21 de julho de 2020

Extreme E: uma saga por locações remotas para sensibilizar sobre problemas ambientais que ameaçam o planeta

Uma competição com SUVs elétricos em diferentes cantos do mundo seria apenas mais uma opção no calendário esportivo mundial, não fosse o fato de o projeto que o comporta envolver uma série de ações e detalhes que o transformam em uma das maiores aventuras dos tempos atuais.

É assim, com superlativos, que a Extreme E estreia no próximo ano, colocando em evidência não só o desempenho de equipes e tecnologias de SUVS em condições extremas, mas também ameaças ambientais em diferentes partes do mundo e comunidades que vivem nesses ecossistemas.

Em circuitos de seis a dez quilômetros, em pontos remotos do Senegal, Arábia Saudita, Nepal, Groenlândia e Amazônia brasileira, pilotos enfrentarão condições extremas – deserto, gelo e floresta tropical, por exemplo -, para proporcionar entretenimento de automobilismo, ao mesmo tempo em que destacam questões relevantes como desmatamento, desertificação, derretimento das calotas polares e de picos em grande altitude, além do aumento do nível dos oceanos.

A ideia central é, por meio de um grande projeto de narrativa transmídia, que estará aos olhos do planeta pela perspectiva dos principais veículos de imprensa do mundo, conscientizar sobre a necessidade do envolvimento de todos em ações que freiem as mudanças climáticas. Os pilotos correrão com um olho no podium e outro na sobrevivência das futuras gerações.

Além disso, a Extreme E (XE) deixará um legado nas comunidades que sediarão as etapas, seja viabilizando formas sustentáveis de produção de energia, seja atendendo a necessidades específicas, sinalizadas por cientistas e especialistas conhecedores da realidade local, que integram o projeto.

Criado pelos mesmos idealizadores da Fórmula E, competição já consolidada como importante laboratório para desenvolvimento de tecnologias para carros elétricos e referência de sustentabilidade quando o assunto é mobilidade, a Extreme E vem conquistando rapidamente a adesão de grandes empresas, ícones do motorsport, organizações ambientais e comunicadores, que já entendem que a mais importante é a corrida pelo planeta.

Um dos elementos disruptivos é um navio que rodará o mundo transportando toda a logística necessária para as etapas, inclusive os carros, além de servir como oficina, hospedagem das equipes e laboratório científico para estudos relacionados às tecnologias dos veículos e às questões ambientais das localidades que receberão as provas. Toda a infraestrutura envolvida no projeto segue princípios de sustentabilidade.

A embarcação, que funcionará como paddock da Extreme E, não é qualquer navio. O Santa Helena, em processo de retrofit com tecnologias sustentáveis, foi durante anos o único meio de transporte entre o continente e a histórica Ilha de mesmo nome, exílio e local de morte de Napoleão Bonaparte, no século 19.

A escolha de um navio para um papel tão relevante não é obra do acaso. Alejandro Agag, CEO da Extreme E, conta sobre a inspiração e o propósito nas ocasiões em que apresenta o projeto.

Em uma delas, dentro do Santa Helena atracado no rio Tâmisa, em Londres, durante o lançamento oficial do projeto à imprensa mundial, falou sobre a paixão de infância pelo francês Jacques Cousteau, seus documentários e o uso do navio Calypso para pesquisas científicas fundamentais para conhecimento e proteção da vida marinha.

No sonho de Agag, o Santa Helena será o Calypso do século 21: base para uma grande exploração e uma grande aventura, a fim de chamar atenção para os desafios ambientais que o planeta enfrenta.

O carro desenvolvido para a competição merece uma história à parte. Batizado de Odyssey 21, foi desenhado do zero pela francesa Spark em parceria com a Willians, a icônica empresa inglesa ligada às corridas, e desenvolvido em conjunto com parceiros como a brasileira CBMM, associada Aberje, e a alemã Continental, que aderiram ao Extreme E desde o começo. O carro foi pensado para se adequar a diferentes terrenos e extremas condições climáticas dos espaços das provas.

A Continental desenvolveu os pneus. A CBMM levou a tecnologia do nióbio para os materiais de alta resistência aplicados, por exemplo, no chassis, o que deixa a estrutura mais leve e resistente e resulta em economia de energia. O veículo foi apresentado no icônico Festival of Speed, em Goodwood-UK, nas mãos do ex-piloto brasileiro Gil de Ferran, um dos idealizadores da XE, e testado no Rally Dakar, com o americano Ken Block ao volante.

Parceira fundadora da Extreme E, a brasileira CBMM aparece no projeto com sua marca exclusiva de produto e tecnologia, a Niobium.  “Com nossa expertise em transformar materiais com o uso da tecnologia do nióbio e de sua sinergia com o grafeno, estamos apoiando a XE não somente na fabricação dos eSUVs, como também no retrofiting do Santa Helena e na logística, por meio de containers mais leves e sustentáveis. Além disso, toda nossa expertise em projetos de preservação da fauna e flora do cerrado se tornou um grande aliado para o maravilhoso programa de legado da XE”, afirma Giuliano Fernandes, gerente de Marketing e Comunicação Externa da CBMM.

A questão da equidade de gênero é algo também relevante. Será o primeiro evento no mundo do motorsport em que homens e mulheres competirão na mesma proporção e em condições iguais. Cada equipe terá um piloto homem e uma piloto mulher.

Tanta inovação no formato exige uma comunicação inovadora, especialmente considerando que as etapas privilegiarão a transmissão virtual, de forma a reduzir impactos ambientais. A ideia é associar a cobertura da grande imprensa – há acordos de transmissão com veículos relevantes em todo o mundo – com canais digitais que ampliarão o escopo narrativo para além do motorsport, num movimento transmídia que visa aumentar o impacto e a diversidade editorial.

A saga da Extreme E por cantos extremos do planeta, revelando ecossistemas danificados e envolvendo as comunidades locais diretamente no processo de recuperação, será também objeto de documentários a cargo do premiado diretor americano Fisher Stevens, já integrado à equipe.

A odisseia da XE ainda conta com um comitê científico que inclui o professor Peter Wadhams, da Universidade de Cambridge, como líder, e outros membros de peso como o brasileiro Francisco Oliveira, um dos maiores especialistas no bioma Amazônico.

“Estamos diante de uma missão global realmente épica. É fundamental que a mensagem central faça entender que ainda temos tempo de impedir uma mudança climática catastrófica. Acreditamos que, conectando a emoção do motorsport sustentável em lugares ameaçados, podemos amplificar a mensagem e despertar um maior call to action”, resume Júlia Fry, gerente de comunicação da Extreme E. 

 

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