Na passarela da Central do Brasil, a moda sustentável que une SuperVia e Escola de Divines em um projeto de economia circular
Todos os anos, o Brasil descarta mais de quatro milhões de resíduos têxteis, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). São roupas velhas, retalhos da indústria da moda, uniformes e peças de couro. Em vez de serem jogados no lixo, esses resíduos podem ser usados como matéria-prima e garantir um novo uso aos tecidos que, na natureza, levam até 20 anos para se degradar. Pensando assim, a SuperVia, empresa signatária do Pacto Global, fechou parceria com a Escola de Divines – uma ação social do Programa Estadual Rio sem LGTBIFobia – para transformar o lixo em luxo: uniformes que não seriam mais usados ganharam novas formas pelas mãos das costureiras do projeto. O resultado foi exibido na manhã do último dia 5, no saguão da Central do Brasil. Cerca de 30 modelos desfilaram pela icônica estação, arrancando aplausos do público.
“Com 350 mil passageiros por dia, é natural que a SuperVia receba pessoas dos mais diferentes perfis. Hoje, elas estão representadas aqui. Nossa parceria com a Escola de Divines é contínua: os resíduos têxteis produzidos pela concessionária vão ser transformados pelas mãos dos artistas do projeto”, observa a gerente de Comunicação e Sustentabilidade da SuperVia, Juliana Barreto.
“A Central do Brasil é um prédio histórico, que marca o caminho da cidade para a periferia. Pelos trens da SuperVia, todos os dias, circulam centenas de divines. Desfilar aqui é um sonho”, completa o coordenador da Escola de Divines, Almir França.
O coordenador do programa Rio sem LGBTIfobia, Ernane Alexandre, lembrou que o desfile celebrou duas datas importantes: “Com esse evento, estamos comemorando o Dia Mundial do Meio Ambiente e o mês do Orgulho LGBT”.
As roupas do desfile ficaram expostas na Central do Brasil até a sexta-feira, 9 de junho.
Impacto da moda no meio ambiente é discutido no mundo todo
O impacto da indústria da moda no meio ambiente vem sendo cada vez mais debatido. Ainda segundo a Abrelpe, o volume de resíduos têxteis corresponde a 5% de todos os resíduos produzidos no país. Já um estudo da organização Global Fashion Agenda, em parceria com a consultoria McKinsey and Company, apontou que, no mundo todo, as empresas do segmento emitiram, até 2018, cerca de 2,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa. Cabe lembrar que, além do descarte em si, há ainda a preocupação com os produtos usados na produção das roupas, que, na maioria dos casos, são derivados de petróleo.
“A economia circular trabalha com a ideia de desenvolver ciclos econômicos renováveis. É um modelo que serve de inspiração na busca por um mundo mais sustentável. Quando falamos em moda, estamos tratando de um assunto que faz parte do cotidiano de todos”, afirma Juliana Barreto.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10) regulamenta o funcionamento da logística reversa no Brasil e abre espaço para projetos de economia circular. Porém, os resíduos têxteis não fazem parte da lista de materiais incluídos na medida. Um projeto em tramitação na Câmara dos Deputados pretende criar um sistema nacional para esses materiais, que vão de roupas a calçados e passam por embalagens e retalhos dos fabricantes. Desta forma, os têxteis teriam as mesmas normas que papel, vidro, alumínio e plástico, por exemplo.
“Moda não é arte, não é artesanato. É indústria e precisa ser tratada como tal”, diz França.
Criado em 2017, o projeto tem hoje seis núcleos e faz oficinas itinerantes por 19 centros de referência do governo do Estado. Originalmente, a escola era voltada a mulheres trans e travestis, mas, com o passar do tempo, outros públicos invisibilizados foram se aproximando e entendendo a proposta como uma forma de ingressar formalmente no mercado de trabalho.
Na parceria com a SuperVia, havia um desafio: como transformar uniformes em objetos de desejo? Aí entrou o talento e a criatividade das “divines”, que usam e abusam de modelagem, design e bordados para fazer de uma peça corporativa um produto de moda. A iniciativa da SuperVia chamou a atenção de outras empresas que procuraram a concessionária para saber mais sobre a ação e, quem sabe, seguir essa tendência de economia circular.
“Ao promover esse encontro da moda com a economia circular, a SuperVia divulga um conceito superimportante de uma forma lúdica, inclusiva e colaborativa”, finaliza Juliana.
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