11 de maio de 2020

Construindo o ambiente do trabalho remoto; veja as principais lições da Master Class

Parceria entre a Aberje e o Workplace from Facebook, a segunda Master Class tratou sobre engajamento com funcionários e home office

Por Aurora Ayres

Helena Kale (Worplace from Facebook) dá as boas vindas

O principal ingrediente capaz de envolver colaboradores engajados é a conexão. É isso que realmente mantém uma organização unida. Essa foi a tônica da segunda Digital Master Class de tema Empresa Conectada – Construindo o ambiente do trabalho remoto, realizada no dia 7 de maio, promovida pela Escola Aberje de Comunicação em parceria com o Workplace from Facebook. O próximo módulo está marcado para 17 de junho, com o tema Liderança, cultura e gestão de mudanças nas redes sociais corporativas. Todo o programa é 100% digital e gratuito, voltado para profissionais de comunicação.

O keynote global mais uma vez ficou por conta de Abby Guthkelch, líder global de soluções de comunicação do Workplace do Facebook. Desta vez, a executiva falou sobre o poder das empresas conectadas e como manter essa conexão à distância, algo que nos últimos meses se tornou ainda mais vital para um terço do planeta. “Com o impacto imensurável nas organizações de todo o mundo, causado pela recente surto da Covid-19, manter as linhas de comunicação abertas com os funcionários torna-se ainda mais importante nesse período”, ressalta. 

“Vamos passar cerca de 90 mil horas ou quase um terço da vida trabalhando e a esmagadora maioria das pessoas não vai desfrutar nada disso porque não está envolvida com seu trabalho”, reflete Abby, acrescentando que isso ocorre não por falta de tentativa, mas por falta da conexão empregado-empregador. “O mundo gasta bilhões de dólares com recrutamento, retenção e benefícios e caras ferramentas de TI para obter mais produtividade dos funcionários. Mas deixamos de lado o principal ingrediente capaz de envolvê-los: a conexão. Em um ambiente de trabalho moderno, as organizações conectadas do topo até a base são as mais bem-sucedidas”, enfatiza. 

Sem conexão e sem voz

Estudo recente constatou que a porcentagem da mão-de-obra global que no momento está ‘sem mesa’ é de 80%, cerca de 2,7 bilhões de pessoas espalhadas pelo mundo focadas no celular, geralmente trabalhadores horistas, em vez de assalariados. “No momento sabemos que todo esse potencial e conhecimento está sendo desperdiçado porque essas pessoas não conseguem acessar nem se conectar com partes da organização”.

Em junho de 2019, o Facebook entrevistou cerca de 4 mil funcionários da linha de frente nos EUA e no Reino Unido e descobriu, sem surpresa, que mais de 50% deles se sentem sem voz em suas empresas e que 86% se sentem desconectados da matriz ou da marca principal da empresa. Além disso, um quarto deles já teve alguma boa ideia para melhorar negócios ou práticas comerciais, mas não conseguiu contar a ninguém, pois não sabia quem procurar, ou não havia um canal para expor sua ideia. “São essas pessoas que trabalham com seus clientes e seu público principal todos os dias… Que efeitos isso tem no seu negócio?”, provoca Abby.

A executiva acredita que o trabalho em equipe e a colaboração não devem ser apenas incentivados, mas projetados onde sistemas e ferramentas estão perfeitamente integrados e onde o negócio parece uma comunidade. “Uma empresa conectada é excelente para os colaboradores e faz todo sentido do ponto de vista dos negócios”, afirma. Em sua visão, os efeitos de se estar desconectado são sentidos 10 vezes mais na linha de frente do negócio. “Essas são as pessoas que, provavelmente, nunca veriam um escritório, fora da pandemia”.

Humanização nos ambientes empresariais

“Crises testam culturas organizacionais em seus limites”, reflete a escritora, mentora e palestrante em Comunicação, Cultura e Estratégia, Marlene Marchiori, que também participou como convidada da Digital Master Clas. Na ocasião, a executiva apresentou o resultado de uma pesquisa da Edelman Trust Barometer 2019, que revela atitudes significativas em relação ao papel e atitude da liderança, do CEO, assim como um envolvimento maior com a comunidade, o empoderamento dos colaboradores e a perspectiva das empresas estarem liderando esses processos de mudança. 

Para a palestrante, esse processo de mudança se dá a partir de um novo olhar para o ser humano e que, dentro dessa perspectiva, o tema humanização nos ambientes corporativos ganha impulso diante da pandemia. “Cultura, na realidade, é a personalidade de uma organização; mas para essa cultura existir precisamos percebê-la em nossos comportamentos. Ou seja, cultura é o jeito de ser e fazer dentro de uma empresa e para nutri-la é preciso que olhemos com mais intensidade o ser humano”, frisa. 

Ao refletir sobre o trabalho remoto e como a cultura impacta essas relações, Marlene que a vivência de valores alinhados colabora sensivelmente para que a empresa possa tomar decisões mais rapidamente. “Nossa ideia é de que princípios e valores são capazes de vencer a distância física. A tecnologia certamente é uma grande aliada e traz mudanças expressivas na forma de trabalhar, conviver e projetar as expectativas para o futuro”, complementa. 

Entender o clima da organização e ouvir diretamente o pessoal é essencial para qualquer empresa conectada, seja durante a pandemia ou não. A executiva do Facebook exemplifica isso ao contar que as reuniões internas da plataforma estão incorporando elementos divertidos e uma certa informalidade para criar maior conexão entre os colaboradores. “Estamos nos unindo para nos sentirmos mais acolhidos. Até os líderes começam a fazer postagens nesse sentido”, afirma Abby.

A importância dos grupos e das comunidades 

O excesso de informação é um problema neste momento, e pesquisas apontam que, de modo geral, as pessoas ainda buscam seus empregadores como fonte segura sobre a pandemia, além dos assuntos regulares de negócios e trabalho. Mas como criar uma comunicação mais eficaz? Antes de disparar uma informação, o mais importante é analisar o público-alvo e transmitir as informações com ritmo e frequência certos.  

A comunicação deve ser interessante e causar algum impacto. “Costumo dizer que é importante sermos breves, usar menos palavras para passar um recado. A mensagem mais importante deve ficar nas primeiras 200 palavras de um post, blog ou e-mail. Se a comunicação for feita por vídeo, a informação principal deve estar nos primeiros 30 segundos”, recomenda Abby. Lembrando que 70% da comunicação é não-verbal e que, neste momento, em que muitos fazem videoconferências, o vídeo realmente pode aumentar a efetividade de uma mensagem, criando uma conexão emocional com o público.

Apenas cerca de 20% das comunicações criadas precisam ser vistas por todo mundo na organização. Nesse sentido, a executiva ressalta que o ideal é segmentar a comunicação e analisar se ela tem valor para o público que se quer alcançar. “As pessoas estão sentindo necessidade de se reunir em comunidades, querem fazer parte de um coletivo e desempenhar um papel único e exclusivo naquela comunidade. Esse surto ressaltou que agora é mais importante do que nunca que as empresas reforcem a comunicação da comunidade interna”, salienta, “Se você quer garantir que o conteúdo atinja as pessoas certas, crie grupos e comunidades para cada projeto ou interesse. Esta é a melhor maneira de manter discussões aprofundadas e compartilhar informações e documentos, em vez de longas sequências de e-mails etc”, recomenda Abby. 

O papel da cultura no trabalho remoto

O ser humano no centro das decisões. Este é o papel da cultura no trabalho remoto, de acordo com as observações das palestrantes. 

“O colaborador quer ver a pessoa que está por trás daquele líder, o que ele faz e como ele faz. Isso interfere no que entendemos por conexão com nossos propósitos e valores”, comenta Abby. “Entendo que a cultura efetivamente acontece quando as pessoas vivenciam essas experiências. Viver cultura é uma condição particular na qual as pessoas percebem, sentem, tomam atitudes… E a conexão torna possível o compartilhamento de ideias e comportamentos”, completa. 

A palestrante Marlene frisa que o líder deve ouvir mais do que demandar. “É preciso que o líder desafie e inspire seus times na busca de soluções inovadoras e mostrar, inclusive, sua vulnerabilidade e fragilidade. Tudo isso revela a prática de comunicar e engajar uma equipe ativamente. É necessário que haja uma cultura do diálogo e do relacionamento presente em todas as instância de relações da organização”, recomenda. 

“Temos de repensar novas culturas, olhar para a sociedade e a partir dessa leitura, trazer essas novas ideias para a minha empresa. Desse modo, vamos respirar novos propósitos. Este é o momento de repensarmos quem seremos a partir dessa pandemia”, finaliza.

Fases de Comunicação sobre a Covi-19

Na análise de Abby, a comunicação sobre a Covid-19 pode ser dividida em quatro fases: a primeira foi a comunicação da crise, que exigia atualização diária ou de hora em hora das informações, diante a velocidade com que as mudanças ocorriam ao longo do dia de forma diferenciada em cada país, de acordo com suas questões regulatórias, operacionais, gestão de pessoas etc. 

Com um terço do mundo em confinamento, a segunda fase começa. Para exemplificar, as palavras “colaboração”, “inspiração” e “bem-estar” representam grupos para contextualizar os diferentes tipos de organizações, conforme explica a executiva:  primeiro grupo – colaboração – refere-se às empresas cujos funcionários atuavam no escritório e agora estão em trabalho isolado, remoto ou em casa. O segundo – inspiração – reflete as empresas que possuem trabalhadores internos e os que ficavam na linha de frente. Os do escritório migraram para o remoto, mas o restante ainda precisa estar presente nos locais de trabalho, como lojas de varejo. O terceiro grupo – bem-estar – são as organizações que tiveram que parar suas atividades, como as do setor de hotelaria e turismo, por exemplo, mas que precisam acompanhar seus funcionários. “Nessas comunidades acompanhadas, estamos vendo a cultura prosperar, pois as pessoas sentem a necessidade de fazer parte de uma comunidade maior”, acentua. 

Conforme Abby explica, na segunda fase, os funcionários acompanhados estariam recebendo apenas conteúdos de cultura, inspiração e bem-estar, em detrimento dos voltados à colaboração, que seriam os dois primeiros aspectos. “Na fase 3, o importante é formar uma imagem real de como será o retorno ao trabalho nas organizações. Muitos dos nossos clientes e pessoas com quem estou trabalhando e conversando estão começando a criar estratégias para essa fase, apesar de não sabermos, em termos de prazos, como e quando ela será nas diferentes partes do mundo.”

Abby ressalta que a pandemia lançou luz sobre falhas corporativas, seja em termos de processos, políticas, operações, tecnologia, entre outras. “Seria ingênuo da nossa parte acreditar que o retorno ao trabalho vai nos levar de volta à situação que tínhamos antes. “Em uma última fase, vemos as equipes dos nossos clientes abraçarem o compromisso de se tornar uma organização conectada, com foco nas áreas de cultura, comunidade e colaboração”, comenta. “Os líderes precisam informar e manter contato com os colaboradores, responder as suas dúvidas, demonstrar cuidado, tanto em termos de saúde e segurança, como também comunicando mudanças nas políticas de pessoal e as operacionais à medida que elas ocorrem”.

Agenda

O próximo módulo está marcado para 17 de junho, com o tema Liderança, cultura e gestão de mudanças nas redes sociais corporativas. As inscrições abrirão em breve.

Confira os insights da primeira Master Class: Líder conectado = líder visível e acessível

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