CEO da INMED Partnerships Children traz o sistema de aquaponia para o Brasil e reforça a importância da comunicação no sucesso do projeto
INMED Partnerships for Children, que atua há 26 anos junto a comunidades carentes brasileiras com foco na alimentação infantil, lança novo projeto que usa tecnologia para economizar recursos naturais e promover a geração de renda entre a população vulnerável.
Você já ouviu falar em aquaponia? É uma tecnologia antiga, que existe há muitos anos e era usada pelos astecas, que habitavam a região onde hoje fica o México, mas representa uma solução milenar bastante eficaz para promover a sustentabilidade no mundo moderno.
A aquaponia é uma combinação de piscicultura (criação de peixes) e hidroponia (cultivo de plantas sem solo, onde as raízes recebem solução nutritiva balanceada que contém água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta). Realizada em um sistema fechado, na aquaponia, a água que levanutrientes para os peixes vem das plantas, que estão cultivadas em cascalho. A água fertiliza as plantas, e o cascalho captura os nutrientes e também os limpa e liga à areia, usando 90% menos água que na agricultura profissional.
“Devido ao consumo muito diminuído de água, é uma tecnologia fundamental para o mundo de hoje, no qual poupar os recursos naturais é uma necessidade. Além disso, é um sistema altamente produtivo, pois pode-se cultivar 10 vezes ou mais alimentos ocupando o mesmo espaço que agricultura familiar”, explica Linda Pfeiffer, CEO da INMED Partnerships for Children, que está no Brasil no mês de agosto para dar os primeiros passos do programa.
O INMED Aquaponics é uma adaptação dessa tecnologia, versão que é mais simples e de menor custo que outros tipos de aquaponia. “O interesse pela aquaponia está crescendo em todo o mundo, mas esses sistemas em geral custam caro e são muito complexos, e para pessoas vulneráveis é importante que sejam simples e de baixo custo”, diz Linda.
A CEO esteve nos últimos dias em Recife e em Sorocaba, no interior de São Paulo, que devem ser as primeiras regiões a receber o programa. A ideia é expandir em breve para outras regiões brasileiras, como Pará, São Paulo e várias outras. “Estamos introduzindo esse novo programa porque, ao longo dos 26 anos que atuamos no Brasil, já promovemos inúmeros projetos voltados para a saúde, nutrição, educação das crianças, além do meio ambiente. Agora, é muito importante trazer programas integrados e sustentáveis”, comenta.
Programas internacionais da ONG em regiões como a África do Sul, Peru, Caribe também promovem a agricultura sustentável para a segurança alimentar, mas sempre visando geração de renda. “Temos o sonho de ver crianças saudáveis, com acesso à educação, mas para isso é preciso criar oportunidades. Por isso, estamos trazendo esse programa ao Brasil, e o foco é a aquaponia. Acabo de chegar de Pernambuco, agora está chovendo lá, mas por muito tempo não havia água. Há muitas comunidades que precisam de alternativas para tais condições climáticas, e para o futuro dos jovens. Por isso, como temos essa tecnologia e a expertise para implementá-la, é a hora de colocar em prática aqui no Brasil”, afirma a CEO.
Projetos da INMED no Brasil
Fundada em 1986, a INMED Partnerships for Children é uma organização internacional sem fins lucrativos, como foco em desenvolvimento humanitário, que já executou projetos em mais de 100 países para levar a crianças acesso à segurança, saúde e educação. A principal meta da ONG é deixar um legado positivo de mudanças sustentáveis para o futuro.
No Brasil, a organização está ativa há 26 anos e já implementou projetos em 17 estados. “Temos muito orgulho dos impactos de nossos programas aqui no Brasil. Temos, por exemplo, um projeto com a empresa Mondelez há muitos anos, voltado para a alimentação de crianças. Fizemos um estudo de impacto, demonstrando que o projeto ajudou a combater a obesidade e aumentou o acesso a alimentos nutritivos para as comunidades”.
“Nas escolas em que trabalhamos, anteriormente, verduras e legumes eram incluídos no cardápio apenas uma vez por semana. Hoje essas escolas oferecem esses alimentos todos os dias. Conseguimos mudar não apenas a cultura da escola, como também o modo de pensar dos professores e dos pais. Toda a comunidade passou a trabalhar junta em prol da alimentação de qualidade para as crianças. Então, embora o projeto seja para as crianças, muda toda a comunidade”, conta Linda.
Relação ONGs x Empresas x Governo
Para Linda, o relacionamento entre ONGs, empresas e governo já é forte no Brasil, mas pode se estreitar cada vez mais. “Temos uma história de parceria com o setor privado, com muitas companhias, de muitos setores – como energia, farmacêutica, alimentos, e vários outros segmentos. Para nós, é muito importante a expertise do setor privado, porque não se trata apenas de dar dinheiro, é importante que o projeto seja sustentável”, avalia a CEO.
Há muitas formas de apoiar e se engajar em cada projeto. “Por exemplo, em Sorocaba estamos trabalhando com o Banco Pérola, para que liberem empréstimos com juros mais baixos. A ideia é criar uma geração de empreendedores que se auto-sustentem, e não dependam de recursos de programas sociais por toda sua vida. O setor privado tem o conhecimento necessário para propiciar esse tipo de ajuda, então, a ideia é sempre unir a filantropia a esse tipo de ação, para gerar uma economia sustentável para o país”, resume.
Importância da Comunicação
Na visão da CEO da INMED, a comunicação eficiente entre os três lados – ONGS, empresas e governo- é fundamental para que os projetos sejam bem-sucedidos. “A comunicação talvez seja o fator mais importante no mundo, e talvez o mais difícil, porque sempre envolve diferentes pontos de vista. Por isso, especialistas em comunicação são muito importantes para todos os projetos que buscam uma vida sustentável”, diz Linda.
“Além disso, as pessoas vulneráveis não sabem como se comunicar com o restante do mundo, e o setor privado é muito diferente do setor público, das ONGs. É importante haver um alinhamento entre todos por meio da comunicação, e parcerias entre todos”, opina.
Segundo ela, é preciso garantir que a comunicação seja eficaz para que governos e empresas acreditem e se engajem cada vez mais em projetos desse tipo. “Muitas vezes vive-se em círculos fechados, e fica difícil se comunicar. Então, creio que é importante investir na comunicação mais eficiente, mais reuniões como a que participei na semana passada em Sorocaba, em que representantes de todos os grupos estão presentes para discutir esses problemas. E vejo também a necessidade de mais comitês, em diferentes estados, porque os comitês incluem todos esses players, todos os envolvidos”, sugere.
“Queremos falar cada vez mais com as companhias de todos os setores sobre seus planos, ideias e interesses. Sabemos que uma empresa que atua em determinado setor gosta de focar nessa área, por isso é importante selar parcerias com companhias de segmentos diversos, com diferentes focos e expertises. Estamos muito satisfeitos por integrar esse programa de aquaponia, porque é algo muito valioso. Em minhas visitas a Minas Gerais, Pernambuco e Sorocaba, nos últimos dias, vi que e em todos os lugares há muito entusiasmo com o projeto, porque é algo que inclui todos da comunidade, sem exceção, visando ampliar as alternativas dessa comunidade, juntos”, finaliza a CEO.
Mais informações sobre a INMED Partnerships for Children: no Brasil e no mundo
Assista à entrevista na íntegra:
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