje e professor livre-docente da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo)
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