21 de setembro de 2022

Evento da Cause e Aberje aborda causas urgentes para profissionais de comunicação

Encontro presencial reuniu comunicadores de diversas empresas para debater sobre ESG, sustentabilidade, democracia e diversidade

Encontro presencial reuniu comunicadores de diversas empresas para debater sobre ESG, sustentabilidade, democracia e diversidade

A Cause, consultoria que conecta marcas e causas, e a Aberje promoveram, no dia 20 de setembro, um evento que discutiu as causas urgentes para os profissionais de comunicação: Crise Climática e o ESG; Cultura e Diversidade; e a Defesa da Democracia. O evento foi presencial e realizado na sede da Aberje, em São Paulo.

Na ocasião, Rodolfo Guttilla, sócio-cofundador da Cause e especialista em sustentabilidade, conduziu um papo com Sérgio Leitão, diretor-executivo do Instituto Escolhas, e com Priscila Acioli, head de Sustentabilidade da Scania, sobre como as empresas estão respondendo à crise climática e como isso impacta as estratégias de ESG.

Guttilla iniciou lembrando que durante a primeira conferência do clima, em Estocolmo, em 1972, 113 países e 58 especialistas redigiram um documento chamado “Uma Terra somente – A preservação de um pequeno planeta”, que dizia o seguinte: chama atenção os níveis perigosos de poluição da água, do ar, da terra e dos seres vivos, grandes transtornos ao equilíbrio ecológico da biosfera, destruição e esgotamento de recursos insubstituíveis e graves deficiências nocivas para a saúde física, mental e social do homem no meio ambiente por ele criado, especialmente naquele em que vive e trabalha. Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas ambientais estão motivados pelo subdesenvolvimento. Milhões de pessoas seguem vivendo muito abaixo dos níveis mínimos necessários para uma existência humana digna, privada de alimentação e vestuário, de habitação e educação, de condições de saúde e higiene adequadas

“50 anos depois nós nos deparamos com os mesmos dilemas; é uma crise não apenas humanitária mas de modelo de vida”, disse Guttilla, chamando Sérgio Leitão para interpretar o momento atual diante dos dilemas da humanidade. “A gente deve se perguntar se a gente mudou, se estamos melhor ou pior, ou se temos coisas que nos anime a levantarmos de manhã com um pouco de esperança”, disse o executivo, contextualizando o ano de 1972: “estávamos numa ditadura, não tínhamos democracia, nem eleição para presidente, governador ou prefeito. Naquela época a gente entendia – e de certo modo continua a entender –, que progresso é poluição e bem-estar é destruição”, comentou Leitão. 

Para o executivo, a vida do mundo sem carbono precisa estabelecer uma convivência com o que já existe e para que isso aconteça é preciso ter metas. “Precisamos ter metas muito claras e não vemos isso no país. De certo modo, nesse país, as empresas são muito suscetíveis à ação do governo. Quais são as metas fixadas para que as empresas demonstrem para a sociedade e para o governo que estão com critérios ambientais e sociais relevantes que vão levar a uma mudança do seu processo produtivo?”, indagou.

Na visão de Priscila, sustentabilidade é hoje, sim, uma licença para operar. “O que talvez tenha mudado, de 1972 para cá, é a questão da influência e o poder de ação das empresas. Estamos sendo muito mais chamados, pelos nossos stakeholders, para tomar decisões e ajudar a definir a direção que vai o Brasil. As empresas privadas estão participando muito mais desse debate”, acentuou. “Não é sobre um departamento de sustentabilidade, é integrar na estratégia de negócio. Não dá para pensar nisso sem rever o modelo de negócio”. 

Cultura e Diversidade

Tema relevante tratado no encontro é a importância de políticas de inclusão de diversidade dentro das empresas, de modo a reduzir abismos sociais. Para debater o assunto Mônica Gregori, diretora-executiva da Cause e especialista em marketing, chamou Crislaine Costa, gerente de Comunicação Corporativa da Uber no Brasil, e Claudio Yusta, sócio-fundador da Salamandra Consultoria, especialista em cultura organizacional.

Na oportunidade, Mônica comentou que as empresas continuam sendo a instituição mais confiável e com maior credibilidade no Brasil. “E isso traz mais responsabilidade para as empresas, como um ator social para ajudar na evolução da nossa sociedade como um todo”, concluiu. “Pensando do ponto de vista da diversidade e inclusão, quais são os desafios das organizações de hoje?”, indagou.

De acordo com Crislaine, a Uber tem trabalhado nesses processos de inclusão, com grupos de afinidades e ações globais. “Nosso desafio é muito grande. Estamos falando de 30 milhões de viagens que acontecem todos os dias no mundo. E dentro da nossa operação temos um extrato da nossa sociedade, com problemas como machismo, racismo, LGBTfobia, ou seja, tudo isso se reflete na nossa operação”, disse. “A Diversidade e Inclusão é muito mais do que um posicionamento, é parte fundamental do negócio, para a sua própria existência. Não dá para D&I ser algo paralelo na empresa, tem que estar no centro das decisões e das metas da empresa”.

Para Cláudio Yusta, para além de qualquer definição, a cultura organizacional é um modo de convivência. “Devemos responder a duas perguntas fundamentais: queremos ou não queremos conviver? E quando eu me vejo convivendo em um espaço de diversidade, eu convivo por aceitação ou por tolerância? Considero que conviver num espaço de diversidade impõe, no mínimo, um olhar responsável, comprometido e constante”, colocou, acrescentando que um dos maiores desafios das organizações hoje é aceitar a presença do contraditório como um elemento legítimo da convivência cotidiana na organização. “E a partir dessa aceitação, criar os espaços de conversação e de convivência nos quais todos se sintam parte daquele local. Está em nossas mãos criar condições para a geração, a realização e a conservação de uma nova matriz ética de convivência, baseada no respeito por si e pelo outro”, completou. 

Defesa da democracia 

Outro tema debatido no evento foi a defesa da democracia. Na ocasião, Leandro Machado, sócio-cofundador da Cause e cientista político, apresentou argumentos, dados e mecanismos que evidenciam a responsabilidade das organizações, diante de constantes ataques à democracia. O painel contou com a participação da diretora de Relacionamento da Natura, Penelope Uiehara.

A executiva contou sobre o Movimento Natura, que mede o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de suas 1, 2 milhão de consultoras no Brasil gerando renda e cidadania. “Saúde, educação, distribuição de renda são questões que tocam os acionistas há muito tempo. A criação do Instituto Natura nasceu por acreditarmos que a educação é uma das grandes peças para que a gente mude o jogo na questão da inclusão social e da cidadania”, contou. “Todo dinheiro investido em políticas públicas é em prol da alfabetização até sete anos, ensino médio em tempo integral”, afirmou.

“O Movimento Natura nasce após o Instituto Natura com o chamado pela educação. Com a evolução e a vinda do IDH, a gente amplia esse olhar que são: saúde e cidadania, com um recorte muito forte em violência de gênero e racismo, entre outras”, contou. “Através do IDH, conseguimos enxergar que a renda de mulheres negras, por exemplo, é menor do que a renda de mulheres brancas. Nesse caso ofertamos uma capacitação de maneira adequada”, complementou.

Com relação à cidadania, Penelope conta que a primeira fonte de informação que a grande maioria das mulheres busca é o marido, inclusive no exercício do voto. “Acreditávamos que falar para as mulheres votarem as mobilizaria. Só que não. Elas só vão votar se conseguirem enxergar mudanças no cotidiano delas, questões ligadas à realidade. Quando olhamos para isso e cruzamos com os dados, vemos que 60% dos votos brancos e nulos são femininos. Era preciso mostrar a importância do voto, então fizemos uma cartilha para todos os colaboradores sobre isso”, disse.

Penelope ainda falou sobre o engajamento interno dos colaboradores quanto à educação cívica. “Um dos nossos maiores desafios é o combate às desigualdades através da educação do cidadão. O maior vetor de mudança é, de fato, a conscientização que ocorre por meio da educação”, conclui.

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