22 de março de 2023
BLOG Inovação na Comunicação

A tranquilizadora mensagem de Amy Webb no SXSW sobre IA na comunicação

 

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O SXSW se consolidou como o principal Festival de Criatividade & Inovação do mundo. Todo ano, diversos profissionais vão para Austin para falar, ouvir, debater e prever as principais tendências de diferentes mercados, especialmente o de entretenimento e comunicação.

Este ano, na esteira do sucesso do ChatGPT, Inteligência Artificial (IA) está sendo o principal tema, tanto que foi o assunto da palestra da famosa futurista Amy Webb no Festival. Ela mostrou como a IA deve ser cada vez mais presente no futuro, como ela já está sendo usada no presente, inclusive apontando suas limitações atuais, além de riscos e possibilidades para o futuro.

Amy ficou especialmente numa preocupação das pessoas que trabalham na indústria criativa, como os profissionais de comunicação: será que a IA vi me substituir? A resposta que ela traz, e que eu concordo, é que não.

O motivo principal: o uso da inteligência artificial demanda um Conhecimento Básico (foundational knowledge, em inglês). O que isso quer dizer? Aplicações de Inteligência Artificial Generativa, como o ChatGPT, são reativas: precisam ser provocadas, demandas, para que façam uma entrega. E sua entrega será tanto melhor quanto melhor for essa demanda.

Por exemplo. Usei o ChatGPT para pedir opções de títulos de um anúncio de retargeting que use o gatilho mental da autoridade. O ChatGPT me entregou excelentes opções. Escolhi uma delas, ajustei para ficar mais ao meu estilo, e usei. No mesmo dia, pedi uma lista das principais curiosidades que profissionais de comunicação têm sobre Inteligência Artificial. De novo, o ChatGPT me de uma excelente lista, que usei como referência para mapear dores deste público e pensar em como endereçar.

Quero chamar atenção aqui que o ChatGPT atuou como meu assistente, por que ele é isso. Eu que indiquei um momento da jornada do cliente, pedi para usar um gatilho mental, e pensei no público que quero impactar. Meu irmão é engenheiro eletricista e trabalha na indústria do petróleo. A chance de ele conseguir as mesmas respostas usando o ChatGPT é nula.

Este exemplo prova o argumento de Amy Webb: o ChatGPT é uma ferramenta à disposição de quem tem conhecimento sobre um tema, segmento ou campo de estudos. Não substitui essa pessoa. Na verdade, a Inteligência Artificial Generativa potencializa o trabalho deste profissional especialista: o ChatGPT é um ótimo parceiro para um excelente profissional que está num dia ruim (aqueles dias sem inspiração) e um excepcional parceiro para um excelente profissional num dia bom. 

Uma pessoa que não tenha conhecimento básico de uma área específica não conseguirá usar esta ferramenta para muita coisa, ou terá entregas num nível mais baixo.

Por isso, como disse Amy Webb, defendo que profissionais de comunicação vejam a Inteligência Artificial Generativa como animação e pouco medo. O ChatGPT e seus semelhantes (como Copy.AI, Dall-E e Midjourney) podem dar superpoderes para profissionais especializados, inclusive, tornando mais visível a diferença de produtividade, qualidade e impacto dos bons profissionais para os não tão especializados. 

O ChatGPT não vai nos substituir. Ele está aqui para nos potencializar.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Lucas Reis

Lucas Reis é CEO da Zygon AdTech & Data Solutions, PhD em Comunicação Social (UFBA), alumni dos programas de aceleração Startup Beta (Web Summit) e Scale Up (Endeavor). Atualmente, é Professor do IAB Brasil e pesquisador de Big Data no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital.

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