01 de abril de 2021

Benchmarking: Estratégias de visibilidade interna e externa para grupos de afinidade em diversidade e inclusão

Aberje Connects promove compartilhamento de experiências sobre comunicação nas organizações entre os associados

Aberje Connects promove compartilhamento de experiências sobre comunicação nas organizações entre os associados

Profissionais das empresas Sanofi, 3M, GE e Mercedes-Benz participaram da edição do Aberje Connects sessão online de benchmarking entre associados – realizada no dia 25 de março. Desta vez, o tema Estratégias de visibilidade interna e externa para grupos de afinidade em diversidade e inclusão foi abordado por Neila Lopes, gerente de Comunicação Interna e líder de Diversidade & Inclusão da Sanofi; Luiz Eduardo Serafim, head de Marketing, Ecommerce & Insights da 3M; Vanessa Sampaio, especialista em Comunicação da General Electric; e Elineide Castro, gerente de Recursos Humanos da Mercedes-Benz. A atividade contou com a participação de 56 organizações distintas de oito estados diferentes, com moderação de Rodrigo Cogo, gerente de Desenvolvimento Associativo da Aberje. 

Programas de diversidade e inclusão

Segundo pesquisa da Aberje sobre Diversidade e Inclusão nas Organizações no Brasil feita em 2019 e que traz um panorama da estrutura e de programas voltados para o tema implementados pelas organizações brasileiras , entre os tipos de grupos mais abrangidos pelos programas das organizações destacam-se: pessoas com deficiência (96%), identidade de gênero (83%), cor/etnia (78%) e orientação sexual (74%).

A biofarmacêutica francesa Sanofi, por exemplo, trabalha desde 2010 com o tema Diversidade e Inclusão, tendo iniciado com foco em Equidade de Gêneros. Quem contou um pouco como essa área vem sendo estruturada no Brasil foi Neila Lopes, gerente de Comunicação Interna da companhia. “Em 2019, trouxemos outros pilares para o contexto de Diversidade e Inclusão, a partir da ambição de ser reconhecida como uma empresa inclusiva e atrativa para todas as gerações. No curto prazo, temos buscado promover a ampliação da consciência coletiva para combater vieses, para ter um ambiente de trabalho plural e acolhedor e no médio e longo prazos, pois se trata de uma jornada, o objetivo principal é refletir a diversidade que temos na nossa sociedade brasileira”.

Neila Lopes

Com 26 anos de 3M, Luiz Eduardo Serafim acumula muitas experiências na multinacional americana de tecnologia diversificada. Ele conta que o primeiro grupo a se destacar no tema foi o fórum de liderança feminina, há oito anos. Quatro anos depois, começaram a ganhar força os grupos de raça/etnia e LGBTI+. O mais recente é o grupo de portadores de deficiência, o qual participa do comitê, existente há dois anos. “É maravilhoso testemunhar e participar como agente dessa transformação. Quando entrei, a empresa não era tão visivelmente diversa e hoje é, mas falta muita coisa ainda a fazer”, disse.

Os objetivos desses grupos, a curto prazo, seguem a mesma linha da Sanofi, de reforçar a ideia de conscientização e engajamento para tornar o ambiente mais equânime no recrutamento, no desenvolvimento de carreira e na promoção das pessoas. Desde 2015, a 3M publica e monitora o Índice Global de Diversidade. Nesse sentido, foi lançado neste ano o primeiro report de Diversidade, Equidade e Inclusão, além de outras metas que a empresa acompanha.

A General Electric está nessa caminhada há mais tempo, promovendo grupos de afinidades, globalmente, há 20 anos. Por aqui, o tema vem sendo trabalhado de forma mais ativa nos últimos seis anos, segundo Vanessa Sampaio, que atua na companhia como especialista em Comunicação. “No curto prazo, gostaríamos de ter mais funcionários engajados nas causas, entendendo onde queremos chegar como companhia. A médio e longo prazos, eu diria que a meta é termos cada vez mais exemplos de casos reais e cases para sermos reconhecidos como uma marca empregadora no sentido de inclusão e diversidade no aspecto mais geral. É uma jornada na qual aprendemos a cada dia”, comentou.

Vanessa Sampaio

Assim como Serafim, Elineide Castro, da Mercedes-Benz, também acumula mais de duas décadas de vivência na mesma empresa. E similar à GE, o tema vem sendo tratado globalmente há muito tempo. “Há uma área de Diversidade na Alemanha que cuida de diversas ações e aqui no Brasil criamos um comitê de diversidade no início de 2018, antes existiam ações relacionadas a pessoas com deficiência e mulheres. Nosso comitê conta com representantes eleitos de cada área, indicados pelo board. São 12 componentes que trazem as diversas visões dos nossos stakeholders. A governança desse comitê é feita pelas áreas de Recursos Humanos e Comunicação”, disse.

Grupos de afinidades e a Comunicação

Entre as táticas e estratégias de introdução e conscientização sobre o tema Diversidade e Inclusão nas organizações estão os grupos de afinidade, que podem focar em gênero, raça e etnia, pessoas com deficiência (PcD), comunidade LGBTI+, geração, entre outros. Esses grupos potencializam o senso de pertencimento, de comunidade e de identificação entre os participantes, conectando pessoas e propiciando um dinâmico ambiente de troca. 

Em muitas empresas, são eles que estabelecem a base para estratégias globais acerca da temática D&I e, nesse ecossistema, a área de Comunicação entra como suporte e caminho para que ideias e ações neles iniciadas possam alcançar um número ainda maior de pessoas. É o que contam os representantes das empresas participantes desta edição do Aberje Connects. 

O protagonismo é do colaborador 

Em 2019, foram criados na Sanofi Brasil os grupos de afinidades relacionados aos quatro pilares temáticos: equidade de gênero, LGBTQI+, pessoas com deficiência e etnia, além do mais recente que vem sendo incorporado, o gerações 50+. As reuniões são mensais e uma interação trimestral com o board para apresentação de eventuais pleitos. 

“A formação do comitê foi muito orgânica, sem indicação ou votação e dentro de cada um desses pilares tem gente de toda empresa trabalhando; a liderança executiva está presente na governança do comitê. Olhamos esse tema de maneira transversal pensando em interseccionalidade, mas cada pilar tem sua autonomia para gerir suas atividades”, acentuou Neila, responsável pela gestão do comitê D&I.

De acordo com a executiva, cada pilar é responsável por organizar um evento através do calendário anual e com o apoio da equipe de Comunicação. “Toda oportunidade que temos de dar evidência para a diversidade é por meio do protagonismo das pessoas que fazem acontecer”, argumentou. Quanto à articulação entre comunicação interna e externa, a equipe da Sanofi segue um calendário editorial com temas D&I, pauta prioritária para a comunicação interna, externa e RH.

“Nós também descentralizamos a comunicação; os grupos surgiram com autonomia e foram fazendo coisas muito legais e de impacto na companhia”, declarou Serafim da 3M, referindo-se aos grupos de mulheres, raça/etnia, LGBTI+ e PcD. “O D de Diversidade ficou com funções lideradas pela estrutura de gestão de pessoas e RH, responsável pela aquisição de talentos, políticas de recrutamento, ambiente de trabalho etc, e o I de Inclusão é extremamente orgânico e hoje tem cerca de 300 pessoas que participam de forma voluntária, com lideranças regionais de integração que também vão se formando organicamente” explicou. 

Du Serafim

A equipe de Comunicação da companhia participa dos comitês e está sempre conectada às demandas dos grupos fazendo a comunicação regular de eventos, já que controlam alguns canais, como o programa Papo Aberto com o Presidente, em que o colaborador tem contato direto com a alta liderança via chat, todo mês seguindo um determinado tema. Rodas de conversa também têm sido muito efetivas na pandemia, especialmente para a mulher, na questão da sobrecarga de trabalho, por exemplo.

“O pilar D&I é uma das prioridades e em todas as táticas estamos trazendo esses elementos, assim como as campanhas que são usadas nos canais internos e externos. Os storytellings, por exemplo, são muito poderosos com belas histórias para fazer as pessoas se conscientizarem e se engajarem nas causas”, salientou Serafim. 

Voluntários engajados

Na Mercedes-Benz, os grupos de afinidades foram lançados no ano passado durante a campanha Seja você e tudo Benz. “Queríamos ressaltar que gostaríamos de ter aqui as pessoas de forma voluntária, que se identificassem com cada um dos pilares – gênero, racial, orientação sexual e PcD. A parte estratégica do comitê é alinhada com o board, mas cada grupo tem a sua própria dinâmica de frequência e atividades. Hoje são 120 voluntários, representantes de todos os níveis”, contou Elineide, que lidera o comitê.

As ideias e iniciativas que surgem nessas ‘rodas online de conversa’ seguem para além desses grupos que acabam indicando-as à área de Comunicação que ajuda na estruturação e organização de atividades e na divulgação interna de dicas culturais como livros e filmes, sugestão de painéis e de palestras temáticas, por exemplo. 

Elineide Castro

“Enfatizamos mais a comunicação interna através de campanhas sobre valores corporativos e individuais e disseminamos cada vez mais a cultura da diversidade dentro da nossa empresa. De forma externa, temos algumas ações pontuais divulgadas em nossas redes sociais, contamos com o trabalho de uma agência de comunicação, além da nossa participação em alguns fóruns e pesquisas”, complementou.

Além dos grupos de mulheres, LGBTI+, PcD, raça/etnia, a GE incluiu ainda o grupo estagiários/voluntários. “Como são diversos negócios na GE, os grupos têm sua própria estrutura. Os encontros têm uma frequência pré-determinada por eles para definição de planos, calendário de ações e também temos uma liderança global desde o ano passado”, explicou Vanessa.

“Os grupos estão mais consolidados e, com isso, as pessoas já entram e sabem quem vão procurar, mas queremos mudar um pouco isso justamente para que as ações sejam mais inclusivas e não fiquem restritas a um grupo ou a uma região. Além disso, os grupos são muito usados na questão de storytelling. A área de Comunicação está mais ativa no processo de ecoar isso de maneira ainda maior”, complementou a executiva, explicando que em relação à comunicação externa, contam com o apoio de uma agência de comunicação para mapear um calendário de eventos e iniciativas onde a empresa possa estar presentes para falar de um tema que envolva a D&I.

Parcerias recomendadas

Durante o encontro, participantes contaram se as empresas em que atuam patrocinam ou assinam algum acordo ou certificação com alguma entidade sobre algum tema de D&I:

A Sanofi é parceira do MM360 de Lideranças Femininas, está compromissada com os Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU Mulheres e com o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, liderado pelo educador Reinaldo Bulgarelli, que atua na área social desde 1978, e que também é instrutor na Escola Aberje.

A 3M também destaca os dez compromissos da empresa com a promoção dos direitos do LGBTI+ elencados no Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+.

A GE tem parceria com a ONU Mulheres, Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, a Coalizão Empresarial pelo fim da Violência contra Mulheres e também do Fórum.

A Mercedes-Benz também é signatária da ONU Mulheres, Instituto Ethos, participa de fóruns da Câmara de comércio Brasil-Alemanha, estuda a possibilidade de entrar no MM360 e na Rede Empresarial de Inclusão Social – REIS e está nas tratativas para aderir ao Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+.

 

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