A reputação como ativo setorial na COP 26
Lastro de apoio institucional às iniciativas ambientais respalda as ações da Associação Paulista de Supermercados (APAS)
A área de RIGCOM (Relações Institucionais, Governamentais e Comunicação) da Associação Paulista de Supermercados (APAS) tem uma série de desafios pela amplitude de suas ações, mas, pela natureza do advocacy, que é balizada pela narrativa ética e conquista da opinião pública, traz consigo inúmeras possibilidades estratégicas por permitir a visão do todo, algo ainda mais nevrálgico se tratando de uma entidade de classe que, dentre os desafios, procura manter o melhor ambiente regulatório para os negócios enquanto aumenta o colchão reputacional do setor que representa: o complexo setor supermercadista. A bem da verdade, a relevância estratégica desta área salta aos olhos quando contextualizada nos números do setor que a APAS representa. Apenas no Estado de São Paulo o setor supermercadista emprega diretamente mais de 575 mil pessoas, arrecada mais de 9 bilhões de reais em impostos e responde por 2,44% do PIB nacional.
Com a missão de garantir que os essenciais supermercados consigam abastecer a sociedade de forma segura e sem interrupção, a APAS tem uma atenção especial à sustentabilidade, uma vez que as mudanças climáticas têm afetado a cadeia de produção e a distribuição de alimentos em todo o mundo. São eventos climáticos extremos que têm se tornado cada vez mais frequentes e têm alterado a sazonalidade e a disponibilidade de alimentos, colocando em risco a segurança alimentar em nosso planeta, principalmente daqueles que vivem nos países em desenvolvimento.
Quem não se lembra da inflação do arroz em 2020 aqui no Brasil? A seca que ocorreu a 27 mil quilômetros de distância do Brasil, na região produtora de arroz na Tailândia, um dos maiores produtores do mundo, causou uma queda de 25% na produção da commodity local, o que gerou uma demanda inédita pelo grão brasileiro. O meio ambiente não tem fronteiras e as constantes geadas, queimadas, secas e enchentes têm mudado a ordem natural da oferta e demanda, elevando os preços em períodos que comumente seriam de deflação para determinados produtos e causando até a escassez de alguns alimentos. Isso é insegurança alimentar, situação crítica amplamente combatida pela APAS por comprometer a saúde individual, coletiva e até mesmo o desenvolvimento de um país.
A insegurança alimentar agrava-se com 811 milhões de pessoas sofrendo os efeitos da fome em todo o mundo, e 2,3 bilhões (30% da população) sem acesso à água e à alimentação adequada, dois aspectos centrais dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil[1]. O relatório anual[2] da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) confirma a tendência para o aumento de subalimentados em razão de variações climáticas extremas, dentre outros motivos.
Sendo a sustentabilidade uma causa institucional para a APAS, desde 2015, na COP 21 de Paris, somos signatários do Pacto Global da ONU, quando alinhamos os objetivos do setor supermercadista de São Paulo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Em 2019, às vésperas da COP 25, em Madri, aderimos ao Acordo Ambiental de São Paulo, promovido pelo Governo do Estado de São Paulo, por intermédio das Secretarias de Infraestrutura e Meio Ambiente, Relações Internacionais e da CETESB, que tem o objetivo de incentivar empresas paulistas a assumirem compromissos voluntários de redução de emissão de gases de efeito estufa e incentivo às ações de sustentabilidade. Ações de sustentabilidade que estão cada vez mais presentes no setor, uma vez que a APAS compõe a Câmara Ambiental de Mudanças Climáticas (CAMC) da CETESB. Dentre os incentivos e apoio que a APAS fornece aos associados supermercadistas, destacam-se a logística reversa com a criação de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) nos próprios supermercados, tradicional e afetuoso ponto de contato da indústria com o consumidor, bem como a manutenção e a troca dos equipamentos que utilizam os fluidos refrigerantes HCFC (hidroclorofluorcarbonos) e HFC (hidrofluorocarbonetos), em coerência à Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal.
Na COP 26, realizada em Glasgow, além do relacionamento institucional e governamental para a criação de uma agenda positiva e propositiva para futuros avanços setoriais, a APAS foi patrocinadora do evento paralelo promovido pela CETESB no qual foi lançado o livro “Acordo Ambiental São Paulo – 56 cases de Sucesso”. Um dos 56 cases de sucesso relatados pela CETESB está o do movimento dos supermercados que originou a Lei 15.374/2011, regulamentada Decreto 55.827/2015, que proibiu a distribuição gratuita ou venda de sacolas plásticas a
consumidores em todos os estabelecimentos comerciais do Município de São Paulo, criando um novo modelo reutilizável que vem sendo comercializado a preço de custo.
Pensando no consumidor, a APAS realizou campanha de comunicação para conscientizar sobre o uso do plástico. Essa mudança de hábito dos munícipes de São Paulo reduziu em 84,4% o uso das sacolas plásticas na cidade. Traduzindo em ganhos ambientais, anualmente 94,25 mil toneladas de CO2 deixaram de ser lançadas na atmosfera e 27,5 mil toneladas de resíduos sólidos de plásticos deixaram de poluir os rios e córregos paulistanos, não se acumularam nos aterros sanitários e não se degradaram em gás metano e etileno quando expostos às condições climáticas. Esta pioneira Lei municipal, estimulada e articulada pela APAS, tem inspirado governantes por todo o Brasil e foi adotada em plenitude nos Estados do Rio de Janeiro e do Pará.
A Comunicação, por fazer parte da área de Relações Institucionais, Governamentais e Comunicação da APAS, está presente em cada uma das ações discorridas neste texto, desde o relacionamento institucional no processo técnico – no que tange a sustentabilidade -, passando pelo relacionamento governamental com membros do legislativo e do executivo, bem como no posicionamento setorial, seja através da imprensa ou diretamente com o consumidor nos próprios supermercados.
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