20 de julho de 2016

Quando 50% é diferente de metade

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A Folha de S. Paulo de 20/07/2016 me deu a oportunidade de explorar uma das dúvidas comuns relacionadas à concordância, que gera erros e mal-entendidos: o uso das porcentagens. Quem redigiu o título acima não se deu conta de que “vai” não concorda com nada no sujeito que o antecede (“Quase 50% dos alimentos”) . Talvez o redator tenha pensado em usar “metade” e, por falta de espaço, optado por “50%”. Nesse caso, deveria ter relido o que escreveu (se releu, a situação é pior, pois revela o desconhecimento de uma regrinha básica de concordância).

Considero inadmissível um erro desse em título. Ninguém viu?

Recordando:

  • Normalmente, o verbo concorda com o núcleo do sujeito (no exemplo do título acima, seria “50%”). Mas há casos em que a concordância deve ser feita preferencialmente com o elemento que especifica o núcleo do sujeito, ou seja, o elemento que torna claro a que se refere esse núcleo (no exemplo acima, esse elemento seria “alimentos”). Para sujeitos formados por porcentagem + especificador, como o do título da Folha, o mais indicado seria o verbo concordar com o especificador. O correto seria, portanto, “Quase 50% dos alimentos vão para o lixo”.
  • Se o redator tivesse optado por “Quase metade” em lugar de “Quase 50%”, o título estaria correto de duas formas, pois poderia concordar com o núcleo do sujeito (metade) ou com “alimentos”. Ele poderia ter escrito tanto “Quase metade dos alimentos vai para o lixo” quanto “Quase metade dos alimentos vão para o lixo”. Pessoalmente, prefiro a primeira dessas duas formas.

 

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