15 de maio de 2024

Desafios de comunicar sobre agenda climática pautam segunda reunião do Comitê Aberje de Comunicação e Engajamento em ESG

O segundo encontro online do ano do Comitê Aberje de Comunicação e Engajamento em ESG foi realizado no dia 07 de maio, com o tema “Comunicação sobre a agenda climática”. O encontro foi mediado por Maria Tereza Gomes, jornalista, fundadora da Jabuticaba Conteúdo, mestre em administração de empresas pela USP; contou com a participação de Beatriz Ferrari, gerente de finanças sustentáveis da consultoria inglesa ERM, economista pela UFRJ e mestre em administração pela PUC-Rio; e de Leandro Machado, sócio da Cause, cientista político e mestre em administração pública pela Harvard Kennedy School.

Thalita Dominato, da Aberje, abriu a reunião agradecendo a presença dos membros e apresentou a vice-coordenadora do Comitê,  Maria Tereza Gomes, que apresentou o tema e explicou como a reunião seria realizada, com  tempo para que o comitê pudesse debater e que os participantes pudessem fazer perguntas.

Beatriz Ferrari expôs o relatório “Principais tendências da agenda climática para o Brasil”, da ERM, que identificou as seguintes tendências a serem acompanhadas no país:

  1. Urgência da resposta às mudanças climáticas;
  2. Harmonização das demandas de reporte climático;
  3. Greenwashing e greenhushing;
  4. Integração da natureza à ação climática;
  5. Protagonismo do Brasil na agenda climática.

Ao apresentar cada uma delas, Beatriz explicou o contexto em que estão inseridas, como por exemplo mudanças climáticas, maior escrutínio público sobre empresas, novas regulações e normas mais rígidas para divulgações ESG. Ela ainda destacou as ações que podem ser adotadas, frisando a necessidade de colaboração, o engajamento entre partes e stakeholders, a definição clara de metas e a transparência.

Leandro Machado, sócio da Cause, expôs o case ASAZGUA, sobre a indústria açucareira na Guatemala e seus desafios de posicionamento e impacto diante das mudanças climáticas. Leandro explicou os desafios da indústria do açúcar na Guatemala e como ela se posicionou como referência em ESG dentro e fora do país. O trabalho envolveu a identificação clara dos vetores de pressão sobre o setor, incluindo conflitos pelo uso de água, queimadas, pobreza e criminalidade, divididos em: sociais, ambientais, políticos e jurídicos e econômicos e tecnológicos. Com base nesses vetores, foram definidos 20 temas de ação prioritários e transversais a partir de pilares de ação alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A partir desse trabalho consistente, foram identificados os seguintes aprendizados:

  1. O comprometimento das lideranças da Associação e também de todos os associados.
  2. A celeridade no desenvolvimento da estratégia ESG de maneira setorial e as urgências na execução dos planos de ação em cada ponta.
  3. Criação e acompanhamento dos indicadores de processos e resultados da Estratégia ESG (calibragem de rotas).

Após as apresentações, Maria Tereza convidou os demais membros do comitê a compartilhar insights e questões.

Um dos membros do comitê, que atua junto a uma organização religiosa, apontou que é fundamental conhecer o contexto em que o projeto vai se inserir e que algumas organizações escutam pouco o histórico do local, a complexidade social e política. Como consequência, projetos excelentes e ações bem planejadas não são bem executadas por e têm pequeno impacto de transformação. Uma participante do comitê, que faz parte de uma organização do setor de mineração, concordou. Ela perguntou como implementar uma estratégia de comunicação mais assertiva para a sustentabilidade e como engajar pessoas.

Em resposta a esse questionamento, uma participante do comitê do setor de comunicação corporativa explicou que um aprendizado importante é que existe uma etapa de engajamento de partes interessadas, que precisam se tornar e se sentir partes integrantes do programa. A comunicação pode ser estratégica de engajamento de partes interessadas e que, para isso, conhecer realidades locais é importante.

Essa mesma participante explicou que as agências de comunicação sentem as mesmas dores dos profissionais das empresas e que a vontade da liderança faz muita diferença. Em locais em que a liderança percebe que há oportunidade de negócio, a pauta avança. Um profissional da mesma agência esclareceu também que a estratégia de comunicação dirigida faz muita diferença, inclusive para entender questões locais e pensar em ações para cada contexto. 

Outro participante chamou atenção para a distância entre a pauta ESG está afastada e a estratégia real das organizações. É necessário chamar a atenção para o ESG como transformação cultural, e não como pauta. Os times de comunicação precisam fazer uma autocrítica e pensar como estão posicionando serviços de comunicação para que empresas entendam que ESG é transformação cultural. Leandro Machado respondeu com um exemplo do projeto realizado na Guatemala, explicando que foi previsto o reposicionamento do setor como um todo.

Na conclusão, uma participante da reunião, que atua em uma agência de comunicação, lembrou que para se ter reposicionamento público, é necessário que a indústria passe por um reposicionamento de atitude. Outro membro concordou e lembrou que a mudança cultural se dará por um novo formato de educação.

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