28 de agosto de 2017

Engajamento na prática: empregados transformam área industrial da Vale no Maranhão

Onde antes havia um capinzal, agora há um mirante com um lago de carpas. Onde havia um transportador de longa distância desativado, há um local para produção de mel. Onde havia duas salas com mesas de trabalho dispostas da forma tradicional, hoje há um grande salão com decoração feita pela própria equipe e sem lugar marcado, nem para os gestores. Empregados da Vale no Terminal de Marítimo de Ponta Madeira, em São Luís (MA), transformaram a área industrial em um ambiente de trabalho mais agradável e, enquanto isso, elevaram seu nível de engajamento, de acordo com pesquisa da empresa.

“O objetivo foi horizontalizar a hierarquia, que era uma demanda da própria equipe. Fazer isso numa operação industrial é bem mais complexo do que num ambiente corporativo, como uma empresa de tecnologia”, explica o gerente-executivo de Operações Portuárias, Roberto Di Biase. “Além disso, um diferencial importante é que todo o trabalho foi feito pelos próprios empregados, o que diminui o custo e aumenta o sentido de propósito da equipe”.

Desde abril de 2016, já foram inaugurados um bosque onde cada empregado que se destaca em iniciativas de saúde e segurança ganha uma árvore com seu nome; um meliponário, espaço para produção de mel; um orquidário; e um mirante de onde se vê os pátios de minério. A subestação de energia foi revitalizada com apoio de um grafiteiro local e em breve será construída uma horta comunitária. Todo o trabalho foi desenvolvido pelos próprios empregados a um custo 60% menor do que se fossem contratadas empresas para fazer os projetos e as obras civis.

As mudanças não se limitam às áreas externas. Há quatro meses foi inaugurado um espaço de coworking para 162 empregados, onde antes havia duas salas de trabalho tradicionais, com duas equipes totalmente separadas – Operação e Manutenção. O gerente de cada área ficava numa mesa isolado do resto dos empregados.

Agora não há mais estação de trabalho fixa. As duas equipes estão no mesmo espaço, um grande salão de 850 metros quadrados. Os próprios empregados criaram móveis e luminárias com material descartado. Há ainda dois laboratórios de inovação, espaços feitos para a discussão de ideias. A nova sala foi desenhada a partir de sugestões da própria equipe, que sentia falta de uma integração maior.

Os números revelam que o projeto foi acompanhado de um aumento no engajamento da equipe, ou seja, cresceu o vínculo do empregado com a empresa e sua vontade de dar o melhor de si. A Vale realizou em setembro de 2016 a terceira edição de sua Pesquisa Global de Empregados, que mediu o nível de engajamento de mais de 57 mil empregados em todo o mundo. Em 92% das respostas a gerencia-executiva Operações Portuárias apresentou um nível acima do benchmarking do setor de mineração, óleo e gás. E, em 85% das respostas, o engajamento foi superior ao verificado na edição anterior da pesquisa, em 2013.

“O alto nível de engajamento está diretamente relacionado ao melhor desempenho dos empregados, maiores taxas de retenção e bons níveis de saúde e segurança”, explica Vera Martins, gerente de Recursos Humanos do Sistema Norte.

A Vale, por meio de análises de correlação estatística com indicadores internos, comprovou que áreas que têm empregados com maior engajamento têm também um número 33% maior de empregados de alto desempenho, 52% menos empregados com alto risco de perda para outra empresa e taxas de acidente quatro vezes menores que a média.

Espaço de coworking em São Luís, criados pelos próprios empregados
Espaço de coworking em São Luís, criados pelos próprios empregados (Foto: Agência Vale)

Design thinking para dar forma ao projeto

O projeto teve início em 2015, quando foi elaborado o marco estratégico do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, que está passando por um processo de expansão. Esse porto se tornará um dos maiores do mundo em 2018 em volume de transporte, com capacidade de embarque de 230 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Um dos pilares do marco estratégico era transformar o porto num lugar melhor para trabalhar.

No ano passado foi organizado um painel com 60 empregados utilizando a metodologia do design thinking para identificar que mudanças os empregados gostariam de ver na área. “Esse painel revelou o anseio dos empregados de ter um ambiente de trabalho mais leve”, explica Raimundo Junior, gerente de Operações de Descarregamento. “Eles concluíram que o porto não precisava ter ‘cara’ de uma área industrial. Decidimos criar símbolos para a mudança. Aproveitamos áreas que estavam sem uso para implantar o projeto”.

O primeiro espaço, o bosque, foi inaugurado em abril do ano passado. Não foram usados fornecedores externos. Os próprios empregados executaram os serviços, doando seu tempo, fazem mutirões e utilizando material de

reúso, como peças de madeira e ferro descartadas. Há um comitê de projeto e um supervisor responsável. Quem estiver escalado para uma obra ganha dispensa do trabalho naquele dia.

Além da questão do menor custo, há a vantagem do senso de propósito estimulado pelo projeto. “Os empregados se apropriaram tanto do projeto que ninguém reclamou de ficar alojado em salas menores durante a execução da reforma, que durou cinco meses”, diz Junior.

Os novos espaços ainda aproximaram o porto da comunidade local. A Vale deve fechar em breve uma parceria com a Universidade Estadual do Maranhão para certificar a produção do meliponário, que foi inaugurado em junho. No orquidário, criado em agosto, a universidade pretende implantar um estudo para desenvolver uma espécie de orquídea genuinamente maranhense.

Indicadores de equilíbrio ambiental

A escolha do meliponário, do orquidário e do tanque de carpas não foi ao acaso. A presença de abelhas, orquídeas e desses peixes é indicador de equilíbrio ambiental na área industrial.

As abelhas são da espécie tiúba, responsável pela polinização de até 90% da flora maranhense, e se deslocam a até 2km do local onde estão instaladas para coletar néctar e pólen. Essas abelhas não têm ferrão, o que facilita o trabalho de inspeção das colmeias. O mel produzido é extraído e embalado de forma artesanal e entregue aos visitantes que conhecem as operações da Vale. O meliponário é formado por dez caixas, cada uma com 3 a 5 mil abelhas. Essa espécie chega a produzir de cinco a 12 litros de mel em seis meses.

Já as carpas foram colocadas num tanque com água de reúso do processo industrial e vêm se desenvolvendo normalmente. Essa água é proveniente de processos operacionais e passa por um pequeno filtro. Ela costuma ser reutilizada em atividades como lavagem e limpeza de máquinas ou na umectação das vias de acesso e pilhas de minério.

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