19 de agosto de 2022

Diretor-presidente da Aberje faz palestra para alunos de MBA da Esalq/USP

“O que é e para que servem a História e a Memória Organizacional” foi o tema da aula online que reuniu universitários de mais de 10 cursos de pós-graduação

“O que é e para que servem a História e a Memória Organizacional” foi o tema da aula online que reuniu universitários de mais de 10 cursos de pós-graduação

O que é e para que servem a História e Memória Organizacional? Este foi o tema da palestra online feita, no dia 17 de agosto, pelo diretor-presidente da Aberje Paulo Nassar, professor titular da ECA-USP, para alunos dos cursos de MBA da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo). Nassar, que também é coordenador do Grupo de Estudos de Novas Narrativas da USP, tem argumentado e defendido – em suas pesquisas, artigos, livros e inúmeras interlocuções – a ideia da importância da história e da memória empresarial, principalmente no desenho e na operação de políticas,estratégias e ações, a partir dos centros de decisão organizacionais. A palestra contou com parte teórica, cases para ilustrar a teoria e alguns flashs de desafios adequados para o tempo atual. 

“Empresa e sociedade se constituem em um mesmo território”

Segundo Nassar, a empresa é como uma extensão da sociedade e vice-versa. É a empresa influenciando a sociedade, através de suas inovações, ações e comportamentos, e a sociedade estimulando as empresas a fazerem adequações nos seus produtos, fórmulas, embalagens. “Exemplos disso são os inúmeros setores da economia procurando fazer esses alinhamentos em termos dos gostos, hábitos e rituais de consumo e de relacionamentos dos diferentes públicos estratégicos de uma empresa, como o consumidor, o próprio empregado, os acionistas, a imprensa, os fornecedores, governos, comunidades, entre outros”.

Nassar citou Philip Kotler, autor canônico do campo do marketing, para afirmar que “toda organização funciona num meio ambiente de públicos”, que sem esse contexto dos públicos, dificilmente uma empresa se torna perene na sociedade. “E se estamos falando da empresa e das suas relações com públicos tão importantes, chegamos em conceitos importantíssimos para a operação do tema história e memória empresarial dentro de um contexto comunicacional e relacional, que são os conceitos de identidade, imagem, reputação e projeção. E é óbvio que esse cotidiano relacional pode consolidar e pode erodir uma imagem, que, muitas vezes, construída em décadas, pode ser perdida em segundos”.

A história empresarial é a história de suas relações públicas e de sua comunicação. É a história que responde a uma infinidade de perguntas possíveis sobre uma organização, seu comando, suas pessoas, sua cadeia geradora de valor e ainda expressa suas realidades e memórias relacionais. “Isso acontece independentemente se o comando organizacional tem consciência disso ou não”, frisou o professor. 

“E na sociedade, em que há informação nas mãos de forma conveniente em qualquer instante, há os relatos da mídia e das redes sociais a partir da própria empresa e a partir de todos esses públicos que circundam uma organização. Então, nem tudo que é relatado numa história empresarial é produzido pela empresa, são ambientes de embate narrativo, alguns chamam isso de ‘guerra de narrativas’”, destacou Nassar.

Narrativas no tempo e no espaço

Essas representações todas é o que se chama de narrativa. De acordo com o professor Paulo Nassar, existem inúmeras narrativas no mundo a partir de toda a escala hierárquica, que vai de “P a P (do Porteiro ao Presidente)” de uma organização. “Nesse ponto entramos no conceito do filósofo francês Paul Riquier que diz que a narrativa é um artefato da linguagem que organiza a nossa experiência no tempo e no espaço, que organiza então a experiência de uma empresa no tempo e no espaço, se uma empresa não tiver suas narrativas organizadas, ela está no caos”, destacou.

“Nessa sociedade temos o desafio de chegar aos públicos, de se fazer entendido, superando as linguagens técnicas especializadas a partir de linguagens mais encantadas. Cada narrativa é uma caixa infinita de vozes. A narrativa faz com que a gente saia de uma condição sedentária a uma condição nômade no mundo. Através da narrativa viajamos ao passado de uma organização, ou seja, a narrativa é uma espécie de máquina do tempo e é baseada na experiência e na memória”, definiu o professor.

“Numa sociedade com muita informação, as pessoas têm muita fome de sentido e de significado. Elas estão obesas de informação, mas têm fome de narrativas que dêem esses ‘nortes’ em relação àquela organização com a qual elas se relacionam”, frisou Nassar.

Como apontam os resultados da pesquisa “A História e a Memória Empresarial das Organizações no Brasil”, realizada pela Aberje no ano passado junto a 120 maiores organizações do país, as motivações para que essas empresas tenham centros de memória e referência e ações ligadas à memória em diferentes níveis são várias, desde manter a identidade corporativa e a coerência institucional (48%) até estimular o sentimento de pertencimento dos colaboradores (38%), passando pelo reconhecimento das memórias como catalisadoras de negócios (43%).

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