“Mulheres e a diversidade na comunicação” é tema de live realizada no Dia Internacional da Mulher
No Dia Internacional da Mulher, a Aberje promoveu uma live especial com o tema “Mulheres e a diversidade na comunicação”, a fim de discutir como as áreas de comunicação podem contribuir para a caminhada da inclusão das mulheres e difusão das suas lutas sociais. O debate contou com a participação de Ananda Puchta, coordenadora de Ativismo, Cultura e Missão Social na Ben & Jerry’s; Debora Moura, head de Diversidade e Inclusão do Grupo Dreamers; e Marilia Tocalino, gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão para América Latina na Bayer. A mediação foi feita por Maria Fernanda de Freitas, head de Media da Enel Brasil.
Para chegar na posição que ocupa atualmente, Ananda Puchta, formada em Direito, enxergou no ativismo uma forma de conquistar mais políticas públicas. “Minha maior conquista no início da carreira foi ter conseguido participar da articulação jurídica e política, juntamente com outros colegas advogados, de três julgamentos muito emblemáticos para a comunidade LGBT+: a retificação de prenomes genuínos de pessoas trans; o julgamento da doação de sangue; e o processo da criminalização da LGBTfobia”, conta.
“Nessa trajetória, sempre foi muito difícil porque eu era a única mulher sentada à mesa; a maior representatividade era de homens. Entendi que, apesar de o Direito ter essa possibilidade de mudança social, as companhias também têm um papel muito estratégico. A partir dali fiz a minha transição de carreira para o meio corporativo e estou muito feliz com o papel que ocupo na Ben & Jerry’s”, diz Ananda. “Qualquer empresa que busca equidade, ter uma pessoa envolvida, ativa e que tenha causa na veia, só tem a agregar”, conclui a mediadora Maria Fernanda.
Assim como Ananda, a militância sempre esteve presente na vida de Debora Moura, mas só quando ela ouviu falar sobre racismo dentro da empresa, ela entendeu que poderia contribuir de uma outra forma e não só como produtora, como vinha fazendo. “Essa virada de percepção do seu papel dentro da empresa é muito importante e a gente só consegue isso trazendo especificamente os assuntos de diversidade para o nosso dia a dia”, argumenta.
“Dentro do Grupo Dreamers, a gente vem trabalhando a diversidade em todas as suas verticais, especificamente com relação à causa da mulher no mercado de trabalho”, revela Debora. “Fizemos duas campanhas externas sobre a violência contra a mulher e percebemos que também deveríamos falar internamente. Então, no ano passado, preparamos um dia inteiro para promover conhecimento sobre esse assunto para cerca de 600 colaboradores”, conta.
Mulheres em todos os lugares
A fim de incentivar a entrada de mais mulheres no setor de agronegócio, a Bayer começou um trabalho há seis anos, que contribuiu para a mudança do cenário. Segundo Marilia Tocalino, os primeiros movimentos foram de aproximação de esposas e filhas de pequenos produtores rurais. “Rapidamente esse movimento foi crescendo e hoje mais de 50% das propriedades rurais do Brasil são conduzidas por mulheres”, revela. “Quanto mais programas como esse melhor, crescemos todos juntos. A educação está na base da formação”, acrescenta.
“Nosso papel é muito importante na formação dos jovens. Como mulheres, temos um papel fundamental na formação de meninos e meninas”, complementa Maria Fernanda, destacando que a Enel é uma companhia majoritariamente masculina. “Temos 24% de mulheres em nosso quadro, mas estamos trabalhando para mudar essa direção. Hoje, 54% das contratações são de mulheres; estamos promovendo cursos para mulheres eletricistas em vários estados em que a gente atua, por exemplo. As mulheres podem estar onde quiserem”.
Empresa 100% liderada por mulheres, a direção da Ben & Jerry’s também têm incentivado a contratação de grupos minoritários – raciais, PcD, LGBT+, com vistas à interseccionalidade. “Além da discussão de gênero e da equidade de gênero, olhamos interseccionalmente os outros grupos minoritários e vulnerabilizados que também não conseguem acessar esse espaço corporativo”, diz. “Nosso trabalho hoje está focado justamente em conseguir trazer não só equidade de gênero, mas essa riqueza da interseccionalidade”, defende Ananda.
Na Bayer, o assunto também é tratado com prioridade. “A gente compreende que, a forma como foi trabalhado até pouco tempo atrás, foi o que nos fez chegar até onde estamos; há muito a ser feito mas reconhecemos que já percorremos um longo caminho e, desde o ano passado, temos muito claro essa questão da interseccionalidade”, salienta Marilia.
“Estamos todas fazendo o mesmo trabalho, procurando as especificidades da interseccionalidade para fazer essa transformação na sociedade”, conclui Debora, ressaltando a importância da escuta ativa: “temos uma equipe de recrutamento e seleção com a expertise em entrevistas especificamente com pessoas de grupos sub representados. Só vamos saber quem são essas pessoas se a gente ouvir. Ouvir a história, a vivência, quais suas habilidades…”
Assista à live na íntegra:
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