20 de janeiro de 2022

O que muda na cultura das empresas a partir de 2022?

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No último trimestre de 2021, a OC Tanner divulgou o Global Culture Report 2022. Os dados de uma  das maiores especialistas em cultura corporativa do mundo mostram os desafios que os gestores deverão enfrentar nos próximos meses. Alguns dos desafios impostos pela pandemia acabaram gerando bons resultados em termos de experiência do funcionário, principalmente em questões como engajamento e retenção.

Segundo o relatório, a flexibilização de horário e de local de trabalho pode aumentar o engajamento em até 41%. Já a retenção de talentos é 77% maior sob essas condições. Para o modelo híbrido, 68% dos colaboradores esperam trilhas de desenvolvimento, enquanto 65% querem a opção de escolher dias da semana para trabalhar remotamente.

A pesquisa também mostrou outros dados não tão favoráveis: no último ano, 45% dos funcionários reduziram significativamente o número de colegas de trabalho com quem interagem, enquanto 33% se sentem deslocados de seus líderes. Já 57% deles dizem se envolver menos nas ações internas da companhia.

Esses dados e os aprendizados da pandemia podem nos ajudar a pensar em soluções para reforçar e aprimorar a cultura após o fim do sistema remoto. Fato é que o mundo mudou desde 2020, e precisamos estar preparados para as novas demandas corporativas a partir de 2022. Por isso, penso que será fundamental trabalharmos os seguintes tópicos:

1. Priorizar a experiência do funcionário

Na minha primeira coluna aqui na Aberje, abordei exatamente esse assunto, mas volto a reforçá-lo por entender que ele será fundamental para as empresas neste novo ano. O employee experience será cada vez mais levado em consideração pelos melhores profissionais do mercado, e são justamente eles que você provavelmente quer dentro de sua empresa.

Para isso, aposte em programas de desenvolvimento profissional e forneça feedbacks constantes sobre o trabalho executado. Algumas empresas também criam programas de reconhecimento através da gamificação de algumas atividades. Dessa maneira, o colaborador consegue realmente se sentir parte de um time. Também turbine a experiência através de ações que valorizem a saúde e o bem-estar dos empregados.

2. Adotar a flexibilização

Se no começo da pandemia o home office foi estranho para a maioria das pessoas, hoje em dia ele já está bem absorvido na rotina dos colaboradores. Por isso, ao pensar no fim do trabalho 100% remoto, cogite opções que permitam o funcionário trabalhar em casa em alguns dias da semana ou do mês. Dessa maneira, acredito que eles vão se sentir mais confortáveis em executar todas as suas tarefas.

Você pode, por exemplo, criar uma agenda para que as pessoas avisem quais dias da semana vão trabalhar na empresa e quais ficarão em casa. Assim, será possível reunir times específicos em determinadas datas e até mesmo garantir uma maior interação entre as diversas equipes.

3. Ficar de olho na saúde mental

Os últimos 2 anos foram extremamente pesados para a sociedade. Segundo o The Lancet, a depressão e a ansiedade cresceram 25% durante a pandemia, em todo o mundo. Os mais afetados foram os jovens e as mulheres, por isso, ações voltadas com foco nesses públicos podem ajudar a mitigar os danos gerados.

E quando falamos em saúde mental, é extremamente importante se lembrar de ter empatia. Acolher o colaborador e entender que ele está passando por uma fase ruim são os primeiros passos para recuperar sua moral e retê-lo na companhia. Também é possível, por exemplo, estimular trabalhos em equipe, aliviando demandas que ficariam apenas com um funcionário.

4. Promover a diversidade, a igualdade e a inclusão

Essa já era uma demanda que vinha crescendo desde antes da pandemia, mas que tem sido cada vez mais reforçada. Afinal, quanto mais diversa for uma empresa, melhores serão os resultados obtidos. Porém, isso não pode ser um dado apenas para o mercado externo. É preciso colocar o discurso em prática e variar o quadro de funcionários.

Além disso, é preciso desenvolver ações internas que coloquem esses colaboradores no centro da ação. Ao serem reconhecidos por quem eles são, existe uma probabilidade maior de eles permanecerem na sua empresa por mais tempo e de entregarem melhores resultados.

5. Caprichar nas integrações

Nos últimos dois anos, quantos novos funcionários entraram na sua empresa? Você conhece todos pessoalmente? Provavelmente, não. Esse é um cenário muito comum em empresas que contrataram durante a pandemia, por isso será necessário criar programas tanto para reforçar a cultura interna quanto para integrar os colaboradores.

Afinal, muitos colegas se conhecem apenas pelos aplicativos de videoconferência. Dentro dos escritórios, a dinâmica será outra. Assim, criar programas voltados para a integração será uma boa maneira de retornar ao presencial ou híbrido de uma maneira mais lúdica. Pense em dinâmicas divertidas para esse momento e considere implementar um momento da semana apenas para os times relaxarem como times.

A cultura em 2022

Vale lembrar que todas essas orientações começam com a própria cultura da empresa. Não adianta querer divulgá-la se ela não estiver bem estruturada. O primeiro passo é um velho conhecido de todos: definir missão, visão e valores. A partir disso, será possível escolher os caminhos que irão nortear as ações comunicacionais e corporativas.

Além disso, é importante construir uma cultura única, ou seja, que se destaque de outras empresas. Do contrário, outros podem copiar seus propósitos e, com isso, atrair seus talentos internos. E, certamente, você não quer perder seus melhores empregados, não é mesmo? E lembre-se de que estamos falando de um período em que muitas barreiras geográficas foram rompidas. Muitas empresas têm contratado colaboradores de outras regiões, mesmo que isso signifique um trabalho 100% remoto nesses casos. Ou seja, você tem que ficar de olho nos concorrentes da sua vizinhança, mas também de todo o país.

E, nunca é demais lembrar: tenha uma comunicação ativa e transparente. Os colaboradores precisam compreender toda a cultura da empresa. Para isso, reforço constante e ações diferenciadas são o caminho para conseguir alinhar todos sob o mesmo propósito. Sua empresa está preparada para isso?

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Alexandre Hampf

Alexandre é CEO e cofundador da Clima Comunicação, uma empresa especializada em Employee Experience e Comunicação Corporativa. Possui graduação em Relações Públicas e em Publicidade, pela PUC/PR, além de pós-graduação em Comunicação e Marketing pela mesma instituição. Também possui MBA em Planejamento e Gestão de Negócios pela Universidade Positivo. Além disso, ocupou diversas posições na parte gerencial e executiva de grandes organizações.

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