Aberje recebe professor do King’s College London
No dia 31 de agosto, aconteceu em São Paulo o lançamento do 8º PUA – Prêmio Universitário Aberje, patrocinado pela SABESP e com o tema “O custo da água e seu real valor para a sociedade”. A palestra magna contou com o professor do Brazilian Institute do King’s College London, Vinicius Mariano de Carvalho, que inspirou os participantes dessa edição em uma conversa bem humorada baseada em poemas de Mario Quintana, tema de sua tese de doutorado. Em seu trabalho na universidade britânica, ele desenvolve a revista semestral Braziliana – Journal for Brazilians Studies, que tem como foco o pensamento sobre e com o Brasil, trazendo questões que são brasileiras, mas que também têm interações globais. A última edição da publicação tem como matéria de capa a relação entre o Brasil e água, tema do desafio proposto pela SABESP para esse PUA. Confira a seguir a conversa que o Portal Aberje teve com ele.
Como foi a sua trajetória até chegar ao Brazilian Institute do King’s College London?
Vinicius Mariano de Carvalho: Eu me graduei em Letras, em Juiz de Fora e passei algum tempo na França, fazendo estudo de música. Fiz mestrado em Ciência da Religião, também em Juiz de Fora e então fui para a Alemanha, onde fiz meu doutorado em Literaturas Românicas e Cultura Latino-americana. Voltei para o Brasil, fui tenente do Exército Brasileiro pro dois anos, depois fui para a Dinamarca, onde trabalhei na Universidade de Aarhus, por seis anos, em um programa de estudos brasileiros. Em 2014, fui para a Inglaterra para trabalhar no King’s College London, no Brazilian Institute. Então foi uma série de idas e vindas e de agregações de outras questões de carreira.
Dentro do Instituto, qual é a sua principal atuação?
VMC: Eu sou professor de estudos brasileiros e, por um ano, fiquei como diretor interino do Instituto, durante o sabático do Prof. Dr. Anthony Pereira. Dou aulas sobre questões relativas ao pensamento brasileiro, como uma que se chama Interpreting Brazil (interpretando o Brasil). Também atuo nas áreas de literatura, cultura e segurança e defesa no Brasil.
Para o King’s College, qual é o trabalho e a importância do Brazilian Institute?
VMC: O Instituto foi fundado há sete anos em uma perspectiva do King’s College de ter institutos especializados em algumas partes do mundo, como por exemplo African Leadership Center, Russian Institute, Brazilian Institute. A ideia é que teríamos tanto um programa de mestrado e um de doutorado, como também a fecundação, dentro do ambiente acadêmico do King’s College e da sociedade como um todo, o conhecimento sobre e com o Brasil. Funcionamos de certa maneira como um instrumento diplomático-acadêmico brasileiro dentro do Reino Unido. A gente tenta ser um ponto de convergência de tudo que acontece em torno do Brasil no King’s College, favorecer e incentivar pesquisas, estudos, colaborações e até políticas que dizem respeito ao Brasil. Com isso, todos os membros do Instituto estão envolvidos em programas de pesquisa acadêmica, sendo que alguns desses programas também têm o aspecto de impacto político grande. O Brazilian Institute já há alguns anos tem um programa para o FCO (Foreing and Commonwealth Office), que é o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, de preparação dos diplomatas britânicos que vêm para o Brasil e têm aulas conosco. E também favorecer esse entendimento mútuo, formar uma ponte acadêmica entre o Brasil e o Reino Unido.
Qual a importância da revista Brasiliana – Journal for Brazilians Studies no contexto do King’s College?
VMC: A Brasiliana eu fundei quando ainda estava na Dinamarca. Eu me dei conta de que havia muitas revistas de estudos da América Latina, ou dos países ibéricos e lusófonos que focavam muito ou em geografia, ou literatura, ou língua. Mas não havia nenhuma que procurava ter uma visão mais interdisciplinar em torno de um conceito de área – especificamente do Brasil. E também, não havia nenhuma revista na Europa até então que publicasse em inglês e português. Então eu fundei a revista um pouco na perspectiva de que poderia ser um processo longo de solidificação, mas rapidamente a revista ganhou uma projeção grande, porque realmente não tinha uma publicação acadêmica com essas características. Quando eu fui pro King’s College, a revista foi comigo para lá. Estamos entrando no sexto ano de publicação da revista, que é uma publicação semestral. Normalmente temos um dossiê temático e uma série de artigos gerais. A questão é elaborar um pensamento sobre o Brasil, com o Brasil, a partir do Brasil e trazer questões que são brasileiras, mas que também têm interações globais como um todo.
Qual foi a motivação do Brazilian Institute para desenvolver essa última edição da revista Brasiliana sobre a água e Brasil?
VMC: O dossiê nasceu de uma conferência organizada na Universidade de Hamburgo há dois anos, que tinha como tema Brasil a água. E foi uma conferência onde nasceu também o conceito interdisciplinar, que leva em conta a crise hídrica que o Brasil viveu há dois anos e que, naquele momento, termos como “Cantareira” entraram no léxico do brasileiro. Foi um momento em que a população se deu conta de que, mesmo com tanta água, ela não estava tão disponível assim e de quais eram então as problemáticas em torno disso.
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