Ética e consumo são temas do Ciclo de Debates Aberje-Avon
Ian Alves – Jornalismo Júnior
Na segunda edição do Ciclo de Debates Aberje-Avon, que aconteceu na terça-feira, 20 de setembro, o grande objetivo foi relacionar dois termos aparentemente desconexos – consumo e cidadania. Com o tema “Relações Éticas no Consumo”, o evento trouxe profissionais de diversas áreas e levantou questões que têm sido cada vez mais discutidas na atualidade: como regular a relação entre servidor e consumidor de maneira ética? Até que ponto a publicidade interfere nos rituais de consumo do cidadão? Por que nossas escolhas enquanto consumidores são, também, atos éticos e políticos?
O encontro foi aberto pelo professor Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje, que fez uma rápida introdução do tema e apresentou a primeira palestrante da tarde, Clotilde Perez. A professora livre-docente da ECA-USP é presidente da ABP2 – Associação Brasileira dos Pesquisadores em Publicidade e editora da revista Signos do Consumo. Clotilde começou a palestra elucidando as origens e o desenvolvimento do ideal de consumo desde o século XVI, mostrando como ainda é muito presente a mentalidade produtivista que enaltece a produção em detrimento da demanda: “não trabalhar é um estigma, mas não consumir é uma qualidade“. Em seguida, a professora explica por que o conceito “publicidade” é cada vez mais limitado, de forma que novas nomenclaturas são buscadas, entre outros motivos, para ressignificar a ideia operacional de que a publicidade é meramente persuasiva. Dessa forma, ela conclui que assim como os rituais de consumo compõem a postura cidadã do indivíduo, também a publicidade é influenciadora dessa postura – “a publicidade pode ser construtora de valores sociais”.
Ricardo Ferrari Nogueira, diretor do Procon Paulistano, fez uma retrospectiva histórica dos direitos do consumidor brasileiro, citando mecanismos como o Código de Defesa do Consumidor, de 1990, a Secretaria Nacional do Consumidor, criada em 2012, e o próprio Procon Paulistano. Segundo Ricardo, o grande objetivo desses órgãos é “tentar fazer éticas as relações de consumo”, sempre com fundamentos na justiça.
Por fim, Fernanda Simon, coordenadora nacional do Fashion Revolution, falou sobre por que as escolhas feitas pelos consumidores fazem parte de uma narrativa política. Traçando paralelos com sua trajetória no ramo da Moda Sustentável, Fernanda criticou o consumo e descarte excessivo de roupas e afirmou ser necessária uma mudança radical no modo de obtenção, produção e compra dos produtos – “Houve um elo perdido entre quem produz e quem consome“.
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