16 de maio de 2024

A Comunicação Interna não existe mais

Antes de tudo, calma! Não estou dizendo que a área acabou. E nem que nós, profissionais da área, não seremos mais necessários. Estou falando da evolução do nosso segmento, onde cada vez mais é necessário extrapolar os limites da comunicação.

Ao longo de mais de 15 anos dedicados à Comunicação Interna e ao Endomarketing, acompanhei e participei das mudanças dos meios e métodos de comunicação dentro das organizações. E agora estamos todos fazendo parte de uma grande revolução da área. E nela vejo que a Comunicação Interna propriamente dita não existe mais. Pare e observe. Não existe mais comunicação interna e externa, concorda?

Pensando só nos canais de Comunicação Interna, já temos o WhatsApp, as atuais redes sociais corporativas, plataformas digitais interativas e inteligência artificial. Esses avanços tecnológicos alteraram profundamente as expectativas, os comportamentos e as formas de se transmitir e consumir informações, seja dentro ou fora das empresas.

Os canais já não têm limites, quando olhamos sob o ponto de vista dos muros, mesmo que virtuais, das organizações. Estamos vendo uma crescente de utilização de canais como Instagram, por exemplo, para disseminar conteúdos de cultura e marca empregadora, tanto para colaboradores, como para quem queira seguir e saber como é trabalhar na organização. Veja o exemplo de Alpargatas que coloca seu book de cultura para acesso aberto em seu site. Ou seja, já extrapolamos os limites da Comunicação Interna.

E tudo isso é amplificado pelos modelos de trabalho remoto e híbrido, que ganharam significativa força, especialmente após a pandemia. Todos nós enfrentamos desafios na comunicação para além dos limites físicos da organização. Isso serviu como grande aprendizado e impulsionador para a adoção de novas formas e abordagens.

Junto com esses avanços, também estamos vendo as organizações deixarem de ser as únicas responsáveis pela emissão das mensagens para seus colaboradores. Vimos que qualquer pessoa da organização pode construir conteúdos e participar ativamente desse processo. Não se trata mais de gerenciar canais e conteúdos, mas de cultivar conexões. Não é apenas sobre informar, mas sobre envolver, inspirar, engajar e mobilizar.

Você sabe com quem está falando?

Para promover um maior engajamento, a eficiência dos processos e alcançar os resultados da comunicação, no entanto, destaco a importância de conhecer o público para quem e com quem comunicamos. Isso já era praxe, mas hoje, dentro das empresas, temos uma diversidade muito grande de pessoas. É necessário focar em seus interesses, habilidades, dificuldades e necessidades para adaptar a mensagem, o canal de comunicação e os formatos em que as comunicações são feitas, para atingir melhores resultados.

Percebemos hoje uma necessidade urgente de segmentação e personalização, estratégia bastante utilizada pelo Marketing, por exemplo. Nem tudo precisa ser comunicado para todo mundo, mesmo dentro das organizações. Personalizar e segmentar a comunicação de uma forma mais profunda contribui inclusive para a redução dos excessos de informação, que impacta negativamente no engajamento das pessoas e na saúde mental de todos nós.

Impactos da comunicação centrada nas pessoas

Dados e pesquisas mostram que as organizações que se adaptarem a essa nova realidade terão maior probabilidade de prosperar em um ambiente empresarial que valoriza a autenticidade e a conexão humana acima de tudo.

Segundo a PMI (Project Management Institute Brasil), 76% das empresas brasileiras afirmam que a falha de comunicação é o principal motivo para o fracasso de projetos. Um outro estudo, da Gartner, empresa de benchmarking global de capital humano, mostra que as consequências de uma má comunicação e gestão organizacional afetam diretamente no sucesso e na competitividade das companhias.

Portanto, uma comunicação mais humana, que seja verdadeiramente bidirecional, personalizada, segmentada e com uma compreensão profunda das necessidades e expectativas dos colaboradores é uma realidade e uma necessidade.

Essa transição leva as empresas a uma reflexão sobre a importância de começarem a ouvir as pessoas, ler e gerir dados para entender e compreender profundamente as expectativas, demandas e necessidades de cada um que compõe a empresa. Só assim é possível ter uma comunicação mais eficiente, que valoriza a autenticidade e a conexão humana acima de tudo.

Na P3K, acabamos de entrar em um novo momento. Renovamos a nossa identidade e posicionamento para reforçar ainda mais nosso compromisso com uma comunicação que impacta positivamente a vida das pessoas e, consequentemente, os resultados dos negócios.

Participamos da evolução da Comunicação Interna até agora e, felizmente, protagonizamos o seu fim. É por isso que desafiamos os limites da comunicação!

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Elizeo Karkoski

Sócio-Diretor na P3K Comunicação, agência especializada em Comunicação Interna Estratégica e Endomarketing. MBA em Gestão Empresarial, Pós graduado em Design e Formação em Psicanálise. Na Aberje, teve participações como Jurado do prêmio Aberje e Universitário e Membro do Comitê de Comunicação com Empregados.

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