Transformação digital e IA no centro do debate do Comitê Aberje de Comunicação e Reputação Organizacional

Como lidar com a crescente mediação tecnológica nos processos e relações corporativas? O avanço da transformação digital nas organizações e os desafios de comunicar de forma eficaz com públicos de diferentes gerações são temas centrais para o futuro – e para o presente. “Estamos em um ambiente onde tudo é digital: dados, processos, interações. E estudos mostram que as empresas ágeis digitalmente crescem mais rápido”, afirmou na abertura da segunda reunião do Comitê Aberje de Comunicação e Reputação Organizacional, o coordenador Ibiapaba Netto, da CitrusBR. Ele ainda destacou que a cultura digital passou a ser o novo padrão e ressaltou que, apesar das diferenças entre as gerações hoje no mercado de trabalho (baby boomers, X, millennials e Z), há pontos de convergência que podem guiar a comunicação: todos valorizam transparência, propósito claro e economia de tempo. O principal desafio, segundo ele, está nos ritmos distintos de adoção tecnológica e na tolerância ao ruído digital.
Com o mote “Crescemos Juntos”, a EuroChem buscou uma linguagem acessível e acolhedora para dialogar com diferentes públicos, da comunidade local a clientes e autoridades, sobre a inauguração do complexo de mineração da Serra do Salitre. “Nosso foco foi encontrar uma forma de falar com todos, sem distinção de geração. Por isso, o conceito precisava ser simples e verdadeiro”, explicou Júlia Magalhães, ao apresentar o case de comunicação desenvolvido. A estratégia contemplou comunidade local, imprensa, autoridades, clientes e parceiros, com ações específicas voltadas para cada um. Júlia ainda falou sobre as ações de comunicação interna da empresa, citando o material audiovisual produzido internamente que foi distribuído por canais como o WhatsApp. Ela explicou que o material foi distribuído livremente, frisando a cultura da empresa de não diferenciar a comunicação interna da externa.
“A transformação digital, considerando a IA, é mandatória para acompanhar o mercado e trazer as soluções estratégicas necessárias para a empresa”, explicou Karla de Melo, da Firjan, ao abordar os desafios internos da transformação digital na organização, que tem quase 200 anos. Ela apresentou a estratégia desenvolvida pela instituição, dividida em três passos (básico, intermediário e avançado), com base em três pilares: cultura, processos e tecnologia. O trabalho contemplou desde a capacitação dos colaboradores até a criação de um grupo de trabalho multidisciplinar sobre inteligência artificial. A entidade também realizou a Chamada de Projetos Firjan IA, iniciativa que selecionou 10 propostas com o objetivo de aprimorar eficiência e qualidade dos processos organizacionais com IA. Ao todo, foram recebidos 101 projetos de toda a empresa. Entre os projetos desenvolvidos, destaca-se a “Memória Digital Firjan”, uma solução apoiada por IA que facilita o acesso ao histórico institucional da entidade.
Soluções de IA
Ibiapaba Netto realizou uma demonstração ao vivo de como utiliza soluções de IA. Ele apresentou exemplos de ferramentas como o NotebookLM, do Google, o Napkin (para a geração de infográficos automáticos com base na análise textual) e um modelo de assistente, baseado no Chat GPT, para elaborar releases a partir da análise de bancos de dados internos.
Tanto Ibiapaba quanto Karla reforçaram a importância do cuidado na elaboração dos prompts e na definição das fontes de informação utilizadas pelos sistemas. As iniciativas apresentadas deixam claro que a IA não substitui o trabalho humano, mas atua como aceleradora de processos. “Os textos passam por edição final humana. A IA ajuda na estruturação, mas não entrega o material pronto”, afirmou o coordenador do comitê.
O debate também levantou preocupações sobre compliance, privacidade e confidencialidade. Os participantes destacaram que informações sensíveis não devem ser inseridas nos sistemas de IA e que o uso das ferramentas requer regras claras. No caso da CitrusBR, por exemplo, os assistentes operam apenas com dados públicos e têm funções específicas, sendo compartilhados com as equipes de forma controlada.
Sobre os Comitês
Os Comitês Aberje de Estudos Temáticos são espaços seguros para troca de informações e aprendizado mútuo para profissionais da rede associativa. São grupos fixos de membros, nomeados por organizações associadas à Aberje, que se reúnem com regularidade para discutir, aprofundar e gerar novos conhecimentos sobre determinados temas de interesse da Comunicação Corporativa. A participação nos Comitês é exclusiva para empresas associadas e os temas e grupos são renovados a cada ano. Com calendário predeterminado para os encontros, o processo de seleção dos membros ocorre no início de cada ano.
A cobertura dos encontros dos Comitês segue a Chatham House Rule, onde os participantes são livres para usar as informações recebidas, mas preservando a identidade e filiação dos membros daquela reunião, de modo a permitir que a discussão possa se dar livremente em um ambiente seguro.
Destaques
- Liderança comunicadora ainda enfrenta desafios na comunicação interna
- Diretor-executivo da Aberje analisa impasse entre o senador J.D. Vance e o Papa Leão XIV em artigo n’O Globo
- COP30 exige nova cultura comunicacional, defendem executivos da Aberje em artigo no Anuário da Comunicação Corporativa
- Turmas de Jornalismo da UEL recebem diretor de capítulo Aberje Brasília para Roda de Conversa
- Em artigo no Valor Investe, Sonia Consiglio analisa papel da comunicação na COP30 e destaca pesquisa da Aberje
ARTIGOS E COLUNAS
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