Fórum de Comunicação Corporativa identifica a autenticidade como a melhor qualidade de um CEO
O terceiro e último webinar do IV Fórum de Comunicação Corporativa Aberje e Valor Econômico, foi realizado no dia 18 de outubro. Esta série de encontros é promovida anualmente pela Aberje e jornal Valor Econômico, parceiros há 16 anos na publicação do caderno especial Valor Setorial Comunicação Corporativa. Na primeira sessão, o tema abordado foi “Quem e o que influenciam a cultura interna das empresas hoje?” e na segunda sessão “Como a área de comunicação influencia o negócio e seus pares”. Os três webinars estão disponíveis nos canais do Youtube da Aberje e do Valor.
O terceiro webinar reuniu CEOs de empresas de diferentes segmentos para a mesa-redonda “CEOs comunicadores: a vulnerabilidade como força”. Participaram a presidente da Boehringer Ingelheim no Brasil, Andrea Sambati; a Country Manager da Rio Tinto, Jamile Cruz; o CEO da LATAM Airlines Brasil, Jerome Cadier; e a colunista e editora da área de Carreira do jornal Valor Econômico, Stela Campos, que atuou como mediadora do debate.
O papel do CEO como influenciador tem se amplificado muito através dos inúmeros canais para se comunicar com diferentes públicos, visto que a sociedade em geral quer uma maior proximidade com as lideranças. “Isso levou à humanização dos líderes, que hoje podem sim dizer que não possuem todas as respostas, podem se deixar influenciar e assumir suas vulnerabilidades. Mas será que as pessoas entendem esse posicionamento?”, iniciou Stela Campos.
Para Andrea Sambati, o modo como um CEO se comunica com a organização e com a sociedade é importante. “É uma grande responsabilidade porque é o modo como agimos e fazemos as coisas que vai dar esse modelo de transparência e fazer com que as pessoas sejam inspiradas pelo nosso propósito”, disse. “Essa visibilidade traz uma responsabilidade maior. Toda palavra tem um peso e esse peso deve ser medido, entendido e refletido dentro dos valores da empresa e dos nossos próprios valores”, complementa Jamile Cruz.
Jerome Cadier analisa que a grande diferença entre os dias atuais e a época em que começou a sua carreira é o quão exposto o CEO está. “Antes, tínhamos dificuldade de encontrar o presidente de uma empresa, ele era visto apenas em ambientes muito controlados. Hoje, com o mundo digital, ele está exposto o tempo todo e as interações com o público são constantes e essas interações são menos preparadas, por isso devem ser mais genuínas do que, eventualmente, eram antes”, reconhece.
Colaboração na tomada de decisão
O perfil do presidente de uma empresa evoluiu nas últimas décadas, refletindo as mudanças nas expectativas e nas demandas do mundo dos negócios. Na hora de tomar uma decisão estratégica, eles acabam sendo influenciados por uma variedade de fatores, incluindo líderes, funcionários, partes interessadas externas e as dinâmicas do mercado.
Na visão de Jamile, o contato com os múltiplos líderes de todos os níveis de uma organização possibilita uma visão maior do negócio. “É impossível fazer um trabalho em que as decisões são tão amplas em relação a tantos processos da empresa sem uma equipe qualificada com profissionais que te dão apoio e conselhos necessários em cada uma de suas especializações. É um exercício conjunto”, acentua.
“Engajar as pessoas para que te ajudem a tomar decisões é fundamental, isso faz com que as decisões sejam melhores. Sabemos que a decisão final é nossa, o que fazemos é gerenciar o timing dessa decisão, por isso fazemos reuniões curtas e objetivas, nos preocupamos para que cada minuto dessas reuniões de tomadas de decisões sejam extremamente bem utilizados”, comenta o CEO da LATAM.
Para Andrea, a colaboração é essencial não apenas com o time de liderança. “Estamos disponíveis para todos os funcionários da empresa. As pessoas têm ideias para compartilhar, trazem inovações e isso é muito importante para que se sintam parte da companhia, percebem que têm voz e são ouvidos”, complementa.
Assumindo a vulnerabilidade
Ao incentivar os funcionários a expressarem suas preocupações, ideias e feedback de forma honesta, as lideranças acabam criando um ambiente onde a vulnerabilidade pode ser vista como uma força e não como um problema. Isso significa que assumir a vulnerabilidade diante de determinadas situações começa quando se promove uma cultura de comunicação aberta.
Conforme salienta Jerome, essas situações ocorrem todo dia, diante de certos termos técnicos os quais têm de lidar. “Eu não sou piloto e a quantidade de informação que um piloto tem que saber e os limites que cada um deles têm para tomar decisões… Eu não vou tomar uma decisão por ele, eu vou ajudá-lo a tomar a melhor decisão mas não nos detalhes técnicos, é uma decisão conjunta”, explica.
“Se somos realmente autênticos, vamos mostrar nossa vulnerabilidade, pois somos seres humanos. Acho muito importante mostrar a pessoa por trás da posição. Isso é que faz conexões significativas com as pessoas, eu não sou expert em muitas coisas, não tenho as respostas para tudo e por isso a equipe deve ser diversa”, analisa Andrea. “A vulnerabilidade vai além de mostrar que não sabemos de algo, é não ter vergonha de mostrar as emoções, sentimentos e dúvidas, isso cria um ambiente de confiança em que as pessoas se sentem psicologicamente seguras para serem quem elas realmente são”, completa.
Influência e posicionamento estratégico
O alinhamento da liderança empresarial com a comunicação é essencial para garantir que uma organização transmita uma mensagem consistente e eficaz para sua equipe e partes interessadas externas. Durante o webinar, os CEOs também falaram como vêem o papel da comunicação corporativa no exercício de sua própria influência.
Apesar de sua importância global, o setor de aviação pode ser, de maneira geral, mal compreendido pelas pessoas por sua complexidade operacional, já que envolve uma série de processos e regulamentações, conforme explica o CEO da LATAM: “estamos num ambiente em que quanto mais pessoas se envolverem nos temas ou nos dilemas que estão na mesa, melhor. A aviação é super mal entendida, as pessoas têm muitas dúvidas e questionamentos; então, temos utilizado a comunicação interna e os veículos de comunicação para tentar desmistificar os temas do setor, que é altamente regulado. Como é que a gente influencia esse regulador para entender o setor de forma adequada? Isso tem sido difícil”, revela Jerome.
Assim como a aviação, o setor de mineração também é complexo e difícil de ser explicado. Jamile, da mineradora Rio Tinto, compartilha da mesma dor que Jerome, quando diz que as pessoas não entendem como tudo funciona. “Existe uma necessidade de transparência muito maior do setor como um todo não só no Brasil, é um exercício global. Depois de acontecimentos como o de Brumadinho, tivemos que repensar o modelo da mineração e toda a questão de comunicação com o público sobre o que é feito, como é feito, tipos de conduta e todo exercício de ESG. Temos tentado humanizar a indústria, pois lidamos com pessoas”.
“A comunicação corporativa tem um papel crucial para mostrar o direcionamento claro de uma empresa internamente e externamente, sobre qual é o nosso propósito, o que a gente faz aqui, quais as parcerias que podemos ter, quais os benefícios que uma indústria farmacêutica traz para a sociedade”, ressalta Andrea, da Boehringer. “Hoje a comunicação é muito mais complexa. Temos vários canais de comunicação, formais e informais, que devem estar alinhados para que as pessoas tenham clareza quanto ao perfil da companhia. Isso ajuda até na atração de novos talentos, de pessoas que acabam se identificando com a empresa”, completa.
Sobre o Fórum
Esta é a quarta edição do Fórum de Comunicação Corporativa Aberje e Valor Econômico, resultado da longa parceria entre a Aberje e o Jornal Valor Econômico. Neste ano, o tema central “Redefinindo a influência – Como comunicar para promover mudanças” permeia todo o evento digital, que acontece nos dias 10, 16 e 18 de outubro. São três sessões transmitidas ao vivo pelos canais do Youtube da Aberje e do Valor e cada uma delas conta com a participação de diferentes especialistas, CEOs, diretores e vice-presidentes de Comunicação de renomadas empresas do Brasil. A primeira edição do Fórum foi realizada na pandemia, em 2020. Em três edições, os encontros digitais já reuniram renomados executivos de diferentes segmentos do mercado para debater temas relevantes e atuais.
Assista a terceira sessão na íntegra:
Destaques
- Capítulo Aberje Minas Gerais realiza debate sobre Comunicação e emergência climática
- Terceira edição da revista Interfaces da Comunicação, da ECA-USP, já está disponível
- Em artigo no Poder 360, diretor-executivo da Aberje fala sobre impacto das mudanças climáticas no esporte
- Empresas apostam na humanização e autenticidade em ações com influenciadores
- Lab de Comunicação para Diversidade destaca papel do tema na estratégia das organizações
ARTIGOS E COLUNAS
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