09 de maio de 2024

Diálogos que conectam: mestrado profissional para comunicadores do terceiro setor é lançado; inscrições vão até o dia 20

Fruto de parceria entre a Aberje, FGV Comunicação Rio e Fundação Itaú, iniciativa oferece 25 bolsas para comunicadores do terceiro setor
Foto Bruno Poletti

Na terça-feira, o evento “Diálogos que conectam: A Comunicação na construção do futuro”, realizado no Itaú Cultural, em São Paulo, comemorou o lançamento do mestrado profissional para comunicadores do terceiro setor. O curso é fruto de uma iniciativa conjunta da Aberje com a FGV Comunicação Rio e a Fundação Itaú e devem ser oferecidas 25 bolsas para profissionais de Comunicação.
Desenvolvido para capacitar gestores e comunicadores para lidar com a realidade de crescente datificação dos processos, produtos e serviços nos diferentes atividades profissionais da comunicação, o Mestrado Profissional em Comunicação Digital e Cultura de Dados da FGV ECMI é voltado para profissionais que atuam ou pretendem atuar na área de comunicação digital e têm como foco a transformação e inovação na cultura de dados das organizações. As aulas serão ministradas presencialmente no Rio de Janeiro e o curso pode ser realizado em tempo parcial, não exige dedicação exclusiva e pode ser conciliado com a atuação profissional dos alunos. As inscrições podem ser feitas até o dia 20 de maio e as aulas começarão em setembro.

Diálogos que conectam

Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP, abriu o evento com uma fala sobre o domínio crescente da tecnologia sobre diversas áreas da vida humana por meio dos algoritmos onipresentes. “O algoritmo se desvinculou de suas raízes matemáticas e se transformou em uma maneira controversa de olhar o mundo. A expressão algoritmo, o seu processamento e os seus resultados são atualmente decisivas em nossas decisões pessoais, grupais e de consumo”, comentou Nassar. “Espero que o Mestrado Profissional em Comunicação Digital e Cultura, pensado principalmente para os profissionais do Terceiro Setor, com certeza, será uma jornada de descoberta, que explorará as interseções entre comunicação, educação, tecnologia, sociedade e ativismo cívico, buscando compreender e moldar o futuro que estamos construindo juntos”, concluiu.
Também participaram da abertura Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú; e Marco Aurelio Ruediger, diretor da FGV Comunicação Rio. “O terceiro setor busca mobilizar a sociedade civil, fortalecer a sociedade civil com valores importantes para o fortalecimento dos direitos, para o fortalecimento da democracia. Para isso, é importante construir rede, não adianta ter uma marca enorme e forte com outras instituições fragilizadas”, explicou Eduardo Saron, falando do papel da Fundação Itaú junto à Aberje e à FGV no desenvolvimento do mestrado. “A gente só vai de fato conseguir construir experiência democrática sólida se diálogo for possível. E para isso a gente tem que aprender a dialogar”, afirmou, reforçando a necessidade de preparar comunicadores para esse diálogo em um mundo polarizado.

Foto Francio de Holanda

Falando em nome da FGV Comunicação Rio, o diretor da instituição, Marco Aurelio Ruediger, destacou a importância da sinergia entre a Aberje, a FGV e a Fundação Itaú. “Eu acho que esse nosso projeto já começa de forma muito auspiciosa, porque ele foi feito num tempo recorde, o que só foi possível por uma imensa boa vontade das três instituições de criar algo inovador e que tenha impacto social”, encerrou.

A comunicação na construção do futuro

A primeira mesa de discussão do seminário, intitulada “A comunicação na construção do futuro”, contou com a participação de  Bianca Santana, diretora-executiva da Casa Sueli Carneiro e professora de jornalismo da FAAP; Cristina Naumovs, CEO da Unah Holding e consultora de criatividade e inovação na APEGO INC; Luciana Veiga, professora da FGV Comunicação Rio; e Mariana Stabile, CEO do Grupo Sharp. Com a mediação de Ana de Fátima, gerente de comunicação institucional e estratégica da Fundação Itaú, as palestrantes discutiram a importância da comunicação estratégica, estruturada e pautada no espírito público em instituições do terceiro setor.

“Estamos vivendo um momento em que a comunicação está em xeque. Estamos revendo nossos trabalhos e nossa forma de nos comunicarmos e nos atualizarmos”, refletiu Ana de Fátima. Para ela, a formação representada pelo mestrado profissional vai capacitar os comunicadores do terceiro setor para lidar com os desafios crescentes para suas organizações e a sociedade. “Essa questão da comunicação será também uma ferramenta para lidar com o risco à democracia”, frisou.

Foto Francio de Holanda

De acordo com Bianca Santana, o lançamento do mestrado apresenta uma oportunidade importante para o Brasil, pois a comunicação é uma etapa importante para a construção de comunidades e, portanto, da democracia. Ela reforçou o trabalho da Casa Sueli Carneiro na preservação de memórias formação e ativismo negro por meio do estabelecimento de espaços de diálogo. “Enquanto existir racismo, não vai ter democracia. Porque se eu só tenho um pedacinho dessa sociedade brasileira nisso que eu chamo de democracia, falta democracia”, concluiu.

Para Cristina Naumovs, a comunicação é uma via de mão dupla e os comunicadores precisam estar atentos não só ao que falam, mas à forma como os públicos recebem essa mensagem. “Acho que a gente se acostumou a falar para os nossos, a falar muito perto. A gente precisa perder esse medo da resposta, porque o diálogo é assim, senão não tem comunicação”, explicou. De acordo com Naumovs, temos hoje uma oportunidade de estabelecer novos diálogos. “Acho que é fundamental que isso seja estruturado dentro de uma instituição séria, como a FGV, o Itaú e a Aberje, justamente para que a gente possa ter algum vislumbre de um futuro mais democrático”, finalizou.

Luciana Veiga, professora da FGV Comunicação Rio, reforçou a importância da formação ao falar sobre o papel dos comunicadores na produção e na apuração de informação de boa qualidade. “Comunicação para mim está muito voltada, com efeito, com o impacto, e a gente está sempre trabalhando com a questão dos efeitos dos meios de comunicação”, sumarizou Veiga. Para ela, a informação de qualidade nas redes sociais é fundamental, para empoderar esse público que utiliza as plataformas.

A importância da metodologia e das métricas na formação dos profissionais que vão trabalhar temas ligados à cultura foram o ponto de partida da fala de Mariana Stabile, CEO do Grupo Sharp. “Comunicação, essa arte, esse privilégio de conseguir trocar ideias e valores, é estimular o diálogo. E nós temos um desafio pela frente, a sociedade tem o desafio de estimular esse diálogo e envolver nele as marcas que vinham falando de forma unilateral”, explicou.

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