Encontro dos Comitês Aberje destaca resultados e reflexões sobre o papel estratégico da comunicação

Na manhã de 29 de outubro, a sede da Jusbrasil, em São Paulo, recebeu o encontro presencial dos Comitês Aberje. A atividade reuniu integrantes dos quatro grupos temáticos – Comitê de Cultura de Dados e Mensuração de Resultados na Comunicação; Comitê de Comunicação e Reputação Organizacional; Comitê de Comunicação Interna nos Desafios da Liderança; e Comitê de Relacionamento com a Imprensa – para apresentar um balanço dos trabalhos realizados ao longo do ano e refletir sobre os aprendizados e tendências observadas nas discussões.

O anfitrião do encontro, Peagá Oliveira, diretor de Comunicação e Experiência de Marca da Jusbrasil, deu as boas vindas e Thalita Dominato, gerente de Desenvolvimento Associativo da Aberje, destacou o volume e a consistência das atividades conduzidas pelos comitês em 2025: foram 30 encontros, com a participação de 50 palestrantes. Segundo ela, os grupos entregaram resultados concretos, como o fortalecimento da rede de comunicadores, a produção de podcasts, o desenvolvimento de um framework para comunicação interna e a ampliação da visibilidade das ações realizadas.

O diretor-executivo da Aberje, Hamilton dos Santos, ressaltou a relevância dos comitês no fortalecimento da rede de comunicação corporativa. “A Aberje é uma rede de empresas, uma comunidade de comunicadores e uma instituição que representa uma economia de mais de R$30 bilhões”, afirmou. Para ele, as áreas de comunicação “estão se tornando protagonistas” e, por isso, o papel da rede é criar pontes e gerar conhecimento compartilhado. “Queremos apostar em nossa comunidade e valorizar nossos associados”, acrescentou. Hamilton reforçou o papel dos comitês como espaços de aprendizagem colaborativa, troca de experiências e fortalecimento da comunidade de comunicação corporativa da Aberje – uma rede que “traz respostas precisas e reais ao apostar em sua própria comunidade”.

Leonardo Müller, economista-chefe da Aberje, apresentou o estudo “Análise Econômica – O Paradoxo da Comunicação”, que aponta três tendências principais: a comunicação se torna cada vez mais estratégica, amplia seu escopo de atuação e trabalha com equipes cada vez mais enxutas. Ele destacou que, com múltiplas frentes em andamento, a adaptabilidade às novas tecnologias é hoje um fator essencial. O estudo mostra também o aumento da colaboração com fornecedores externos, como agências e consultorias, e reforça que “as redes são um diferencial nesse cenário”.

Aprendizados dos Comitês de 2025

Na sequência, os representantes de cada comitê apresentaram os principais resultados e aprendizados do ano.

O Comitê de Cultura de Dados e Mensuração de Resultados na Comunicação, representado por Peagá Oliveira, abordou o amadurecimento das discussões sobre o uso estratégico de dados. “A cultura de dados é um processo”, observou. Segundo ele, muitas pessoas se aproximam do tema em busca de uma “receita de bolo”, interessadas nas ferramentas utilizadas por outras empresas, mas antes disso é preciso estabelecer processos e promover uma mudança cultural. “Se você não sabe o que perguntar, nenhum dado vai responder”, disse. O comitê, afirmou, consolidou-se como um espaço de troca de experiências, mostrando que “mensuração vai muito além da métrica da vaidade” e que “mensurar é aprender, e aprender é antecipar”. Peagá também destacou a importância da transversalidade: “Não basta ter um especialista em dados, o time todo precisa saber lidar com eles”.

Representando o Comitê de Comunicação e Reputação Organizacional, Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, destacou as reflexões sobre o valor da coerência e da estratégia na gestão da reputação. Ele comparou branding e reputação, explicando que “branding é o que você fala sobre si mesmo, e reputação é o que falam de você”. Ibiapaba apontou que, em um cenário de hiperconectividade, é essencial compreender o “valor do silêncio estratégico” e saber equilibrar velocidade e prudência. “A reputação é uma meta coletiva e precisa envolver o C-level”, afirmou. Para ele, o comitê mostrou que situações semelhantes podem exigir soluções opostas e que “é melhor ser coerente do que ser rápido”. Também destacou que a transparência se consolidou como um dos principais ativos das organizações.

Em seguida, Karla Magalhães, gerente de Cultura, Comunicação Interna, Diversidade, Desenvolvimento Organizacional e de Pessoas da Tokio Marine, apresentou o trabalho do Comitê de Comunicação Interna nos Desafios da Liderança, que neste ciclo criou um framework voltado à liderança comunicadora. Ela agradeceu aos membros do grupo pelo envolvimento e ressaltou que “a liderança comunicadora é alavancadora de engajamento”. Segundo Karla, a comunicação interna deve ser uma força que nutre e capacita as lideranças, mas o tema ainda recebe menos investimento do que deveria. “A liderança não pode ser discutida apenas com a área de comunicação; precisa envolver também o RH e outras áreas, em um diálogo multidisciplinar”, observou.

Encerrando as apresentações, Renata Freitas, Gerente de Relações com a Mídia e Imagem Corporativa da Iveco, e Ricardo Voigt, CEO da V3COM, falaram sobre as discussões promovidas pelo Comitê de Relacionamento com a Imprensa. Entre os principais temas tratados estiveram as métricas de resultados, a gestão de crises e o impacto das redes sociais na relação com jornalistas e veículos. Freitas afirmou que “o relacionamento com a imprensa é prioritário para as áreas de comunicação” e defendeu a importância da proximidade com a alta liderança: “Se não estamos perto do C-level, algo precisa ser revisto”. Voigt acrescentou que a busca por protagonismo pode contribuir para o fortalecimento da área: “Nos posicionar melhor pode trazer mais verbas para a comunicação”. Ambos destacaram também o impacto da inteligência artificial e o aprendizado com o especialista Pedro Burgos, convidado do comitê, que mostrou novas possibilidades de uso da IA a partir da análise de mídia espontânea e de canais proprietários.