Agenda Aberje 2025 destaca governança, meio ambiente e public affairs

A Aberje realizou na última segunda-feira, 17 de fevereiro, no hotel Rosewood, em São Paulo, o evento Agenda Aberje 2025 (veja a agenda completa aqui). A iniciativa reuniu lideranças da comunicação corporativa para apresentar os temas prioritários da associação para o próximo ano e promover debates sobre governança, meio ambiente e relação entre política, imprensa e comunicação.

Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje, agradeceu presença e a colaboração dos apoiadores, Accor, BHP, CNseg, InfoMoney, Intel, JBS e Novo Nordisk, e destacou que o tema de 2025 será “Comunicação para Transição”, abordado de forma transversal em todas as atividades da associação. Ele ressaltou as novidades para o ano, como o lançamento do Guia de Fornecedores, um novo formato de oficinas práticas e a criação de um Comitê Aberje dedicado ao relacionamento com a imprensa. Hamilton ainda reforçou o papel dos capítulos
A agenda da Aberje no ano inclui também uma extensa programação em torno da COP 30, com ações do Capítulo Amazônia e encontros em Belém e São Paulo.
A programação do evento contou com três mesas de discussão sobre temas estratégicos para o setor de comunicação corporativa.
Governança na agenda 2025
A primeira mesa abordou a importância da governança na comunicação, contando com a participação de Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP; Malu Weber, presidente do Conselho Deliberativo da Aberje e vice-presidente de Comunicação da Bayer; e Yacoff Sarkovas, vice-presidente do Conselho Consultivo da Aberje e consultor estratégico.
“Um olhar rápido sobre a trajetória histórica da Aberje captura momentos de afirmação da importância do associativismo para a institucionalização de um campo profissional e científico, a comunicação de empresas e instituições no Brasil”, explicou Nassar (leia a íntegra de sua fala aqui). Ele ressaltou que a Aberje tem um papel fundamental na construção de uma comunicação corporativa robusta. “Profissionais de comunicação devem estar engajados com as questões empresariais”, afirmou.
“A relevância das associações na promoção da democracia já foi destacada por Alexis de Tocqueville em ‘Democracia na América’, em que ele afirmou que, em países democráticos, a ciência da associação é a ‘ciência-mãe’”, continuou Nassar. “Incentivar e fortalecer o associativismo é investir no futuro democrático de nossa sociedade”, concluiu.
“As principais publicações e estudiosos que pesquisaram a origem da riqueza das nações identificaram a importância das instituições estáveis e de regras claras e confiáveis para essa riqueza”, comentou Yacoff Sarkovas. Ele destacou a evolução da governança nas empresas brasileiras e o impacto na comunicação. “Há 20 anos, tive experiências com empresas em que a comunicação era subordinada ao setor jurídico”, lembrou. “Hoje há uma necessidade de relacionamento com todos os stakeholders, o que tornou a comunicação mais estratégica e fez com que a transparência ficasse muito valiosa”, disse, explicando que a Aberje é ao mesmo tempo uma incentivadora e uma beneficiária desse processo.
Questionada sobre o papel dos comunicadores em cargos de liderança, Malu Weber defendeu a necessidade de posicionamento dos comunicadores e comunicadoras. “A Comunicação vem ganhando cada vez mais importância e nós precisamos influenciar a tomada de decisão, por mais que, em última instância, não sejamos responsáveis por ela”, explicou. “É uma questão de atitude e coragem”, afirmou.
Meio ambiente e comunicação
A segunda mesa, mediada por Carime Kanbour, gerente sênior de Comunicação, Reputação, Marca e Relações Institucionais da Klabin, reuniu Fábio Galindo, CEO da Future Climate; Marcelo Behar, senior advisor do World Business Council for Sustainable Development; e Matheus Lombardi, CEO do InfoMoney, para discutir comunicação e sustentabilidade.

“Há uma reorganização das cadeias de valor global, com fenômenos como nearshoring, friendshoring e greenshoring”, explicou Galindo, destacando que o mercado de carbono e a transição energética são temas centrais para o futuro das empresas. “O custo da inatividade é o mais alto”, alertou. Behar reforçou a importância da COP30 e o papel das empresas na definição de políticas climáticas. “Precisamos de mecanismos para que os bancos centrais aloquem recursos para empresas que fazem um trabalho consistente e orientado por métricas”, explicou.
“Falta visão de longo prazo no Brasil, isso tem que vir das empresas”, continuou Galindo. “A agenda climática é uma agenda de negócios e tem que ser apropriada por várias áreas da organização, especialmente a Comunicação, a chave está em transparência e consistência”, concluiu.
“Falhei em comunicar o ESG para as pessoas. O público não se vê representado no tema”, disse Lombardi, trazendo a perspectiva dos desafios do jornalismo econômico para comunicar o ESG ao público. Para ele, é essencial tornar a pauta mais acessível e mostrar seu impacto financeiro. “Em sua maioria os investidores são um público de curto prazo e eu tentei abordar o assunto com uma visão de longo prazo”, afirmou.
Política, imprensa e comunicação
A última mesa do evento contou com Fernando Rodrigues, diretor de redação do Poder 360, Ricardo Sennes, sócio da Prospectiva Public Affairs Latam, e mediação de Carolina Prado, diretora de Comunicação para América Latina da Intel.

Rodrigues apontou para o momento de transição da mídia, com diferentes formatos de jornalismo coexistindo. “O Poder 360 é um jornal digital, não um site ou portal. Trabalhamos com produção diária e código de conduta rigoroso”, explicou. Segundo ele, o público que consome jornalismo de qualidade sempre será minoritário.
O combate às fake news continua sendo um desafio no meio digital, especialmente diante de conteúdos que não são totalmente falsos, mas distorcem a realidade, que, de acordo com Sennes, são as notícias falsas mais difíceis de combater. Como destacou Rodrigues, do Poder 360, a disseminação de informações falsas não é um fenômeno recente, mas a velocidade e o alcance proporcionados pelas plataformas digitais ampliam seus impactos.
“No processo eleitoral, quem não percebeu a importância da comunicação profissional perdeu a eleição”, explicou Sennes, abordando a dinâmica entre política e comunicação. Ele ressaltou que as grandes agendas da sociedade acontecem antes de chegar ao Congresso. “A comunicação no campo institucional começa antes de a sociedade levar os temas para o processo político”, declarou.
Destaques
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