27 de março de 2018

Comunicadores, marca empregadora e os quase 13 milhões de desempregados

Em toda palestra ou discussão de que participo sobre o tema, sempre vem a pergunta: “Employer Branding? Faz sentido falar sobre o assunto com mais de 12 milhões de brasileiros desempregados?” A minha resposta é: depende.

Depende da lente que você escolher. Se for a de curto prazo, não. Não faz sentido. Há muitas pessoas desempregadas no momento – pessoas de bom nível de escolaridade, inclusive. Mas se a lente a ser utilizada for a de médio e longo prazos, pensando na estratégia e na sustentabilidade dos negócios, sim. Faz e muito.

Ao analisarmos alguns dados sobre o futuro do trabalho e sobre as principais preocupações da alta liderança para o desenvolvimento dos negócios nos próximos anos, a grande maioria está centrada nos desafios de atração, contratação e retenção de profissionais suficientemente qualificados para enfrentar o que os novos tempos exigem. Os dados abaixo comprovam o cenário desafiador, como podemos ver nesses dados da PwC:

Fonte: Pesquisa “O Futuro do Trabalho: impactos e desafios para as organizações” – PwC (destaque da autora)
Fonte: Pesquisa “O Futuro do Trabalho: impactos e desafios para as organizações” – PwC (destaque da autora)

Qual o papel da Comunicação no processo de gestão de pessoas?

A Comunicação tem dois papeis fundamentais e estratégicos a meu ver.

O primeiro é o de garantir que a comunicação com os colaboradores seja clara, próxima e conectada às necessidades do negócio. Dessa forma, todos poderão ter clareza sobre o que se espera de cada um e como cada membro da equipe contribui para o resultado. Parece trivial, mas essa clareza de propósito dá outro sentido ao trabalho do dia-a-dia.

O segundo é trabalhar lado a lado do RH para cuidar da comunicação com potenciais candidatos. A coerência entre a promessa e a entrega, ou seja, entre o que a empresa comunica nas campanhas de recrutamento vs. a experiência real de se trabalhar naquela organização é fundamental. E só é possível se RH e Comunicadores trabalharem juntos em prol de uma comunicação transparente, que seja tão atrativa quanto verdadeira. Somente dessa forma, a empresa irá atrair pessoas que realmente tenham aderência à sua cultura, as expectativas dos candidatos poderão ser atingidas pós-contratação, e esses talentos terão mais chances de permanecer na empresa – gerando valor para o negócio e poupando tempo e dinheiro com pedidos de desligamentos indesejados.

A Comunicação precisa refletir a verdade da cultura. E o RH precisa zelar para que a cultura seja verdade. Parceria imbatível, não acham?

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Lilian Gaino Dorighello

Graduada em Letras, especialista em Gestão da Comunicação Organizacional e Relações Públicas pela Escola de Comunicações e Artes da USP (GESTCORP) e pelo MBA Aberje/ESEG. Possui certificação internacional em Relações Públicas pela Concordia University (Canadá), em Employer Branding Leadership pelo Employer Branding Institute (Australia) e em Coaching pelo ICI (Integrated Coaching Institute - Brasil). Com mais de 15 anos de experiência profissional, Lilian atuou na gerência de comunicação e marketing do Grupo Cia de Talentos, da ATMO Mídia Digital e da Mattel Brasil. Atualmente é consultora de comunicação, cultura e marca empregadora na Ideafix Pesquisa e Inteligência Corporativa.

  • COMPARTILHAR: